01 juillet, 2023 Uma vírgula também conta
"A perda de um sonho"...
Quantos de nós já caminhamos de mãos dadas com uma vírgula? Quantos de nós mudaram o sentido das frases usando uma vírgula (mas,)? Quantos de nós viram um sonho mudar por causa de uma vírgula?
A perda de um sonho pode vir a ser violentíssima, emocionalmente, para aqueles que lutaram tanto por ele e que fizeram de tudo para poder alcançá-lo. Meses, dias, horas de trabalho, estudo, dedicação e isolamento na esperança de atingir algo.
Só se vê o fim da linha, o objetivo final, mas esquecemo-nos das adversidades que podem surgir a meio da conquista por ingenuidade e falta de conhecimento. Ficamos assim, com a falsa sensação de que tudo vai correr bem.
A verdade é que até um sonho precisa de uma planificação, de uma lista do que pode correr mal, do que pode correr bem, quais as vírgulas que iremos encontrar no nosso caminho até atingir esse sonho. É, basicamente, como andar a conduzir na estrada, pois temos que estar não só atentos à nossa condução, mas também à adversidade da natureza e aos outros condutores.
Ficamos muitos zangados quando o sonho cai por terra e torna-se incompreensível “tamanha malvadeza" que fizeram connosco! Como é que ousam tirar-nos o nosso sonho e assim rejeitam a nossa existência?
A rejeição, esse poderoso sentimento, que nos leva a uma tristeza sem fim à vista, onde sentimo-nos a morrer por dentro, pois associado a esta rejeição também está a enorme perda de um sonho - e quando há perda, logo a seguir aparece o tão indesejável LUTO.
Eis que aqui é que as coisas se complicam um pouco, porque os estágios do luto podem vir a fazer toda a diferença na forma como lidamos com a perda de um sonho.
A raiva irá levar-nos a culpar quem nos avaliou e todo o sistema e, assim, culpamos os outros com toda a nossa força. Para piorar, juntamo-nos a outros que também perderam o mesmo sonho e alimentamos mais a raiva - e quando damos conta, estamos horas e dias a fio a alimentarmo-nos uns aos outros desta raiva e a culpabilizar tudo e todos.
Vale a pena? Não! Pois só estaremos a adiar o luto e a dar espaço à entrada de comportamentos autodestrutivos que nos vão fazer pior, como por exemplo, começar a comer demais, reagir agressivamente contra os outros, isolamento do mundo, dormir demais - e mais alguns que possam surgir e tornar a nossa vida desgovernada. Começamos a sentir que estamos a descompensar e deixamos de ser funcionais e racionais.
Não é um bom espaço para se estar e, por isso, há que recuar, afastar-nos dessas pessoas que estávamos a alimentar a raiva, sentarmo-nos numa cadeira e ver com olhos de gente o porquê dessa avaliação ter sido dada. Calmamente, iremos verificar que quem nos avaliou estava certo!
Focámo-nos no que nos foi apontado como errado e conseguimos ver que faz sentido, e que muitos desses erros mostram pressa, nervosismo e falta de atenção da nossa parte e em nada é culpa de quem nos avaliou, pois não podem mudar o que fomos nós próprios a escrever!
Não podem reescrever a nossa história...
Despertar Espiritual
Ao deixarmos de culpar os outros e ao verificar que, realmente, houve falhas da nossa parte, eliminamos a raiva e entramos finalmente em aceitação. A mente relaxa, o corpo agradece. Sorrimos novamente porque conseguimos entender a aprendizagem que tivemos.
Conseguimos sentir gratidão por todo este processo, por aquilo que fomos obrigados a ler para este sonho que só nos enriqueceu de sabedoria. Conseguimos acordar de manhã e sentir que hoje sei mais do que sabia há uns tempos atrás. Ganhamos uma relação de confiança com o processo em si!
Com esta sabedoria conseguimos planear melhor o próximo ano, pois não nos permitimos ficar na raiva, a culpar os outros e a continuar na dor que nos pode “cegar”, pois acabaremos na insanidade – a cometer os mesmos erros para o ano, à espera de resultados diferentes.
Sendo assim, para o ano, não iremos tentar em “modo de orgulho doentio”, como quem diz: "vou lá outra vez!", mas iremos tentar com serenidade e sabedoria, pois adquirimos uma nova consciência!
É tudo por agora...
Blogger X
Um blog abesbílico, de alguma escrita ideográfica, sobre tudo e sobre nada.