29 août, 2021 Quando nasce um fetiche
Nunca digas “deste mijo não beberei!”
Não sou propriamente um gajo com fetiches por aí além, aliás, sou muito tradicionalista no que à javardeira horizontal concerne, pese embora, goste do meu “tapinha” ocasional. No entanto, percebo perfeitamente que certo tipo de coisas mexa com a psique sexual individual alheia. Não julgo, não critico ou muito menos tento perceber porque isto cada um é como cada qual e se gostas de ter uma gaja a mijar-te em cima, quem sou eu para dizer “hey, não devias pagar a alguém para te mijar em cima!”.
Mas como é que descobrimos este nosso fetiche? Qual é o momento X em que passamos de “hmmmm, isso é estranho!” para “bom, pelos vistos agora vou querer fazer isto mais vezes!”. Talvez o exemplo do mijo seja um bocado extremista, por isso, vamos pegar em algo mais aceitável: foot fetish. Gajos (e gajas!) que curtem demasiado de pés. E isto vai desde “que pés tão bonitos” a “quero cheirar-te e lamber-te os pés!”. É um amplo espectro de adoração de patas que me fascina. Como é que isto surgiu? Há de ter havido alguém no decorrer do tempo que olhou para uns pés e decidiu fazer disso toda uma cena. Não sei quem foi, não quero saber, mas intriga-me como é que passamos de elogiar os cascos a alguém a querer enfiá-los na boca.
Como aqueles vídeos que às vezes nos deparamos nos milhares de sites porno que vocês teimam em dizer que não costumam ver. Estamos a percorrer todo aquele manancial de material punhetístico e, de repente, aparece um título sugestivo género “mulher com orelhas de gato bebe gamela de esperma” e clicas enquanto pensas “isto há com cada maluco”. Cinco minutos depois estás com ele na mão porque, afinal, gajas com orelhas de gato a beber esperma de uma gamela é uma cena que te dá tusa. Estão a ver onde quero chegar?
Todos os fetiches têm um “starting point”.
Aquele momento em que sentes algo que não estavas à espera quando confrontado com a situação em si. Eu já vi vídeos de gajas a mijarem em gajos e não senti nada. Já vi vídeos de gajas a beber esperma de um copo (não foi de uma gamela e nem tinham orelhas de gato) e também não mexeu. Por outro lado, uma vez tive a sorte de me deparar com uma gaja de lágrimas nos olhos enquanto lhe partiam o cu em mais pedaços que um puzzle do Mordillo e confesso que me deixou com meia casa. Será uma “cena” minha? Será que me dá tesão ver uma gaja a sofrer enquanto come com um rolo teso no traseiro? Ou será que eu quero levar com o mesmo rolo no cu e chorar por mais? Freud está a rolar na campa neste momento, mas disse ele que isto tudo tem a ver com a nossa mãe ou algum momento vivido na infância. Já dei aqui voltas ao miolo, não me lembro de alguma vez ter visto alguém sofrer de prazer por estar a levar com ele, nem eu próprio levei com um. Portanto, de onde vem este gostozinho em ter prazer sexual ao ver alguém ter (algum) sofrimento em levar com uma barra de carne nos entrefolhos?
Não sei responder a isso, sei apenas que esta conversa já me deu meia-casa e tenho de me ir aliviar.
Boas fodas e até quarta.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.