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30 mai, 2019 Memórias eróticas do padre Novais - Capítulo 2: A magia do confessionário

Bernardete, experiente nas coisas, não ia a frio para os rituais...

No primeiro capítulo destas memórias tracei em linhas gerais o retrato de Bernardete, a serviçal amantizada do Padre Núncio, minha segunda mãe e minha primeira puta. Se se recordam dela, lembrar-se-ão certamente do descritivo das “noites do leitinho”, nas quais a sempre solícita sopeira chupava o caralho do padre e a cona das amantes, até ambos lhe derramarem o alvo líquido nas beiças.

Memórias eróticas do padre Novais - Capítulo 2: A magia do confessionário

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O que então não disse, e o padre não sabia – e daí, talvez soubesse… – era que Bernardete, experiente nas coisas, não ia a frio para os rituais. Assim como o leitinho se prefere morno, também ela favorecia a prática de um aquecimento preparatório, como qualquer atleta de alta competição à partida para uma longa maratona.

Ora, para esse efeito, a generosa fundista requisitava amiúde a assistência de um parceiro, cuja sorte divina em boa hora conspirou para que deixasse de ser o jardineiro, vítima de uma misteriosa queda de escadote, e passasse a ser este vosso amigo…

Os procedimentos, repetidos todas as noites sem excepção, decorriam da seguinte forma: mal soavam as badaladas das 10 e qualquer coisa, eu anunciava na sala uma soneira súbita e fulminante e retirava para o meu quarto. Isso valia-me, para além do alibi, o estatuto de rapaz bem comportado, a quem nunca tinham que mandar para a cama. Eram dois benefícios em um.

Devidamente acolchoado, e fazendo os possíveis para acalmar a ansiedade, ficava então à espera da chegada triunfal de Bernardete. Quando, na minha cabeça, começavam a ressoar marchas nupciais, sabia que ela ia abrir a porta. Não me peçam para explicar porque não saberia. Sei que era como uma espécie de sexto sentido e que nunca falhava. Infelizmente, era coisa que só funcionava para esse específico deboche…

Quando a minha roliça tutora finalmente entrava, o quadro assemelhava-se em tudo ao idílio da mãe que dá as boas noites ao filho. Só que, ao contrário de uma mãe vulgar e sem imaginação, não me subia as cobertas até ao pescocinho para prevenir resfriados nocturnos. Pelo contrário, baixava os lençóis e desarregaçava-me as calças do pijama, deixando-me tudo o que era tecido pela altura dos joelhos.

Depois de uma breve mas cirúrgica peritagem visual, se confirmava limpas as miudezas e hirtas a gosto, agarrava-se-lhes com as unhas de quem sabe tocar viola e, com um maravilhoso jogo de pulso, tocava-me ao bicho até eu me vir de fininho na palma da sua outra mão.

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Das primeiras vezes, tudo acontecia tão depressa que mal me deixava uma memória para revisitar. Para evitar tamanho desembaraço, Bernardete instruiu-me a “praticar” sempre que possível, o que eu fazia com empenhado espírito de missão. Cheguei a atingir as 12 pívias por dia, o meu recorde de então, atrás do choupo, na casa de banho, na sacristia ou fosse lá onde arranjasse um buraquinho para pensar em buraquinhos. Nunca fiz no confessionário porque essa era a coutada particular do Padre Núncio, que também não desdenhava os seus exercícios diários.

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Fui tão bem sucedido na tarefa que o remédio se contagiou em doença: a pobre Bernardete andava a ficar com os braços dormentes!

– Quando fores grande, há muitas raparigas que vão ficar contentes por aguentares tanto tempo. Mas com a tua idade não há mal nenhum em ser um bocadinho mais precoce. Nem oito nem oitenta. Vamos ver se isto te ajuda a despachar…

E dito isso, sacou um dos melões maduros que reservava na dispensa do seu decote e deixou-o, pesado e viçoso, balançar à frente dos meus olhos. Foi o bastante para me quebrar a resistência! Vim-me com tanta força que um jacto de esporra lhe entrou pelo espacinho que tinha entre os dentes e lhe alvejou o fundo da garganta! Teve que se benzer para não me vomitar para cima…

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A partir daí não havia volta a dar. Mesmo que já tivesse muita vontade de me aliviar, treinei-me para aguentar até ao momento solene da aparição das tetas. Só então libertava a minha “prendinha”.

Claro que, com o tempo e a repetição, o efeito foi-se perdendo. Quando uma mama deixou de chegar, começou a dar duas. E quando as duas já não faziam, ousei requerer vistas mais abrangentes, em direcção ao sul do seu vale encantado.

