15 Noviembre, 2018 Bife com gordinha a cavalo
Eu convidei-a para almoçar. Ela transformou-me no prato principal...
Conhecem aquela anedota do homem que comeu um boi? Espantados, os amigos perguntam-lhe: Mas como é que conseguiste comer um boi inteiro? Ora, à base de muito pão!
Desconhece-se a identidade do protagonista e se sobreviveu à indigestão, mas esta história podia perfeitamente referir-se à minha pessoa.
Eu sou aquilo a que se pode chamar um homem de muito alimento. Gosto de uma lauta refeição, daquelas que no final nos deixam alegremente maldispostos. Uma refeição completa, que comece com boas entradas, derive por uma considerável variedade de pratos principais e termine com uma apoteótica sobremesa. Tudo regado com um bom néctar e finalizado com o cigarrinho da praxe, ambos partilhados em reconhecimento com quem tão diligentemente nos serviu:
– Obrigado, querida. Foi a melhor foda da minha vida!
Os leitores que pensavam que eu estava a falar de gastronomia, a estas horas já perceberam que não estão na secção de comentários do Zomato. Os que viram logo que eu estava a falar de cona, parabéns e digam à vossa mãe que pode guardar o óleo de fígado de bacalhau, pois se algo vocês não têm é problemas de apetite.
Mas a verdade é que alimentação e foda estiveram sempre ligadas. E até calha bem falarmos de mães, pois elas são a maior prova disso. Basta considerar que, para uma criança nascer, em algum momento anterior a mãe teve que ser “comida” por um pai faminto.
É assim desde a pré-história. Provavelmente, ao avistar a mãe de cócoras a beber água no rio, com o rabo ao léu e a exalar aquele temperozinho de cona avinagrada (na altura não havia os cremes para a racha que há hoje), o pai pensou, antes mesmo de lhe aviar com a marreta no coco:
– Ui, olha-me aquele petisco!
E um pedaço de carne suculenta cresceu-lhe imediatamente entre as pernas – um primeiro esboço, ainda bastante cru, do que mais tarde inspiraria a salsicha alemã e a alheira de Mirandela.
Antes de se lançar à cópula, e dando ela sinais de despertar após a marretada nupcial, terá sentido necessidade de lhe amaciar um bocado as carnes, enquanto lhe cheirava muito bem as miudezas para garantir que estariam em boas condições de consumo. É bom lembrar que então não existia a ASAE.
Inspeccionado o selo de qualidade, terá então iniciado o ritual gastronómico propriamente dito, começando por degustar-lhe os sucos das partes baixas: vinagrete na racha e barbecu (auto-explicativo…). Assim se descobriu, certamente, o “molho” enquanto conceito, que nunca mais abandonou a dieta mediterrânica. Não sei como é com vocês, mas eu não como nada, seja cona seja cu, sem a respectiva molhenga a acompanhar...
Por fim, depois de se enfiar nela como uma espetada humana numa panela bem untada, terá observado com curiosidade aqueloutro buraquinho mais acima a piscar-lhe o olho. Então, porque a receita da evolução não se faz apenas com apetites mas com muita tentativa e erro, espetou-lhe a narça ali também, criando a primeira versão conhecida das petit gateau e originando o adágio que se haveria de popularizar pelos séculos:
– Quem não é para comer não é para cagar!
Tirando esse acto falhado, mas aperfeiçoado ao longo dos vários estágios da evolução humana, o repasto correu bem e rapidamente aquela margem do rio se tornou o spot mais trend do fast fuck da época.
Nove meses depois, quando o fruto dos seus amores desgarrados saiu do forno e se agarrou imediatamente às tetas da mãe, o círculo que une gastronomia e sexo ficou fechado.
Assim se explica por que razão os homens gostam tanto de mulheres – e algumas mulheres também: é o sítio de onde todos saímos, e tão satisfeitos com a experiência que só nos apetece voltar.
Exactamente como um bom restaurante.
