12 Junio, 2020 A consulta
Renata pegou no papel e sentou-se na cadeira mais próxima da porta de saída. Trocou a perna e começou a responder ao questionário...
Renata chegou ligeiramente adiantada. Gostava de ser pontual, não gostava de fazer ninguém esperar. Mas agora que estava ali arrependia-se por ter chegado antes da hora. Era tempo que tinha para gastar num sítio que não a fazia sentir propriamente à vontade.
A sala de espera vazia tranquilizou-a um pouco. Menos mal, pensou. Não lhe apetecia ser exposta a olhares alheios, àquele escrutínio inexorável que os desconhecidos dedicam uns aos outros.
A menina do guichet, morena, pouco mais de 20 anos, um pouco roliça, estava ao telefone e fez-lhe sinal para aguardar. Renata abriu a mala e remexeu lá dentro sem saber o que procurava. Não precisava de nada. Era apenas para fazer algo com as mãos, cujas palmas sentia a suar.
– Boa tarde. Dona… Renata, correcto? – disse a secretária, quando pousou o telefone. Consultava a agenda do dia. – É uma primeira consulta, correcto?
– Sim.
– Muito bem. O senhor doutor está um bocadinho atrasado hoje, porque tivemos um caso difícil esta manhã e tem sido complicado retomar as marcações. Mas não se preocupe, prometo que não terá que esperar muito. Pedia-lhe, entretanto, que preenchesse este pequeno questionário para depois entregar ao senhor doutor.
Renata pegou no papel e sentou-se na cadeira mais próxima da porta de saída. A sala era confortável mas não em demasia, o que podia indiciar que as esperas ali não eram efectivamente longas.
Algumas cadeiras e sofás, uma mesa baixa com revistas mais ou menos actuais, plantas aos cantos e um único quadro na parede, uma cópia flamenca representando uma mulher agitada, com a roupa rasgada e rodeada por homens de aspecto sombrio e olhos arregalados. Não era uma cena demasiado inspiradora para aquele lugar específico, pois evocava sobretudo tensão e impotência. Não a fez sentir bem, pese embora as cores serem agradáveis.
Renata trocou a perna e começou a responder ao questionário.
– Que tipo de experiências já praticou: vaginal; oral; anal…
– Que tipo de experiências deseja praticar: vaginal; oral; anal…
Sentiu subitamente as cuecas demasiado apertadas na virilha e um pequeno mosto líquido a criar-se na boca de baixo.
Achou melhor não pensar muito e responder o mais depressa possível às questões que, apesar de bastante directas e frias, já lhe tinham começado a dar calores.
O som de uma porta a abrir desviou-lhe a atenção das folhas. Risinhos femininos, a voz suave de um homem, uma despedida afável. Segundos depois, uma mulher não muito mais velha que Renata, pelos 45 anos talvez, surgiu na sala com gestos despachados mas não nervosos. Tinha as faces vermelhas e sorria abertamente.
– Boa consulta? – inquiriu a secretária, profissional.
– Muito boa. São anos que nos saem de cima…
– O senhor doutor não falha.
A mulher tirou da carteira o cartão multibanco, passou-a à funcionária e ficaram ambas a tagarelar alegremente.
Renata deixou de as ouvir. Ao perceber que o seu momento se aproximava, sentiu-se ainda mais desconcentrada. Preencheu rapidamente os campos em falta no questionário, como se tivesse dúvidas de que seria capaz de o terminar se pensasse muito mais no assunto, e dobrou as folhas, contrariamente ao que era indicado no enunciado. Sentia as pernas dormentes e antecipou um instante de pânico, questionando-se mesmo se conseguiria levantar-se da cadeira. Mas quando a roliça empregada chamou o seu nome, levantou-se muito lesta e as pernas obedeceram-lhe perfeitamente.
– Dona Renata, pode entrar.
Bateu suavemente na porta aberta e a mesma voz suave de há pouco ordenou-lhe que entrasse.
– Sente-se, fique à vontade.
O médico, de fisionomia alta e magra e com um ar mais jovem do que a idade que provavelmente teria, olhou por momentos para o ecrã de computador que tinha à sua frente. Depois pediu:
– Tem aí o nosso questionário? Obrigado.