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Foi aí que Bernardete traçou a sua fronteira. Não porque não achasse natural a minha ânsia de conhecimento sobre regos e demais fressuras, mas por considerar que eu ainda não estava preparado… Segundo ela, não era de bom presságio passar à prática sem estudar bem a teoria.

É preciso lembrar que, para além dos serões de punheta com Bernardete, a minha restante experiência sexual se resumia à lembrança visual das “noites do leitinho”, em que o padre Núncio comia ao sabor da imaginação as suas visitantes avulsas.

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Bernardete elogiava o meu olho clínico para os pormenores mas, sapiente das coisas, entendia que eu não estava a treinar ainda o “músculo” mais importante:

– A tesão não está aqui… – disse-me ela, apontando para os meus olhos. – …nem aqui… – acrescentou, apontando para o meio das próprias pernas. – …nem aqui. – finalizou, agarrando-me na gaita. – A verdadeira tesão está aqui! – e apontou para a sua cabeça primeiro e depois para a minha. – Portanto, isto é o que vais fazer...

E, como uma doutorada em assuntos mundanos, honoris causa da rebaldaria de alcova, passou-me a receita que achava indicada para o meu caso.

A bem dizer, era mais uma espécie de trabalho de casa: entre as 10 e o meio-dia e entre as 4 e as 5 da tarde, estava incumbido de me esgueirar para a salinha contígua ao confessionário, uma espécie de antecâmara que alguém ali tinha construído secretamente para espiar os pecadores enquanto estes se esfalfavam para expiar os seus pecados. As duas divisões não tinham uma ligação propriamente dita, mas através dos respiradores, em certo ângulo, conseguia-se ver mais ou menos tudo. E ouviam-se perfeitamente as vozes, por mais sussurradas que fossem as canalhices e as caralhadas.

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Se Bernardete foi a minha primeira escola, o confessionário foi a minha universidade! Ali fiquei a saber tudo o que não sabia que se fazia ou se podia fazer... E em aldeia tão pacata, quase sem crimes, isso significava quase inteiramente assuntologia de cama!

Ainda hoje me lembro de algumas das sessões mais “condimentadas”, se lhe podemos chamar assim. Como a dos amores proibidos da dona Zefa:

– É o Noé, senhor padre, oh meu deus!
– O Noé, dona Zefa?
– Não pára de me fazer olhinhos. E tem uns olhos tão meigos… Se ao menos o Zeca tivesse os olhos assim tão meigos.
– Estou a ver que as coisas com o seu marido não melhoraram…
– A mesma modorra, senhor padre. Eu bem me mostro, eu bem me escondo, eu bem o pico… Mas ele não me procura. E já se sabe como eu me ponho quando ele não me procura… Vêm-me os calores… E depois viro-me e lá está o Noé, de língua de fora, com os seus olhinhos mansos.
– De língua de fora? Ele tem algum atraso?
– Oh, não, senhor padre. Ele até é muito vivaz, considerando que…
– Percebo. Mas então ele está sempre lá na quinta? Não vai dormir a casa?
– Não, o Zeca arranjou um lugarzinho para ele ao pé dos porcos.
– Ao pé dos porcos?!
– É o único momento do dia em que não estão juntos. Essa é a parte pior, senhor Padre. Ele e o Zeca são inseparáveis! Só consigo estar um bocadinho sozinha com ele quando o chamo para vir comer…
– Ele não come ao mesmo tempo que vocês?
– Que ideia, senhor padre! Que jeito tinha lá isso?! Cada coisa no seu sítio, não será?
– Sinceramente, dona Zefa. Estou extremamente desiludido, tanto consigo como com o seu marido. Não fazia ideia de que tinham este tipo de distância com a criadagem. Dorme com os porcos, come sozinho…? Será preciso recordá-la que Deus fez os homens todos iguais, à sua imagem e semelhança e que…
– Mas qual criadagem?
– Então, o senhor Noé, o empregado do seu marido…
– O Noé é o pastor alemão do meu marido!

Tive que segurar-me com toda a força para que não se ouvissem as minhas gargalhadas no confessionário! Mas o caso, que então parecia pouco mais que uma anedota, acabou por ter uma evolução insólita:

– Olá Zeca. O que o trás por cá?
– É a Zefa, senhor padre. Pôs-me na rua!
– Como assim, na rua?
– É como lhe digo, senhor padre. Disse-me que se quisesse podia dormir com os porcos, mas que não voltava a pôr os pés dentro de casa…
– Ao pé dos porcos? Com o Noé?
– Com o Noé, não, senhor padre... No lugar do Noé! O raio do cão é quem dorme agora na minha cama!

