06 avril, 2023 Peludas ou rapadas?
RSI - Reporter Sarilhos Investiga
O repórter Sarilhos saiu à rua para desvendar os segredos mais bem guardados nas cuecas das mulheres portuguesas. E elas não fugiram com o rabo à grande questão fracturante que tem vindo a dividir conas no país e no mundo: afinal, o que preferem lá em baixo, uma boa selva amazónica ou uma sinuosa autoestrada no deserto?
Maria Amélia, 72 anos – Gerente de pensão
O meu marido não vai muitas vezes lá abaixo, mas quando vai gosta de encontrar um farfalho. Por isso não corto.
Ele tem problemas capilares, tudo o que consegue produzir nas ventas são umas ilhas de penugem que o fazem parecer um foragido do sanatório. Então, quando me lambe, parece que tem uma bigodaça farta e isso fá-lo sentir homem.
Sim, pode tirar uma fotografia. Ele tem fraca autoestima porque só tem 19 anos, coitadinho, mas é muito meu amigo, por isso gosto de lhe fazer este agrado.
Pituxa Amaral de Vasconcelos Cabranhos e Allenquer, 42 anos – Filha do papá
Está-me a dizer que há mulheres que têm... pêlos lá em baixo? A sério? Acho nojento. Quer dizer, não sei, porque nunca usei, percebe? Nem sabia que se podia usar, nunca vi ninguém com esse problema. Mas acho nojento. Repelente mesmo, percebe?
Isso deve ser uma coisa que dá às empregadas. Imagine o cheiro... Tem uma foto? Posso ver? Credo, que horror! Isto é para onde, para a CMM? E há homens que gostam disso? Está a brincar comigo... Como é que sabem por onde entrar? Assim como é, já é difícil para eles, não imagino como conseguem com esse pasto todo.
Isto aqui é buço a sair do cu? Credo! Não, eu rapo tudo com laser, não faço intenção nenhuma de alguma vez estar assim. Além do mais, se visse isso o papá matava-me, ou pior, deserdava-me. E eu não posso ser deserdada, quer dizer, não faço questão nenhuma de algum dia ter que trabalhar. Deus me livre, bata na madeira! Não fui educada para isso, percebe?
A vida ensinou-me que não se deve perder tempo com coisas supérfluas. A vida é para nos divertirmos, para amar e... Porque é que é triangular? Sabe, não sei se vou conseguir esquecer essa imagem.
É possível que o senhor jornalista me tenha traumatizado. E eu não posso ser traumatizada, percebe? Quer dizer, não faço questão nenhuma de passar os meus dias no psicólogo, a ser psicalizada e apanhar raios-X. Tenho mais que fazer, percebe? Acha que o posso processar e, talvez, pedir uma indemnização? Não? É pena.
Então olhe, peço desculpa mas tenho que ligar ao papá porque ele esqueceu-se outra vez de me transferir a mesada. Passe mais tarde lá em casa para tirar a foto. Vá pelas traseiras.
Sónia Wang, 26 anos – Psicóloga
Para mim não é uma questão. As coisas ou são naturais ou não são. Se as pessoas querem viver uma vida artificial, é com elas. Para mim não faz sentido.
Sim, muitos homens gostam, e por isso muitas mulheres o fazem. Para lhes agradar. Se dependesse só delas, duvido que fosse uma modalidade com muitas adeptas.
Eu? Eu continuo como vim ao mundo... Limito-me a aparar lá em baixo, mas isso é como fazer a manutenção do jardim. Inclusivamente fortalece os filamentos e os folículos.
Os cabelos púbicos estão lá porque têm uma função, não são um elemento decorativo. A moda de rapar a cona vem de uma tara ancestral dos homens e, sinceramente, faz-me pensar se não estarão a substituir o fetiche freudiano pelas mães por um fetiche perturbante pelas filhas. Rapar a pintelheira não é mais que uma infantilização da mulher, e se é motivada pelo desejo dos homens, tire você as conclusões...
- Veja também: "Pêlos púbicos: rapar é sexy, mas faz mal à saúde"
Rute Amoreira, 20 anos – Estudante de enfermagem
Rapada. A minha namorada gosta. Eu também gosto. Gosto da cona dela, gosto de vê-la brilhar quando a como, quando a lambo toda, quando a molho toda e a deixo toda molhada com a minha língua.
Se ela tivesse pintelhos? Lambia-a à mesma. E se ela quiser eu deixo crescer. Gosto dela, gosto de lhe fazer minetes e de lhe enfiar os dedos, e gosto que ela me faça minetes a mim e me enfie os dedos. Não interessa se tem pintelhos ou não.