Leu rapidamente as respostas de Renata e pareceu satisfeito.
– Muito bem. Vejo que é muito clara naquilo que pretende, o que é óptimo. Como é a primeira consulta, devo apenas dar-lhe um par de pequenos avisos à priori. Nós aqui somos muito calorosos na recepção aos nossos pacientes, mas o tratamento em si é basicamente clínico. Isso tem uma razão de ser. Se eu a pusesse demasiado à vontade, ou se adornasse os procedimentos, isso poderia confundir os resultados que querermos atingir. Tentamos que o tratamento funcione por si mesmo, não pela transmissão de uma corrente emocional exterior ou alheia a esse mesmo tratamento. Entende?
– Julgo que sim.
– Aqui encontra técnicos, não amigos ou cúmplices. Não estamos aqui para ser simpáticos mas os melhores executores possíveis dos meios que conduzem a um fim.
– Compreendo.
– Muito bem. Então, se fizer favor, vá ali atrás do biombo e tire a roupa.
As cuecas apertavam-na cada vez mais e foi um alívio quando se libertou delas. Uma pequena nuvem de vapor invisível soltou-se da sua zona íntima quando o fez e Renata tentou absorver o seu odor. Não era demasiado intenso e isso tranquilizou-a. Não queria ser uma daquelas fêmeas óbvias cujo desejo se manifesta de forma demasiado evidente.
Completamente nua, postou-se no centro do consultório enquanto o médico ajeitava uma marquesa.
– Suba para aqui e ponha-se de joelhos.
Renata trepou para a mesa e colocou-se conforme o instruído. O instinto, ou o conforto, fê-la baixar a cabeça, deixando-a com o rabo nu muito levantado. Imediatamente recebeu instruções para não o fazer.
– Não, ponha-se mais de gatas. – Com as mãos frias, o médico tocou-lhe nas nádegas para lhe orientar a posição, até que pareceu satisfeito. – Assim está óptimo. Peço-lhe que não baixe a cabeça, por muita tentação que sinta. Esta é a posição mais correcta para o procedimento.
– Sim, senhor doutor.
O médico puxou uma cadeira e sentou-se atrás dela. Começou por palpar suavemente a zona exterior ao orifício. Depois ligou uma pequena lanterna, abriu o máximo que pode com a ajuda das mãos e iluminou o interior. Renata ouviu a sua respiração funda, que recortava o silêncio num registo calmo e sincopado.
– Disse no seu questionário que nunca teve um pénis introduzido. Mas experimentou com algum objecto?
– Não. Só com os dedos.
– Muito bem. Quantos dedos?
– Um. Dois, às vezes.
– Muito bem. Parece tudo ok.
O médico levantou-se da cadeira e Renata ouviu-o abrir a porta de um armário e remexer lá dentro. De costas para ele não conseguia ver o que fazia. Sentiu-se exposta, mas excitada ao mesmo tempo.
– Vai sentir um pouco de frio, mas não se preocupe. Logo, logo, vai começar a aquecer.
Renata sentiu então algo muito estranho, uma espécie de gelatina a cair-lhe sobre o rego, a escorrer do ânus para a vagina. A seguir, dois ou três dedos esponjosos e experientes a espalhar aquele creme pela vulva e zonas circundantes. Por fim, mais dedos, não sabia quantos, a penetrarem-na muito vagarosamente, no cu e na cona, a esfregarem no interior aquela geleia que sentia cada vez mais quente nas entranhas.
Um objecto mais contundente e com um pequeno bico na ponta forçou-a ligeiramente. Era a extremidade de uma bisnaga de creme que o médico lhe enfiava no esfíncter. Renata sentiu uma grande descarga cremosa entrar-lhe para a tripa e não conseguiu evitar peidar-se estrondosamente.
Envergonhada, desculpou-se pelo sucedido.
– Não se preocupe, é perfeitamente normal. É sinal que o produto está a fazer o seu trabalho.
O técnico afastou-se de novo por momentos e a dada altura libertou-se sobre o silêncio o som de um objecto vibratório. Sem nenhuma orientação do que ia sucedendo, Renata sentiu esse objecto, fálico e volumoso, adentrar na sua vagina.