De lá para cá, muito mudou mas não o essencial. Comer continua no topo nas nossas preferências biológicas, tanto na mesa como na cama. E só na linguagem encontramos mínimas diferenças: o que no prato chamamos sanduiche, na cama apelidamos de ménage…
... Auto-broche é pescadinha de rabo na boca (idem para auto-minete). Lesbianismo é pão com pão (sem chouriço). Cowgirl é ovo a cavalo. No cu é churros à espanhola. Orgia era salada russa antes de passar a fusão. E por aí adiante, sempre a desorvalhar mato. Interessa menos o nome das coisas do que aquilo que elas têm para nos oferecer. E a verdade é que, no que toca à satisfação pessoal, nada é mais consolador que um bom arroto e um palito afiado para libertar o pintelhinho teimoso que nos ficou entredentes.
Ora, neste fabuloso mundo de comer e ser comido, não há melhor pitéu do que uma mulher, ela mesma, de muito alimento. E de entre todas as candidatas, que serão algumas – eu próprio me posso gabar de conhecer umas quantas –, a mais prolífica é essa iguaria rechonchuda a que carinhosamente chamamos “gordinha”.
Quem nunca comeu uma gordinha que pare de atirar pedras, porque não sabe o que anda a comer. Recusar tal acepipe é uma ofensa aos deuses da ordenha. Desdenhar uma gordinha é o equivalente a fazer greve de fome quando há umas migas à alentejana em cima da mesa. Ou a lanchar numa Padaria Portuguesa: por mais que se experimentem as promoções, com mais ou menos bicho, nunca ficamos verdadeiramente satisfeitos.
A gordinha é a própria receita da felicidade, o toucinho-do-céu da foda. Nada lhe falta e tudo lhe sobra – e bem sabemos como em matéria de alimentação é melhor sobrar que faltar.
E, sobretudo, nenhuma como ela é capaz de nos saciar simultaneamente a fome e a vontade de comer…
A gordinha é o cozido à portuguesa do broche, a jardineira da punheta, a paella da espanholada, a sopa de grelos da foda, o puré de batata do enrabanço... É a refeição completa confeccionada com ingredientes naturais e o tempero da nossa avó, que com um bocado de sorte também era gorda.
Quem nunca provou uma gordinha nunca foi feliz: apenas pensou que era. Como há a Alegoria da Caverna, há a alegria da gordinha. Porque comer uma gordinha é entrar num mundo mágico de onde nunca mais se quer regressar – uma mistura de Disneylândia com o Preço Certo. Se não, perguntem a vocês mesmos quem depois de comer cherne quereria voltar ao peixe-espada
Conheci a minha primeira gordinha no talho e só a ironia já é assinalável. Mas era mais que isso. O fiambre, de primeira qualidade. A alcatra com um aspecto divinal. A vazia enchia só de olhar para ela. O lombo de deixar água na boca. As costeletas esgotadas…
Depois de a elogiar assim, ela ficou vermelha como a carne do alguidar.
– E a carne também tem bom aspecto… – disse, apontando para as montras frigoríficas.
– Obrigado – respondeu timidamente. – E vai levar alguma coisa?
– Tudo o que conseguir! Como te chamas?
– Patrícia.
– Patrícia…
Repetir o seu nome na minha boca soube-me a pingo de picanha a derreter…
– Posso-te convidar para almoçar?
– Almoçar? Não sei… Onde é que estava a pensar?
Hesitei apenas por um segundo, como um relógio que não sabe se há-de andar para a frente ou para trás, quando ela começou a tirar o avental e disse:
– Bem, são horas de fechar para o almoço…
Quem nunca fodeu numa arca frigorífica não sabe o que está a perder. É como correr à chuva no Alasca: o corpo aquece mas recebe ao mesmo tempo a refrigeração de que precisa.
Assim que fechámos a porta e os graus negativos tomaram conta dela, a menina tímida que vendia farinheiras transformou-se na capataz do matadouro. Agarrou-me como se eu fosse uma pluma e deitou-me de costas na bancada de desmancho, pondo-se de imediato de joelhos sobre mim, com as pernas bem abertas. Assim encaixada e agarrada com as duas mãos a um dos ganchos que não tinha meios-vitelos, começou a roçar a cona no volume da minha picha, que dentro das calças estava tesa como um espeto.
– Espero que estejas com muita fome, porque este ano ainda não fodi…
Como era dia 2 de Janeiro, deduzi que era uma rapariga – lá está! – de muito alimento.
