16 julho, 2018 Nem sonhavas - Parte I
"É preciso ter uma sorte do diabo", pensei...
A paixão é assim: dá-se mais ouvidos ao coração do que ao cérebro, que é nestas ocasiões silenciado. A experiência, meus caros, é a ciência da existência.
A Maria foi minha namorada na altura do secundário.
Como todos sabem o amor que nasce na adolescência poderá deixa marcas duras, pois o amor que nasce nesta altura pode cegar-nos.
A Maria foi o meu primeiro desgosto amoroso.
Namorámos, tinha eu quinze anos. Ao terminar aquele ano lectivo os nossos caminhos separaram-se. Ela continuou na mesma escola enquanto que eu pedi transferência, precisei de ir em busca de novas amizades e de conhecimentos. Com o passar dos anos nunca mais me lembrei da Maria, pois conheci a Ana, em Coimbra, no primeiro ano de faculdade.
Com a ajuda da Ana fui aos poucos tomando consciência de que a Maria me tinha destruído a auto-estima e confiança que tinha em mim mesmo. Com a sua ajuda explorei pela primeira vez a minha sexualidade.
Ao longo da minha estadia em Coimbra, por vezes, realizei algumas visitas à capital para ver como os meus pais estariam. Contudo, no último semestre da licenciatura ao regressar a Lisboa reencontro-me, ao fim de anos, com a Maria.
Estávamos ambos no mesmo sitio a tomar o pequeno-almoço. “É preciso ter uma sorte do diabo”, pensei.
Fiquei nervoso e sem saber como reagir. Ela dirige-se para uma mesa, cruza o seu olhar com o meu. Esboça um sorriso encantador. Como é possível que eu tenha conseguido esquecer tamanho sorriso? Já não me recordava de como ela era linda e cheirosa. Cumprimentamo-nos e parvamente e sem ter qualquer noção, trocamos contactos telefónicos.
O resto do dia fiquei com um sorriso idiota na cara, mas tendo sempre noção de que tinha a Ana, em Coimbra, esperando que este fosse mais um fim-de-semana onde pacificamente visito os meus familiares e amigos e que me iria portar com juízo. Penso que não será bem assim desta vez.
Não precisei de enviar uma mensagem à Maria pois ela adiantou-se. Na mensagem ela questionou-me se nos poderíamos encontrar no dia seguinte para colocar a conversa em dia.
Ao ler tal mensagem o meu coração parou. Não sei o que responder.
“No mesmo sítio e hora, amanhã.”
Contundo, respondo-lhe rapidamente e sem pensar muito no assunto, muito sinceramente.
Tenho a Ana à minha espera, como num fim-de-semana normalíssimo. Namoramos há dois anos e meio e já fizemos alguns planos, como por exemplo: eu sediar-me em Coimbra, visto que ambos amamos a cidade.
À noite encontrei-me com os suspeitos do costume, onde me iriam contar o que tinha perdido desde a última vez que vim a Lisboa.
- Puto! Nem sabes! - começa o Sérgio – Pá!.. Ando enrolado com a Maria. A Ma-ria.
- A Maria? Cala-te!
Rimo-nos que nem dois perdidos. Foi uma noite bastante interessante.
Na manhã seguinte como combinado fui ter com a Maria à mesma hora e local estipulado anteriormente.
A conversa iniciou-se de forma bastante tímida, sem nunca se tocar no nome do Sérgio. Desenrolou-se de tal maneira que começo a vê-la com outros olhos, uns olhos felinos, carnívoros, desejosos.
- O que me dizes de irmos dar um passeio pela marina de Cascais? Está um dia lindo e não o quero passar fechado num café. - digo-lhe.
- Não me recordo de seres assim, tão... hmm. - responde-me com um olhar perplexo.
Enquanto ela se ajeitava para entrar no carro e envio uma mensagem rápida ao Sérgio:
“ Puto. Spot. 25minutos.”
- Tinhas algo combinado era? - pergunta-me com um tom provocador.
- Não, estava apenas a escolher a banda sonora que nos vai acompanhar até Cascais. - respondo-lhe muito rapidamente.
(continua...)
Alexa
Uma mulher com imaginação para dar e vender.
Sempre gostei de escrever, mas coisas eróticas... isso gosto mais. Levar um homem à loucura através de palavras e da sua própria imaginação. Como adoro...