07 janeiro, 2022 O patrão e a empregada - Parte VII
Um admirável mundo novo...
Acabei por pegar no corpinho adormecido de Aurora, leve como se estivesse subitamente vazio de demónios, e levá-la para a minha cama. Ela acordou só por um momento e viu que não estava no seu quarto, no seu sítio seguro. Mas não disse nada. Sorriu, muito levemente, e fechou os olhos.
Eu fiquei a vê-la dormir uns bons vinte minutos. Depois não aguentei mais e bati uma punheta. Vim-me na cara dela…
No dia seguinte aos auspícios delirantes da consoada, o mundo estava diferente. As cores estavam mais vivas, os sons mais melodiosos, o ar mais rarefeito. Doía-me o cu, é verdade, mas entre as minhas pernas os pintelhos ainda batiam palmas…
Quando acordei, Aurora já não estava na cama. Ao meu lado estava o vinco do seu corpo, o cheiro dos seus cabelos, o suor da sua ausência. Mas, mesmo só, senti uma satisfação imperial de estar vivo, de poder respirar num universo onde coisas maravilhosas aconteciam, de existir num planeta habitado por uma jovem que, nos meus braços, se tornara mulher e a seguir se transformara em deusa.
Foi assim nessa manhã e foi igual em todas as outras que se seguiram.
Mais uma vez me interroguei: seria amor? Mas não me preocupei com a resposta. Fosse o que fosse, parecia, sabia e cheirava a felicidade, e nada era superior a isso.
Aurora insistira em continuar no seu quarto, ainda que lhe oferecesse o meu. Queria preservar um espaço para si, que sentisse dela. Adormecia todas as noites na minha cama, mas quando eu acordava já não estava lá.
O resultado era o mesmo: todas as manhãs, depois de sonhar intensamente com ela durante a noite, o meu caralho acordava primeiro que eu e entrava imediatamente em funções.
Escusado será dizer que a primeira coisa que fazia, mal abria os olhos, era ir ter com ela. Entrava-lhe pelo quarto sorrateiramente, enfiava-me nu nos lençóis e metia-me nela ainda a dormir. Aurora acordava a gemer, surpreendida como um turista distraído que dá por si a meio da viagem e repara que ainda não olhou para a paisagem.
Mas em pouco tempo a sua nova natureza, recém descoberta, tomava conta dela e transformava-se num ente selvagem, entregue por inteiro aos ritos do acasalamento. Acabava inevitavelmente, como fizera na noite de Natal, a controlar a situação.
Depois de me dar rédea solta pelo tempo que eu quisesse, para fazer o que me apetecia, montava-se em cima de mim e começava a cavalgar.
Aprendi com o repetir dos dias que, uma vez chegada a essa derradeira posição, já só se desmontava depois de chegar ao orgasmo.
As nossas rotinas continuavam como antes, mas nem a concentração nem a responsabilidade eram as mesmas.
Os dois andávamos sempre tesos. Aurora pedia-me continuamente que a masturbasse, e não interessava onde nem o que estivesse a fazer. Podia ser a meio das limpezas, podia ser enquanto via televisão, podia ser quando nem ela esperava.
Quando ficava assim não conseguia parar enquanto não se esporrasse toda com os meus dedos na racha.
Quando eu não podia, o que só acontecia por urgências profissionais, baixava as cuecas, sentava-se no sofá e masturbava-se à minha frente, o que ia dar ao mesmo. Perante a visão dos seus dedos mínimos a perscrutar a cona, de lábios encharcados e sempre semi-abertos, era impossível concentrar-me no trabalho.
Na minha inocência, a certa altura, pensei que o melhor a fazer nesses casos era dar-lhe o que ela queria, despachar aquilo e voltar ao trabalho.
Foi mais uma inocência perdida para a minha jovem amante. Porque quando ela começava, só se podia parar quando ELA o desejasse...
Ao ver que voltava a ter a sua atenção, Aurora precipitava-se imediatamente para mim, baixava-me as calças e começava a chupar-me o barrote, que se punha teso nos dois segundos que ela demorava a tirá-lo para fora.
O que se seguia era uma foda épica que a punha a explodir freneticamente, colando orgasmos uns nos outros.
Quando nos largávamos, parecia que tinham passado cinco minutos, uma rapidinha fast-food, prêt a porter, a la chaves do Areeiro. Mas olhava para o relógio e tinham passado duas horas!
A paixão, o furor, a intensidade era tão alta em qualquer escala, que o próprio tempo se dobrava, como se também ele, numa inadvertida piada cósmica, se inclinasse a ser comido por trás...
