05 Noviembre, 2020 A dívida - Parte II
Ilustrações de Xana Pascual.
A entrevista está a correr bem até agora. Apesar da relutância natural, ela ainda não recusou nenhuma ordem que lhe dei. Óptimo, porque não a quero magoar mais do que o necessário. E agora é que elas vão doer… Chegou a hora de “selar o negócio”!
– Não aguento mais… Abra a boca!
– Ohhhh…
– Mmmmmm…
– Mamma mia, que piacere!!!
– Perdoe-me a expressão, mas a minha querida sabe chupar um pau!
– Sei que a senhora é católica. Não se preocupe, depois lava com água benta. Agora vire-se e deixe-me ver-lhe o cu. Empine-se mais.
– Bello...
– Meta os dedos no rabo.
– Eu disse no rabo, catzo…
– Assim!!
– Ahhhhhhhhhhh!
– Pshhhh, quieta. Pela fraca elasticidade vejo que é virgem de cu. E que caga fininho.
– Bom para si, e para mim… Humm, é molhado como um fruto do mar. Compreende, não quero ir onde o escroque do seu marido já andou, percebe? Tem uma cona linda, mas…
– Não se preocupe, serei gentil.
– Ai, senhor… Aí não!
– Calada! Aguenta…
– É grosso demais!
– Aguenta, querida.
– Oh, senhor, está a rasgar-me… É grosso de mais!
– Pshiu. Se soubesse as vezes que o seu marido me baixou as calças e me enrabou como se eu fosse um rapaz da sacristia… Figurativamente, claro... Mas não doeu menos do que lhe está a doer agora.
– Ah… A tontura do prazer!
– Estou-me a vir!
– Estou-me a vir…
– Ahhhhhhhhhh…!!!
– Tem a cona a pulsar, senhora… Talvez não tenha sido tão mau para si como parecia. Talvez tenha sentido, pelo menos, um bocadinho de prazer…
– Pelo menos, gostava de pensar que sim.
– Leite com leite se paga.
– Estamos quase no fim do nosso “programa”. Mas antes, peço-lhe por obséquio que leve este recado da minha parte…
– …para que lá em casa nunca se esqueçam do Padrinho e do que ele pode fazer quando o contrariam.
– Abra a boca!
– Engula tudo, querida!
– Ahhhh…
– Portou-se muito bem, cara signora. Transmita ao seu marido que a dívida está paga…
– …e que espero que ele faça merda em breve, para ter o prazer de reencontrar a sua mulher o mais rápido possível.
– Passe muito bem. Ciccio, la porta!
FIM
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com