Pouco mais me lembro do momento que o padre a benzer-se, escandalizado, e isso que era um padre que mais facilmente escandalizava do que se deixava escandalizar! Bastantes vezes tive que interromper as sessões de treino mental, que era o meu principal propósito ali, e limitar-me a assistir às inúmeras fodas que o Padre Núncio protagonizou naquele minúsculo cubículo.

– Mas… aqui? – queixavam-se elas.
– Quem ama a deus sabe que o espaço é infinito – convencia ele.

Elas papavam qualquer coisa, desde que no final ele as papasse a elas.

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Outra sessão memorável foi a da dona Francisca, ou “senhorinha”, como todos a tratavam. Era a professora-primária e não era segredo para ninguém que, não obstante os 50 anos de carreira feminina, nunca tivera um homem. E foi assim, virgem como viera ao mundo, que um dia irrompeu no confessionário disposta a dar a Deus o que ainda não tinha dado.

– Ele já tem a minha alma. Quero que receba o meu corpo!
– Então, mas a senhorinha ainda é nova. Não há-que ter pressa, tem mais que tempo para entregar quer o corpo quer a alma ao criador. Deus não gosta de exéquias apressadas…
– Não estou a falar da morte, seu paspalho. Estou a dizer que quero que ele me coma!
– Como assim, que a coma?
– Assim como o senhor padre tem andado a comer a dona Justa, a dona Silvéria e a senhora Albuquerque. Com a picha bem enterrada nos fundilhos da cona!

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– E já que ele é imaterial, e de imaterialidades tenho eu o papo cheio, terá que ser o senhor padre, por procuração, a dar-me o que preciso. Segundo toda a gente sabe e pelo que todos podemos ver, o que não lhe falta é caralho para comer a paróquia inteira em fila indiana!
– Dona Francisca, peço-lhe que reflicta no que está a dizer. A senhora, assim, parece possuída!
– Ainda não, mas conto estar logo à noite. E nem pense em recusar… Pense no que o seu rebanho iria dizer se descobrisse que toda a sua democracia caridosa não passa, afinal, de um desporto que pratica conforme os seus desejos. Quando se monta uma e não se montam outras, as ovelhas desconfiam e quando se dá por elas andam pelas ruas enfarpeladas com peles de lobo…
– Percebo.
– Eu sei que percebe. Se não percebesse eu não tinha vindo para aqui com este paleio. Até à meia-noite quero esse pau enfiado na minha crica, com jeitinho porque é menina, mas com força assim que passar a senhora. E se quer trazer a Bernardete, não sou eu que o impeço. Depois de tantos anos e tão respeitáveis a chuchar no dedo, não há um pêlo no meu corpo que não queira ser soprado nem um buraco na cintura que não queira ser cerzido. Seja lá o que for, parva é que não quero morrer! E agora avé que tenho que ir dar de comer às galinhas... Até logo.

Seis horas depois, por volta da meia-noite, os sinos tocaram a rebique a coincidência divina de se ter finado a última virgindade da aldeia.

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E durante os 25 anos seguintes, Dona Franscisca, a “senhorinha”, estabeleceu-se na Rua da Luz Fundida com o nome de Chiquinha Martelli, a puta do vilarejo. O que, em certa medida, não deixava de ser abonatório para o Padre Núncio que, por uma vez, ao invés de salvar um pecador, tinha criado um para salvar mais tarde. Era o ovo de colombo da angariação de clientes…

Estas e muitas outras histórias de diverso e escabroso calibre ouvi eu, em primeira mão, no confessionário do Padre Núncio. As coisas mais secretas, mais impronunciáveis e, vai-se a ver, as mais normais. Mas foi com elas, imaginando-as nos meus silêncios, traduzindo-lhes imagens nos meus tempos mortos, que exercitei o músculo mental que me fez olhar e, sobretudo, “sentir” o sexo com olhos completamente diferentes.

E se outra medida desta evolução não houvesse, uma pelo menos tornava indesmentíveis todos os meus progressos: de repente, a minha pilinha de menino transformara-se numa verga de homem! E à vista de tais engrandecidas miudezas, Bernardete começou a achar desperdício limitar-se a estragar as unhas.

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Não, aquilo já não era pau para carícias. Era mastro para arrombar bocas, viga para partir conas e, cabendo, narça para domesticar o melhor cu sopeiro das redondezas!

E assim será, nos próximos episódios…

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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