Soltou imediatamente um gemido e sem conseguir evitar, baixou a cabeça. Uma pequena palmada no rabo trouxe-a de volta à realidade e reergueu-se como o doutor mandara.
Estava agora de gatas com um vibrador enfiado na cona, um vibrador que atrás de si aquele médico metia e tirava de dentro dela com um vagar crescente e afirmativo. Cerca de um minuto depois, os movimentos eram já bastante mais acelerados e Renata não conseguia evitar gemer com um prazer evidente.
De súbito, aquele sólido foi-lhe retirado abruptamente, o que a deixou a arfar com certo desespero. Sentiu então as duas mãos do médico apertar-lhe as mamas e esfregar-lhe asperamente os mamilos com os polegares. Os mamilos entesaram rapidamente.
Voltou então a meter-lhe o vibrador muito de repente, e Renata sentiu um sinal precoce, a génese distante de um orgasmo que se organizava dentro de si como as nuvens que se reúnem para convocar uma tempestade.
Foi por essa altura que sentiu a primeira investida da carne. Primeiro o cheiro dela. O cheiro de virilha ligeiramente assada, de escroto suado e arrecadado, de caralho conservado em vapores concentrados de cueca que repentinamente sai do ninho. Cheiro a homem, portanto. E logo a seguir, uma haste sólida, carnuda, a pousar-lhe nas nádegas, a roçar-lhe pelo rego.
Mais uma vez, não houve qualquer aviso. Sentiu uma bola húmida na boca do cu e uma ligeira pressão. O homem recuou, descansou e investiu com mais decisão. A bola abriu-lhe a boca, à força, e assim se deixou ficar por momentos, até uma dor a atravessar de alto a baixo, pelo corpo tudo, com o epicentro no cu ligeiramente rasgado.
A nova investida foi ainda mais assertiva, de tal forma que a grande glande passou completamente a barreira exterior e alojou-se por inteiro dentro do buraco, levando atrás de si três ou quatro centímetros de pescoço de caralho. Então repousou novamente, dando a possibilidade aos músculos do esfíncter de se ajustarem às medidas do intruso, posto o que iniciou um movimento de vai-vem, crescendo em intensidade, profundidade e rapidez.
Aos poucos, Renata foi perdendo todos os constrangimentos e recebia agora apenas o prazer daquela valente foda de cu, a sua primeira enrabadela!
O caralho do médico era bastante volumoso, e Renata sentia-o todo, duro, quente, fulminando-lhe o buraco virgem e incandescendo-lhe sentimentos que lhe eram vagamente desconhecidos.
O grande doutor fodeu a seu bel-prazer, enrabou com ciência e vigor, e Renata desmanchou-se inteira sob os seus golpes firmes e selváticos. Estavam a ir-lhe ao cu e amava todas as sensações que aquele arrombar lhe provocava.
– Onde deseja que esporre? – a voz clínica mas ao mesmo tempo enlouquecida do técnico.
– Lá dentro. – gemeu Renata.
E o médico, com um pequeno urro aliviado, iniciou uma longa descarga de meita dentro dela.
Renata sentiu os jorros quentes e espaçados inundarem-lhe as paredes do cu e não aguentou mais. Baixou a cabeça, contra todas as indicações prescritas, e veio-se abundantemente pelas pernas abaixo, gritando como uma puta veneziana num bordel de Constantinopla.
O médico tirou-se dela e o buraco do cu ficou aberto e esporrado. Renata sentia as pérolas de sémen descerem-lhe pelas pernas, confundindo-se na comichão que o seu próprio fluido lhe provocava na pele.
– Deixe-se estar um bocadinho assim. Fique à vontade para se recompor.
Renata sonhou durante um minuto, acordada e em transe ao mesmo tempo, até que por fim a realidade sobreveio e se levantou. Sentiu-se tonta.
– Pode vestir a roupa.
Fê-lo, constatando que o elástico das cuecas já não lhe fazia impressão nas virilhas.
À saída, marcou nova consulta para daí a uma semana.
A solícita empregada, com o seu sorriso de reclame televisivo, repetia o seu script profissional:
– Boa consulta?
– Óptima – disse Renata. – São anos que nos saem de cima.
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com