23 avril, 2020 A minha prima quarentona
Marília ia ficando para solteirona. Parecia ter mais talento para afastar candidatos do que para inspirar paixões.
A minha prima Marília não era bonita, nem boa como o milho. Era demasiado magra, tinha o nariz bicudo e já andava nos 40 anos quando eu ainda não passava de um adolescente. A tesão que aquela mulher me dava era um mistério que nunca fui realmente capaz de solucionar. Mas era bem real.
A testar a noção de que não se tratava de nenhuma beldade, havia o facto confirmado de nunca se lhe ter conhecido um namorado. Enquanto as restantes primas casavam e constituíam família, Marília ia ficando para solteirona. Parecia ter mais talento para afastar os candidatos do que propriamente para inspirar paixões.
Foi portanto uma surpresa quando, num passeio de família a uma cidade próxima, apareceu certa vez com um homem. Percebeu-se depois que aquele encontro estava previamente combinado. Como o conheceu, não se soube exactamente. Mas surgiu como facto consumado, pretendente oficial aos carinhos da intocada solteirona.
A ideia de que se abria dessa forma às possibilidades do amor, não diminuiu a tesão que eu sentia por ela. Quanto muito aumentou-a, pois era a demonstração física do seu estatuto de fêmea receptiva. Escondida naquela virgindade atabalhoada, não apenas havia uma cona, mas uma cona disponível para receber um malho!
O cujo, veio a saber-se entretanto, era jogador de futebol numa equipa de uma divisão inferior. Tinha um corpo musculado de atleta e uns cabelos encaracolados empastados de brilhantina que faziam crer haver na sua formatação morfológica uma parte de sangue africano. Foi-nos apresentado como “o Mário”. Lembro-me de o cumprimentar como se nos reconhecêssemos, com um olhar cúmplice, como se lhe dissesse:
– Estou a ver que és cá dos meus: um apreciador do material!
Obviamente que ele não fazia ideia do que me ia na alma, mas pela minha parte aceitei-o sem reservas, como a um irmão de sangue. Aquilo era gajo que sabia o que era bom!
Durou aquele romance ainda uns longos meses, talvez mais de um ano, com avanços e recuos, pois o atleta veio a revelar-se criatura instável que volta e meia desaparecia e voltava a reaparecer mais à frente, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ela tudo aguentava, amor em crescendo, de cona cheia de caralho e desconsolo, consoante a época, que a deixavam num estado permanentemente insatisfeito, a querer sempre mais. Era, pelo menos, assim que eu a imaginava.
As más-línguas atribuíam aquela inconstância ao facto de o futebolista manter outra família em reduto longínquo. Dizia-se mesmo que a verdadeira razão para resistir a um mais que anunciado casamento era a realidade de ele já ser casado!
A verdade nunca foi conhecida, mas o certo é que um dia ele voltou a desaparecer e desta vez não regressou. Ficou a minha prima a fazer o luto de amante vivo, desesperada e decidida a nunca mais voltar a confiar em seres de duas pernas e um caralho no meio delas.
Foi nessa altura que a arquitectura dos meus planos ganhou vida. Eu estava na flor da vida, a bater oito punhetas por dia como era próprio de um rapaz da minha idade, e sentia uma cada vez mais urgente necessidade de abraçar carne viva, de enfiar narça virgem em buraco realista.
A minha prima era o meu alvo! O plano: deixar passar umas semanas para ela fazer o luto, até que a vontade de picha a começasse a tirar do sério. Então, desferir o meu ataque!
Até que uma tarde ela telefonou para falar com a minha mãe e a coisa começou a desenrolar-se por si própria. Improvisei, disse que a minha mãe não estava e fiquei a falar com ela como se a chamada fosse para mim. Não recordo exactamente os contornos da conversa, mas lembro-me que a dada altura a mesma derivou para o tema típico dos adultos quando falam para os teenagers:
– Então, e já tens namorada?
– Não estou interessado em namoradas… – disse, muito seguro de mim mesmo. – Não tenho pachorra para beijinhos e miúdas. Prefiro mulheres.
Silêncio do outro lado.
– As mulheres sabem o que querem.
– Vais ter muito tempo para isso, quando cresceres… – quebrou finalmente o silêncio.
– Quando crescer? – ri-me. – Estou bem crescido, acredite. Aliás, estou “crescido” neste preciso momento!
Novo silêncio do outro lado.
– E a prima, como tem passado?
(Tradução da minha pergunta: E a prima, com tem gerido a falta de caralho?)
– Oh, práqui estou. Sozinha com os meus pensamentos.
(Tradução da resposta: mal fodida e a trepar pelas paredes!)
– Não precisava, se não quisesse – disse-lhe, com um tom de político a fazer uma promessa.
Outra vez calada, a vaquinha, a fazer-se difícil.
– Às vezes passo por aí para ir a casa de um amigo.
– Ai sim?
– É. Podia, sei lá, passar aí a beber um café… Fazer-lhe um bocado de companhia.
Nem um pio!
– Mostrar-lhe como estou “crescido”…
– Não bebo café. Tira-me o sono. Ainda se fosse um chá…
– Curioso, a mim também há coisas que me andam a tirar o sono. Um chá para mim está óptimo.
