11 Noviembre, 2021 Metaversos e Realidade Virtual
A tecnologia pode ser um grande diferencial para o sexo à distância...
Creio que todo mundo que estava neste planeta, na semana passada, soube da mudança do nome da empresa Facebook para Meta, empresa esta que detém o controle de outras plataformas como Instagram e WhatsApp.
Para quem não sabe, o Metaverso é uma espécie de mundo virtual, onde criamos um avatar com o qual podemos ser o que quisermos, realizar ações e interagir com outras pessoas do mundo todo.
A mim, sinceramente, isto não foi novidade nenhuma. Até porque, desde 2008, já utilizava plataformas de Metaverso como o Utherverse e o famoso Second Life - o primeiro é totalmente voltado ao público adulto e no segundo, apesar de ser praticamente “Terra de Ninguém”, porque se vê de tudo, ainda há espaços onde existe alguma moderação de conteúdo.
No Second Life, praticamente tudo que existe é criado por quem lá está. Existe uma série de desenvolvedores digitais, de roupas e objectos e a criação de espaços virtuais como discotecas, praias, resorts, ringues para lutas em cenas de RPG, etc. Estes desenvolvedores são pessoas reais que viram, neste metaverso, uma fonte de renda, já que lá é possível fazer negócios utilizando a moeda local e que pode ser convertida para dinheiro real.
Além dos desenvolvedores, há também quem faça dinheiro no Second Life a oferecer serviços sexuais, como sexo entre os avatares, sexting, venda de conteúdo, realização de fetiches e até mesmo shows na webcam.
Posso dizer que não há muita censura no Second Life e já deparei-me com coisas bem escabrosas... É a vantagem e a desvantagem de poder criar qualquer tipo de avatar...
É claro que a criação destas lands e como serão utilizadas, cabe ao bom senso de cada desenvolvedor. Na maioria das lands com conteúdo adulto, geralmente não são permitidos avatares de crianças ou adolescentes. Porém, nunca se sabe o que passa na cabeça de quem lá circula e o grau de perversidade que estas pessoas têm.
Mas, enfim, voltando ao Facebook, eu acredito que esta ideia do Sr. Mark de mudar o foco da empresa para este tipo de plataforma, deve ter o intuito de popularizar - ainda mais - gadgets de Realidade Virtual, que hoje já não são tão caros - é possível encontrar óculos RV por volta dos 30€.
Para os conspiracionistas de plantão, isto pode ser mais uma manobra de controlo social, que se formos olhar com atenção, já vivemos isto.
Quantas vezes recebemos anúncios relacionados com pesquisas que fizemos no Google ou até mesmo depois de ter alguma conversa com um amigo sobre determinado produto?
Quantas das compras que fizemos não foram de alguma forma influenciadas por anúncios que recebemos nas redes sociais? E o quanto eles estão a ser utilizados até para campanhas políticas gratuitas, mesmo fora de períodos eleitorais?
E quanto nos tornamos cada vez mais dependentes das redes sociais?
São coisas para pensar.
Com isto do Facebook tornar-se um metaverso, me vem à cabeça a série Black Mirror, que apesar de ser um bocado futurista, nunca esteve tão perto do que já vivemos hoje.
Poderia citar aqui vários episódios que exibem boa parte do que já vivemos, mas vou citar apenas dois que podem assistir sem preocupação de perderem o fio da meada, já que cada temporada apresenta episódios diferentes...
Temporada 3 - Episódio 1 - Nosedive
“Usando implantes oculares e dispositivos móveis, as pessoas classificam suas interações realizadas online e pessoalmente em uma escala de cinco estrelas. Este sistema cultiva relações falsas, pois a classificação de uma pessoa afeta significativamente seu status socio-económico. “
Temporada 5 - Episódio 1 - Striking Vipers
“Danny mora com a esposa Theo e o filho Tyler. Seu amigo Karl o apresenta a um jogo de luta de Realidade Virtual chamado Striking Vipers X, no qual ele pode sentir as sensações físicas de seu personagem.”
Nestes dois episódios, vemos o quanto a tecnologia pode influenciar as nossas vidas e o quanto ela nos afecta.
Como separar a "fantasia" da realidade?
Outra coisa que fico a pensar é o quanto da nossa própria realidade irá parar dentro deste metaverso, porque, no fundo, acho que as coisas já se misturam.
Se em metaversos como o Second Life podemos ter, literalmente, uma “Segunda Vida” e nas redes sociais, há um tanto de influenciadores que mostram uma vida totalmente distante da realidade em que vivem, como será isso quando estes dois universos se fundirem? Onde irá para parar a linha que separa a fantasia da realidade?
Se me perguntarem a mim como camgirl, sobre sexo de Realidade Virtual, sinceramente, acho que seria um diferencial, principalmente ao utilizar brinquedos sexuais que se conectam.
Como assim?
Calma lá que eu explico.
Um diferencial para o sexo virtual
A Lovense, marca de vibradores de alta tecnologia, tem dois modelos que se conectam entre si, o Nora e o Max.
O Nora é um vibrador tipo rabbit que tem a cabeça rotatória e um spot vibratório que fica posicionado em cima do clitóris.
O Max é um masturbador cilíndrico, ele vibra, faz movimentos de sucção e a parte interna dele é feita de um silicone texturizado.
Ambos podem ser controlados à distância individualmente, porém, quando duas pessoas têm estes brinquedos, basta os dois estarem ligados à aplicação e selecionarem o comando certo, que os dois se conectam e interagem, ou seja, quando o Max é movimentado, o Nora passa a rodar a cabeça e a vibrar, e o mesmo acontece quando o Nora é movimentado, ele ativa a vibração e sucção do Max.
Quanto mais intensos forem os movimentos, maiores serão as reações dos brinquedos.
Eu tenho um Nora e posso dizer que adoro utilizá-lo em conjunto com um cliente que tem o Max, porque torna a experiência mais verdadeira e aumenta a conexão entre as duas pessoas.
Por isso acredito que óculos de Realidade Virtual associados a brinquedos sexuais que se conectam, pode ser sim um grande diferencial para o sexo à distância, ainda mais se for possível adicionar a isso cenários interessantes, como uma praia ou até mesmo o alto de um prédio para os mais aventureiros - além de ser um diferencial ainda maior para quem trabalha com sexo virtual.
A vida acontece no mundo real
Ainda não sabemos como vai funcionar este metaverso do Sr. Mark, mas como todas as plataformas dele são cheias de censuras, creio que este será mais um espaço online em que as pessoas poderão fazer o que quiserem, contanto que não vendam sexo nele ou mostrem os mamilos dos seus respectivos avatares ao fazer topless numa praia virtual.
De toda a maneira, acredito que é preciso ter moderação. Se já com as redes andamos menos conectados da realidade, com um mundo virtual em nossas mãos, é preciso termos ainda mais cuidado e lembrarmos que por mais que a tecnologia facilite o encontro com as pessoas, principalmente aquelas que estão distantes, a vida acontece no mundo real e é nele que devemos viver.
O tempo que temos aqui na Terra é muito curto, cada minuto é valioso. Portanto, aproveite a vida fora do ecrã.
E agora que já chegou até o fim deste texto, vá viver um pouco a vida lá fora.
Com amor,
Suzana F.
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Suzana F.
Suzana F. é mente aberta, observadora e crítica por natureza. Apaixonada por literatura, ama ler e escrever sobre sexo.