Naquela posição, sentia-me um presunto à mercê dos comensais. Ela continuava os movimentos de vai e vem sobre a minha cintura, ao mesmo tempo que me lambia e mordia o pescoço e me arranhava os braços com as unhas afiadas.
Estava claro quem “mandava” na situação. Eu tinha-a convidado para almoçar mas ela transformara-me no prato principal!
Com sensualidade, levantou a camisola e derramou o maior par de mamas que alguma vez tinha visto na minha vida! Depois, orientando uma delas com a mão, começou a pincelar-me a cara com o respectivo mamilo, também ele bastante generoso.
Não conseguia deixar de apreciar tal monumento, resplandecente de vida.
– No dia em que decidires ser mãe, a garotada fome não há-de passar – disse-lhe, com carinho.
– Cala-te! – respondeu, enfiando-me a enorme teta na boca.
Empurrava-a com tanta força e era tão grande que, além da boca, me vedava também as narinas. Nessa altura eu respirava apenas pelos olhos, que me recusava a fechar com medo de perder nem que fosse um grama daquela grandiosa maravilha.
Quando ela achou que eu já estava suficientemente sufocado, chegou as ancas mais à frente, tirou a teta e substituiu-a pela cona.
Tinha as cuecas tão molhadas que nem parecia estar a usá-las. Todos as suas nervuras estavam perfeitamente definidas por baixo do tecido. Ainda assim, desviei-lhas um pouco para o lado, pois queria abocanhar o máximo possível daquela racha pingada. E em nada me desiludiu, pois recebi na boca os lábios da cona mais macia e carnuda que alguma vez tive a honra de degustar. A textura e o odor eram absolutamente divinais, como um carpaccio marinado em flores do bosque.
Comecei a lambê-la com tanto prazer que pensei que me ia vir antes dela. Só não aconteceu porque, passado um breve instante, com um grito seco, mais gritado para dentro que para fora, Patrícia se veio primeiro na minha boca, comprimindo-me a cabeça entre as pernas como um quebra-nozes a atacar uma azeitona.
Pensei ter ouvido o meu pescoço estalar, mas era o zipper das minhas calças a abrir. Estava com tanta tesão que o tinha arrombado com as marradas do caralho!
– Fode-me! – supliquei, cheio de pressa em enfiar o nabo naquele caldo Knorr que me lambuzava a cara toda.
– Como assim, fodo-te? – perguntou, com um ar depravado. – Eu não tenho caralho para te foder…
Quanto mais eu levantava fervura, mais ela respondia com água fria. Aquela tantalização estava a deixar-me louco.
– Fode-me com a essa cona linda!! – gritei.
– Mas isso não é foder, é ser fodido… Não, primeiro vamos-te foder!
Desmontou-se de cima de mim lentamente e, com um único puxão firme, virou-me como quem vira um hambúrguer na brasa.
– O que é que estás a fazer…? – inquiri, com algum temor mas sem a mínima vontade de travar os seus ímpetos lúbricos.
– Calado! – disse, com uma voz imperativa.
Voltou a montar e senti-a puxar violentamente as minhas calças e cuecas para baixo, tudo junto, deixando-me de cu à mostra. Logo de seguida, ainda o meu rabo não se tinha aclimatado às temperaturas glaciares, senti uma estalada em cada nádega que me deixou a ver estrelas. Com o frio que estava, era como ser sovado com uma manápula de pedra mármore!
Ia protestar quando ela me enfiou uma mão dentro da boca e ordenou:
– Lambe bem… É para teu benefício.
Nessa altura fiquei completamente apardalado, razão pela qual não fui capaz de antecipar o que se seguiu. Tirando-me a mão da boca, sem dizer água vai, enfiou-me abruptamente um dedo no cu, tão fundo que me riscou a próstata!
Soltei um grunhido que pensei traduzir dor, mas reparei rapidamente que era mais surpresa que outra coisa. E logo a seguir a essa surpresa, outra surpresa ainda maior: puro e esfusiante prazer! Tive que fazer um esforço monumental para não me vir, porque queria fazê-lo dentro dela, fosse lá onde fosse!