Porque é que usamos assim? Se calhar gostamos de andar arejadas... Estou a brincar. Não sei, somos jovens, agora é moda, usa-se assim. Qualquer dia muda, porque está sempre a mudar. Na verdade, não interessa muito. Cona é cona, não é? O importante é a pessoa.
Ana Paradis, 28 anos – Professora de Francês
Eu sou muito peludinha em todo o lado, très velu, por isso tenho que cortar tudo. Às vezes, esqueço-me um dia e o meu namorado entra na casa de banho e estou lá eu nua e, au secours, ele pensa que a casa foi invadida pela irmã do Toni Ramos!
Aliás, no início ele chamava-me a sua “macaquinha”, ma petit cric, não tem nada a ver com crica embora pareça. Mas desde que me comecei a depilar ele deixou de me chamar o que quer que seja. Se ele chamasse eu ia logo, mas ele já nunca me chama.
Não, não acho que seja por causa dos pêlos, quando o conheci ele confessou que gostava muito da minha pintelheira. Mas é que se rapo em todo o lado menos ali, mon dieu, é como se não rapasse nada, porque dali alastra logo para todo o lado, para as virilhas, para a barriga, para o rego das nalgas… Vejo-me grega para tirar aquilo.
Ele? Ele já não me vê… Il ne me voit plus. Mas foram bons tempos, éramos felizes.
Susana Tavares, 23 anos – Empresária em nome individual
Já usei com e já usei sem. Na verdade, tem a ver com o tempo que tenho disponível. Se tenho mais trabalho desmazelo-me um bocado. Se tenho menos, fico com mais vontade de me mimar e trato melhor da minha imagem.
Mas também já tem acontecido o contrário. Às vezes, por ter muito tempo em mãos, gosto de estar sozinha e não penso muito em sexo. Outras estou mais atarefada mas, por haver talvez alguém que me agrade no escritório, rapo, porque é isso que hoje em dia eles esperam.
Não tenho nada contra nem a favor, gosto das duas versões. Adoro o meu corpo e sinto-me bem de qualquer maneira.
Anacleta Serôdio, 35 anos – Higienista
Eu rapo por causa da bicicleta. Eu não bebo e não fumo e ando muito de bicicleta e as bordas enterram-se-me no selim e os pintelhos ficam lá entalados e dói como a porra.
E já que fala nisso, não gosto da sensação da esporra na pintelheira. Fica aquele creme pegajoso, dá-me nojo. Também não gosto da esporra em cima do papo nu, é quente e desagradável.
Eu não gosto muito de foder e, como sou casada, evito sempre que posso. Além disso, rapar é muito mais higiénico. Eu sei que há médicos e doutores especialistas que dizem que não, que é precisamente o contrário, mas eu tirei um curso de três meses de Higiene e Segurança no Trabalho, inclusivamente dado pelo centro de emprego, e sei muito bem do que estou a falar. Não sei onde é que eles foram à escola.
Uma fotografia? Deus-me livre! Vá lá, está bem, se é para a televisão...
Áurea Bordalo, 58 anos – viúva
Sabe, eu sou toda cona, por isso sou uma grande foda. E não sei porquê, para mim, uma grande foda precisa de um grande caralho, um grande cu, e uma cona de bordas grandes com uma grande pintelheira à volta.
Adoro a minha pintelheira. Não, não faço nada, ela cresce como ela quiser. Se os homens gostam? Então não haviam de gostar? Os homens também gostam de dar grandes fodas e isso tem muito a ver com a imagem das mulheres.
Uma mulher toda lisa, não sei, faz lembrar uma cona virgem, ou uma cona que não sabe foder. Uma mulher que dá uma grande foda tem que ser mais badalhoca, mais puta no bom sentido, mais porca até. Os homens não gostam de coisas lavadas, gostam de sentir o cheiro da carniça, o chulézinho do cu (risos)... E isso precisa dum bom matagal, para concentrar os aromas. Fá-los sentir uns animais, é como se estivessem na caça ou a andar à porrada.
Uma cona, com um belo buxo triangular, abundante, negro, despenteado, não há melhor para a testosterona deles. Até se lambem! Uma foda não é uma grande foda se um homem não acaba a noite a palitar os dentes para tirar os pintelhos… (risos).
Nada, não precisa de agradecer. Eu é que lhe agradecia se me fosse ao cu...
E assim termina mais uma reportagem trazida até vós em exclusivo pelo canal RSI – Repórter Sarilhos Investiga. Uma vez mais e como é usual no universo feminino, as opiniões dividem-se. Mas, como diz o mais recente adágio popular, as opiniões são como as pintelheiras, cada mulher tem a sua... ou não.
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com