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29 Septiembre, 2015 Confissões de uma puta feliz

É assim que Natalia Ferrari se define com muito orgulho e prazer.

Natalia Ferrari Diaz é uma jovem de 23 anos, natural de Barcelona, que dá a cara como trabalhadora do sexo... Não! Como puta, o termo que ela prefere para definir a sua profissão, assumindo que este é o seu "trabalho ideal". Confissões de uma mulher inteira...

Confissões de uma puta feliz

Natalia Ferrari Diaz é o nome que consta no seu passaporte e é também o seu nome profissional no mundo do sexo de Barcelona.

Esta puta diz que é preciso recuperar "com orgulho" a palavra e "desactivar o insulto". E é assim que escolhe ser tratada numa entrevista para o site Orgasmatrix.

Nessa conversa despudorada, Natalia Ferrari diz que escolheu este trabalho de forma livre e que não tem vergonha, nem medo de dar a cara e de assumir a sua identidade.

Ora veja as confissões desta mulher sensual e inteligente que cobra 250 euros por uma hora e meia e 300 euros por duas horas pela sua "girlfriend experience" - a noite inteira fica a 1200 euros.

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"Um dia dou-me conta de que estou a gastar a minha vida num trabalho que não traz nada para as temáticas sociais que me preocupam e tão pouco ajuda ao meu crescimento pessoal. Cobro o salário mínimo a trabalhar 6 dias por semana quase a tempo completo. Não tinha vontade de me resignar a que este fosse o meu estilo de vida.

Não sei muito bem quando comecei a considerar a prostituição como uma alternativa melhor, recordo-me de a sentir como uma opção natural. Sempre tive uma admiração por tudo o que sai da norma e pelas mulheres que se empoderam da sua vida e da sua sexualidade.

Desde muito pequena identificava as putas e as actrizes porno como mulheres fortes e independentes e, de alguma forma, senti que pertencia a esse grupo.

"Dizer que ninguém o elege livremente é uma estratégia comunicativa. Têm que dizer que estamos coagidas por forças malignas... Falar da prostituição como um "tipo de repressão machista" é continuar com o cansativo discurso de que todos os clientes são monstros e de que todas as putas somos vítimas.

As relações desiguais entre homens e mulheres existem entre parceiros, em casamentos, em fodas de uma noite, e sim, também entre putas e clientes, mas em nenhuma circunstância é algo intrínseco da prostituição.

Nós, as putas decidimos sobre os nossos corpos e experimentamos, com a nossa sexualidade, segundo interesses próprios e não culturais. Parece que incomoda que as mulheres já não acreditem no conto de que devemos entregar a vagina só ao "amor das nossas vidas".

Nós as putas cobramos por algo que, socialmente, se entende que deveria ser grátis. Se estou a cometer um atentado contra alguém, é contra o amor romântico e a Igreja.

Adoro o meu trabalho e a principal razão não é o dinheiro que ganho, mas a autonomia.

A principal vantagem de ser prostituta independente é seres a tua própria chefe e fazer verdadeiramente o que queres. Claro que se tivesse a opção de não fazer nada, faria-o.

Para manter este trabalho tens que ter um desejo sexual forte e eu gosto muito de foder.

Por outro lado, quero sublinhar que, em 1:30 horas, não há só sexo. Uma parte muito importante do encontro ocupa-se com a ligação com a outra pessoa e a partilhar um espaço de tranquilidade e carinho.

E quanto ao sexo, para surpresa de muitos, os putanheiros têm uma sensibilidade e um respeito máximo pelo meu corpo. Importa-lhes de que coisas gosto e de quais não gosto.

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A experiência que ofereço está definida seguindo as minhas preferências. Se um ser humano quer algo distinto, procura uma puta diferente.

O homem não impõe os seus desejos às putas, procura uma que pode dar-lhe o que ele quer. Há uma hierarquia de poder em que somos nós [as putas] quem temos o controle da situação.

As prostitutas não são uma categoria inferior de mulheres. Temos tanta sensibilidade e direito a disfrutar como qualquer uma que não seja puta.

Os indivíduos autoritários e dominantes que acreditam que têm direito sobre mim por causa do seu dinheiro ou pela posse de um pénis detectam-se com facilidade e não entram na minha cama.

Nós, as putas exercemos um trabalho fundamental para a paz mental de muitos.

Por outro lado, há que valorizar os riscos a que nos expomos. Há muitas mulheres que vivem mal com o estigma e sentem que se os seus conhecidos soubessem, arruinariam a vida. Também há que ter em conta o risco de DST. 

Faço práticas que são deliciosas dentro do meu critério. Há algum tempo, um homem perguntou-me se, durante o sexo, podia dar-lhe murros nos testículos. Poderia ter-lhe dito que sim, mas não gosto em absoluto disso e não me parece justo prometer uma qualidade de serviço que, talvez, não possa entregar porque teria que estar a fingir.

Defino-o sempre como um chuto de dopamina. Não defino o serviço mediante as práticas sexuais.

Foder com desconhecidos desta maneira é uma preferência sexual. Não gosto de ligar-me, não me apaixona a ideia de ser namorada de alguém, não quero ter relações de longo prazo. As relações com os meus clientes dão-me muito a níveis diferentes. É o trabalho ideal para mim.

Fazer mamadas com preservativo não é unicamente por uma questão de segurança, também é preferência sexual. Fora do meu trabalho, há muito tempo que não faço felações a nu em relações esporádicas.

Desde o primeiro momento soube que não ia ter uma vida dupla. A sociedade estigmatiza as putas por causa de valores doentes e não vou adaptar-me a uma sociedade doente. Quero que o meu exemplo faça parte de uma mudança rumo ao progresso. Que se normalize a profissão e que possamos começar a ser vistas como mulheres com os mesmos direitos e estatuto social que qualquer uma que não seja puta."

Gina Maria

Gina Maria

Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.

"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]

+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas) 

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