Patrícia metia e tirava o dedo cada vez com mais rapidez, fazendo crescer o ritmo dos meus gemidos.
– Pára, senão venho-me! – avisei.
– Humm, não sei… Achas que já estás bem fodido? – perguntou, imprimindo ainda mais velocidade às penetrações.
– Sim...
– Não ouvi nada. Já estás bem fodido?
– Sim!! Sim!! – gritei. – Quero-me vir na tua cona!
– Ai queres…? Não sei, não sei…
Fazia de propósito para me deixar maluco!
Mas às tantas lá se decidiu e virou-me de novo sem cerimónia, como se eu fosse uma tira de bacon. Enterrou-se de cona em cima do meu pau, soltando no acto um perceptível gemido de gozo, e começou a cavalgar como uma amazona num estampido.
Jamais esquecerei aquela visão! Cada pedaço de carne do seu corpo parecia independente do resto. Tudo tremia, mas em direcções opostas. Era um verdadeiro espectáculo de variedades e agradeci a distracção, pois continuava a lutar com todas as minhas forças para não me vir, para prolongar aquela sensação deliciosa.
– Apalpa-me o cu! – mandou.
Tentei.
– Chupa-me as mamas!
Consegui vagamente.
– Morde-me o pescoço!
Nem saberia por onde começar…
Depois apeteceu-lhe variar a posição:
– Anda para cima de mim!
Deitou-se na bancada e pela primeira vez consegui fazer um apanhado geral do seu corpo nu. Era linda, um corpo monumental e voluptuoso como uma ilha de algodão doce. Não resisti a dizer-lho:
– Tu és… linda!
Devo ter parecido tão honesto que a sua atitude dominadora se transformou por completo.
– Gostas?
– Gosto! Nunca vi ninguém como tu…
Puxou-me então para os seus braços com tanta ternura que uma lágrima me correu da cabeça da gaita. Mergulhei dentro dela como uma enguia-bebé num colchão de água. Não seria capaz de dizer exactamente onde se encontrava cada parte do meu corpo, afogado como estava em tanta mulher. Era maravilhoso!
Comecei a movimentar-me dentro dela e era como foder uma canoa, parecia que vogava pela calma ondulação duma praia de sonho.
Como ela parasse de gemer como antes, duvidei por instantes que lhe estivesse a dar prazer. Sentia-me ínfimo como um cavalo-marinho a copular com uma morsa. E como, para mim, foder sem reciprocidade não é foder (é mais uma masturbação acompanhada), perguntei:
– Estás a sentir?
– Estou a sentir tudo, querido! Fodes-me tão bem…! Fode-me com força!!
Então, já a sentir-me um leão-marinho, fodi-a com as forças que me restavam, cada vez mais intensamente, até que ela se veio outra vez, agora com o canto de uma sereia na final do Sequim d’Ouro. Eu estava prestes a vir-me também, e assim lho disse.
– Espera… Aguenta só um bocadinho! – pediu, com tanta fofura na voz que quase me esporrei para cima dela.
Saiu de baixo de mim com uma agilidade que eu não lhe adivinharia e foi a correr ao talho, nua como estava e sem se incomodar minimamente com as persianas abertas da loja. Voltou com uma travessa de escalopes e, segurando-a numa mão, agarrou-me com a outra no caralho e massajou-o até estar capaz. Então ordenou:
– Vem-te agora!
E vim-me longamente em cima da bifalhada…
Nessa noite, depois de nos lancharmos, jantarmos e cearmos, comemos os escalopes. A marinada estava deliciosa, por isso volta e meia repetimos a receita. Fica a dica para as “conas de casa” mais atrevidas: se já sabiam que a esporra deixa a pele macia, agora ficam a saber que deixa a chicha tenra.
A partir desse dia, embora sem desprezar totalmente os restantes pratos do cardápio, os meus hábitos alimentares mudaram por completo. E sempre que estou “com os apetites” e anseio por uma refeição completa, com boas entradas e melhores saídas, já sei o que hei-de comer…
Gostos não se discutem e cada um terá a sua opinião. Mas depois de conhecer a Patrícia, sei bem qual é a minha: para me matar a fome, só mesmo uma gordinha!
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com