Depois de uma longa pausa, em que achei que era preciso que fosse ela a marcar o ritmo da iniciativa, a arrancar de dentro dela uma qualquer decisão, fosse qual fosse…
– Vens muito a casa do teu amigo?
– Às vezes. Por acaso, tenho que lá ir esta noite, depois do jantar, buscar uns jogos de computador.
Ainda uma longa pausa, antes de desligar com umas sugestivas reticências:
– Eu ponho a chaleira ao lume.
É preciso dizer que eu, nessa altura da minha vida, de foder, foder sabia muito pouco. Mas tinha uma vasta colecção de Ginas e Jornais de Sexologia (não havia cá internets). Estava, desse modo, provido de um capital de experiências teóricas que, a meu ver, me tornavam apto a passar a vias de facto com uma mulher a sério, a três dimensões.
Por volta das nove horas da noite bati-lhe à porta. Fora o caminho todo a pensar qual a melhor abordagem para a pôr na horizontal. Mas, quando ela abriu a porta, esqueci tudo o que havia planeado. À vista daquele mulheraço que me enchia as noites de tesão e fantasias, vi-me desprovido de quaisquer delicadezas e avancei determinado em direcção a ela, que recuou à minha frente como que antecipando sarilhos. Recuou tanto que esbarrou de cu contra a mesa da cozinha e daí já não tinha mais para onde fugir.
Agarrei-me logo a ela, apertando-lhe firmemente as nádegas pequenas que quase me cabiam nas palmas da mão.
Tentei beijá-la e virou a cara, o que me espantou (ela queria sempre dar beijos às crianças quando fazia visitas). Mas depois julgo que percebi. Não era uma questão de fugir ao carinho, mas uma forma de separar as águas: ali não havia paixão, amor, romance: havia simplesmente sexo! Ela não queria misturar as coisas.
Tanto melhor, pensei, e enfiei-lhe dois dedos para dentro da boca, que ela começou a chupar como se fosse um perna-de-pau semi-derretido.
Com a mão livre eu mexia-lhe no corpo todo, menos entre as pernas. Queria tantalizá-la o mais possível. Mas a dada altura senti-me com uma tesão tão universal que achei que já era hora de revelar o personagem principal. Então, abri o cinto, baixei as calças e as cuecas e soltei o caralho às marradas, como um touro lindo à vista duma manada de vacas. Ainda com os dedos na boca dela, fi-la descer até se ajoelhar e apresentei-lhe a narça:
– Chupa-mo!
Abocanhou-me sem reservas e sem medo e não perdeu pela demora: virgem a estrear como eu era, foi tiro e queda e desatei a bolsar nhanha na sua boca faminta!
Ela recebeu estoicamente a minha esporra, sugando no final para me arrancar até a última gota, mas logo em seguida foi a correr para a casa de banho. Fui encontrá-la dobrada na sanita, a cuspir, enojada.
Ao vê-la naquela posição não tive com meias: baixei-lhe as calças com tanta força que as cuecas vieram atrás.
E tinha então, à minha frente, a sua cona a descoberto: a minha primeira cona verdadeira!
Foi a minha vez de me ajoelhar por trás dela e cair de língua e dedos naquela racha! Lembro-me de ficar assombrado por ser tão líquida, quente e mole. E cheirosa! Um aroma que eu nunca tinha experienciado, que me entrava directamente do nariz ao cérebro e me punha de imediato a picha em pé outra vez. Benditos 16 anos… Quando me levantei e a virei de frente para mim, tinha uma erecção ainda maior do que há cinco minutos atrás!
Foi ali mesmo, contra o lavatório, que lhe abri as pernas e me enfiei directamente nela, sem passar pela casa de partida. Começou imediatamente a gemer e a suspirar, enquanto eu ia e vinha dentro dela.
A dada altura mordeu-me um ombro com tanta força que tive que lhe torcer os dois mamilos com muita força para me largar!
– Gostas à bruta?
– Gosto! – disse-me ela, com os olhos revirados.
Virei-a então e enfiei-lhe um dedo no cu! Meu Deus, nunca tinha sentido uma coisa tão apertada! Ela começou a ganir e a sacudir as nalgas à medida que eu enfiava e desenfiava. Custei caro a segurá-la um bocadinho para me meter por trás. Acho que esteve a vir-se o tempo todo!
Fodemos assim, ela a bater com as ventas no espelho da casa de banho cada vez que eu lhe dava mais um sacão, até que me vim de novo, agora dentro dela...
Berrei como um viking, cagando para os vizinhos que me pudessem ouvir, e agarrei-lhe os cabelos enquanto dava as últimas estocadas, muito rápidas, que a fizeram delirar de gozo.
Quando a larguei, de repente, caiu de maço no chão, as pernas a tremer, os buracos a escorrer, a verdadeira imagem de uma puta desvairada depois de uma overdose de prazer!
Senti-me um campeão, um verdadeiro fodilhão, e beijei-a à força, porque ela merecia.
Durante muitos meses, volta e meia telefonava lá para casa quando sabia que a minha mãe não estava. A conversa nunca era longa. A maior parte das vezes ela limitava-se a dizer:
– Esta noite vou pôr a chaleira ao lume.
Eu sabia o que isso queria dizer.
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com