E no entanto, quando pensávamos que vivíamos na plenitude do nosso deboche, atacando o sexo sem limites, como uma missão que devíamos cumprir com a maior pressa possível – e que nos tornava cegos para a maior parte das coisas que nos rodeavam – ainda havia surpresas que nos desarmavam. Aconteceu no Dia de Reis.
Por essa altura já tomávamos duche juntos, sempre. Ambos esperávamos pelo outro para partilhar esse momento, em que os nossos corpos sólidos se tornavam líquidos, sob a cascata morna que nos apagava o fogo ao mesmo tempo que o ateava.
Adorava as fodas de pé, com o rosto de Aurora muito perto do meu e a sua expressão de prazer tão delirante que se assemelhava a terror e sofrimento. Dava-me tesões descomunais!
Mas naquele dia as coisas deslizaram para uma fronteira que ainda não tinha sido desbravada, pelo menos do lado dela.
Começou tudo normalmente, eu ensaboava-lhe as mamas enquanto, por trás, lhe dava marradinhas de piça.
Cada vez que lhe dava uma bofetadinha com a narça ela gemia. Até que às tantas, involuntariamente, a minha glande ficou encaixada entre as bochechas do cu, a tocar com certa pressão na entrada do olhinho sujo.
E em vez de fugir com o rabo à seringa, como já tinha acontecido, Aurora ajeitou-se como quem se põe em posição e empinou para mim o rabo, onde ao mesmo tempo introduziu dois dedos com bastante espuma, para amaciar o canal.
Depois disse simplesmente:
– Mete atrás.
Quando ela o disse só me veio à cabeça aquele bordão que tantas vezes lemos nos jornais, nos cardápios das profissionais do sexo: atrás adoro! Desta vez, ainda por cima, não existiam condições.
Não era preciso dar o cu ou a carteira para o que quer que fosse que ela quisesse negociar. Não, era uma oferta simples e desinteressada: aqui tens o meu cu, fode-o!
E fodi. Como estava bem ensaboada, meti com facilidade a cabeça. Não sei se ela alguma vez o tinha feito, ou se tinha treinado entretanto com algum objecto, mas não parecia ser a sua primeira vez.
Gemeu de dor, ao início, provavelmente porque o meu frenesi me levou a ser um pouco impaciente, que é como quem diz, um bocado bruto. Mas depois, quando emendei o ritmo e a delicadeza, recebeu-me com puro prazer.
De tal maneira que foi ela mesma, a partir de certo momento, quem começou a comprimir o rabo contra mim, aumentado por ela a frequência do vai e vem.
Como tinha acontecido em qualquer outra das práticas que já havíamos experimentado, acabámos como dois coelhos selvagens libertados do cativeiro depois de uma vida inteira sem foder! Nessa altura os dois já tínhamos notado que, em se tratando da foda, éramos uns animais.
Gosto de sexo anal, mas nunca tinha tido uma experiência em que pudesse ser completamente isso, animal, no recontro com a minha fêmea.
Elas pediam sempre delicadeza, calma, cuidado que me estás a magoar... Aurora cagou para tudo, menos para o caralho. Queria-o dentro dela e mostrava-o como se tivesse nascido para levar no cu. Eu sentia-me o touro enraivecido e, ainda assim, ao pé dela parecia um menino de coro…
Vim-me nos intestinos de Aurora que, acto contínuo, começou a lançar jactos da cona, como se de repente tivesse aprendido a ciência de ejacular como um homem.
Nessa noite, enquanto lhe passava a pomadinha no cuzinho assado, como compete ao amante dedicado, ela confessou-me que nunca tinha sentido tanto prazer como quando a enrabei.
E quando, em resposta, a beijava cheio de ternura, sem acreditar na sorte de ter uma mulher completa, que me satisfazia de todas as maneiras que já tinha imaginado, soube que a nova Aurora não pensava ainda contentar-se com os seus limites... Não, queria ir ainda mais longe:
– Gosto tanto de te sentir na minha cona... E hoje mostraste-me como é bom sentir-te dentro do meu cu. Fiquei a pensar… Quero sentir os dois ao mesmo tempo.
O seu olhar era tão brilhante como o meu pasmo era enevoado. Ainda tentava pôr as peças no lugar quando ela deu a estocada final:
– Consegues-me dar isso?
Foi quando percebi realmente que o maior talento de Aurora não era deixar-me de pau levantado: era deixar-me de queixo caído…
Armando Sarilhos
O patrão e a empregada - Parte VIII
O patrão e a empregada - Parte I
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com