12 Abril, 2019 "Até que o porno nos separe". A história de amor de uma mãe que sai do "armário"
Documentário relata como Eulália se redescobriu quando soube que o filho é um actor porno gay.
"Até que o Porno nos Separe" é um documentário do realizador português Jorge Pelicano e conta a história de Eulália, uma mãe religiosa e conservadora que se depara com o facto de o filho, Sydney Fernandes, ser o actor porno gay Fostter Riviera.
O documentário, que vai chegar às salas de cinema em Portugal a 1 de Maio próximo, tem recebido prémios a nível internacional e muitos elogios. Trata-se de uma história de transformação de uma mãe que acaba a aceitar o filho como ele é, contra todos os preconceitos.
"O amor pode mudar tudo".
Sydney Fernandes resume com aquela frase, em declarações ao Público, a lição que o documentário encerra. Eulália acaba por "sair do armário", ultrapassando os preconceitos dos seus 60 e tal anos de idade e aceitando mais do que a homossexualidade do filho, a sua profissão como estrela da pornografia.
Fostter Riviera tem mais de 300 filmes no currículo e é uma estrela internacional do porno gay, tendo já recebido vários prémios. Ele não escolheu ser homossexual, mas decidiu tornar-se actor porno quando estava emigrado na Alemanha, para onde tinha ido trabalhar como designer.
Eulália é uma mulher religiosa e criou Sydney Fernandes como filho, depois de o ter acolhido com apenas 5 meses na sequência da morte do irmão que era o seu pai biológico.
A transformação que a mulher viveu e que é ilustrada pelo documentário, levou-a não só a aceitar a vida e a profissão do filho, mas a tornar-se numa activista dos direitos LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexo), participando nas Marchas do Orgulho Gay e integrando a Amplos – Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual.
"O filme é a pura realidade da minha vida, do sofrimento que passei para que este filho não se perdesse, para que eu não perdesse esse filho, porque os filhos nunca se perdem."
As palavras de Eulália, em entrevista ao Público, ilustram o caminho tortuoso, mas com final feliz. Porque afinal, todos somos iguais independentemente do que fazemos, como realça Sydney Fernandes no mesmo jornal.
"Eu tenho uma família, um emprego, uma vida normal. A pornografia é uma loucura que me deu e gosto, mas não me faz ser menos ou mais do que os outros."
Em jeito de conclusão deste processo, Eulália publicou no seu perfil do Facebook um texto que deve servir de inspiração para outras mães que se deparem com dilemas semelhantes.
"Andei durante vários meses a ponderar se estaria preparada para fazer uma grande loucura: escancarar o meu armário. Não há nada mais forte do que o elo entre uma mãe e um filho porque ser mãe é uma missão maravilhosa mas com muitos desafios. Pelo meu filho, redescobri-me."
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Gina Maria
Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.
"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]
+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas)