30 December, 2021 O patrão e a empregada - Parte VI
O Dia de Natal...
Não posso ser muito preciso em relação ao que se passou nesses minutos. Uma parte significativa do nosso diálogo está ainda agora envolvida numa densa névoa difusa… Sei que não estava em mim. E naquela altura, a única resposta que me ocorreu foi esta. Por muito que me custasse, tive que dizer…
– Sim!
O que raio queriam que eu dissesse?!
Há meses que andávamos num carrossel sexual. Durante esse período tínhamos explorado todas as formas de envolvimento carnal possíveis e imaginárias, exceptuando uma modalidade: a que leva a tocha olímpica, alegre e fumegante, a penetrar e inundar a pira carnuda, seja ela cona, seja ela cu! Nada! Nunca, em todo esse tempo, a minha glande sequer beijara os lábios fendidos da sua racha ou a orla aconchegante do seu ânus…
Em face da abertura de Aurora em permitir-me fazê-lo agora, era um sacrifício bastante relativo deixar que ela me enfiasse aquele tarolo no rabo! Que se foda, esta noite vou foder!! Foi o único pensamento que me ocorreu no momento…
A possibilidade de inaugurar por fim as suas gares inexploradas deixou-me frenético. Quase não reparei como ela se aproximava de mim e tentava já enfiar-me aquela coisa, sem que eu sequer estivesse preparado. Consegui acalmá-la e ir ao quarto buscar o frasco do lubrificante e eu próprio espalhei o gel em abundância pelo meu rego inteiro.
Depois, bastante desajeitadamente, Aurora começou a tentar espetar-me. Encontrou, claro, brava resistência, o que a fez gemer. É preciso não esquecer que do lado oposto da ponta que me tentava enfiar, ela tinha outra de idêntica forma e calibre enfiada na cona. Assim, quanto mais me forçava, mais se forçava a si mesma, e a julgar pela pressão que eu sentia no cu, Aurora devia estar enterrada naquele caralho de borracha até aos fundilhos!
Abri as nádegas o mais que pude e eu mesmo encaminhei o dardo, bastante rijo, para o local. Enquanto a cabeça não entrou toda, apesar do muito lubrificante, a dor foi excruciante. No entanto, quando a grande bola passou a alfândega e o encargo diminuiu, mais em espessura que em comprimento, a dor desapareceu.
Pedi-lhe para fazer devagar e, aos poucos, a sensação tornou-se agradável. Foi mais difícil de suportar quando, entusiasmada pela visão da sua fantasia realizada, Aurora começou a aumentar a cadência.
Não tenho vergonha de dizer que gritei, mas quando a extremidade borrachenta começou a embater na zona da minha próstata, também não tenho vergonha de admitir que os meus gritos se tornaram gemidos de gozo.
Sim, estava a ser enrabado. Nunca pensara em fazê-lo, embora nunca visse nada de errado nisso. E agora aqui estava, com ele enterrado nas nalgas até me fazer baloiçar os colhões. E, foda-se, era bom!!
Deixei-me estar, tanto para benefício meu como da minha amante. Uma vez que ela encontrara o caminho da libertação, era deixá-la. Apenas coisas boas podiam sair do seu momento revolucionário. Todas as liberdades precisam da sua catarse. Ir-me ao cu era a catarse de Aurora, o passaporte que a levaria, enfim, ao reino do prazer sem medo e sem culpa.
Ainda assim, apesar do prazer que partilhávamos, não perdia de vista o objectivo principal, pelo qual me estava a “sacrificar”: a cona sonhada de Aurora!
Com a borracha entalada e a gemer convulsivamente, ela estava mais que oleada para me receber. Assim, tirei-me da minha ponta do vibrador e em seguida puxei a ponta dela. Imediatamente uma golfada de líquido bolsou do buraco desimpedido.
A cara de Aurora era uma efeméride... Tinha a boca aberta e os olhos pareciam esgazeados. Quando o seu olhar se encontrou com o meu, sorriu-me como se fosse uma louca, e ainda assim, esse foi sem dúvida o momento de maior intimidade que até então tínhamos trocado...
Agora sim, estávamos verdadeiramente a explorar-nos, a abrir os nossos limites! E isso trazia-lhe, era evidente, tanta alegria a ela como a mim.
O meu caralho estava pelo menos um terço maior do que era hábito. Ela própria se espantou quando olhou para ele, de frente para mim, percebendo que o momento chegara.
Há meses que o esperava. Há meses que desesperava. E ia acontecer agora, não havia como não.
Acho que os dois compreendemos o furor da inevitabilidade. Deixei de pensar. Saltei-lhe para cima como um leão...
...e ela recebeu-me como uma vespa!
Assim que a penetrei as lágrimas começaram a correr dos meus olhos. Não sei explicar a potência do momento. Felicidade misturava-se com devassidão, alegria com luxúria, fé com destino... Eu era um anjo bom e mau com as asas a arder no palco de um carnaval, e o mundo inteiro era testemunha da minha ira benevolente, feérica e brutal.
Não me lembro bem de tudo, mas nada foi meigo. Porque eu levava a minha fúria e Aurora recebeu-me com a dela.
Não fizemos amor, fodemos como animais...
Eu queria expulsar o monstro que me atormentava e cujo bafo lamacento armazenava há semanas, mas rapidamente perccebi que não podia, não me queria vir. Era bom demais.
Em cada investida, em cada bombada, em cada sacão que lhe dava, em cada centímetro que o meu caralho avançava dentro da cona dela, eu sentia a libertação de dez orgasmos sucedendo-se infinitamente! Era bombástico na forma como uma bomba explodiria em câmara lenta...
Nunca sentira o que estava a sentir naquele momento. Era como se o meu ser físico, social, político, tivesse sido substituído por uma estrutura de carne, osso e pele, com o único ímpeto de receber todas as sensações que o sexo pode fabricar.
Eu sentia – verdade ou ilusão – que era capaz de distinguir, com os poros da pele da minha picha, cada uma das rugosidades interiores da cona que estava a foder.
E não era apenas onde os genitais se encontravam para dividir o átomo que as sensações me incendiavam. Todo o meu corpo parecia em comunhão espacial com o corpo de Aurora, como se já não fôssemos sólidos mas um líquido ou gás misturado na atmosfera. Como se à medida que nos fodíamos nos fôssemos diluindo um no outro…
Aurora veio-se várias vezes, abundantemente, sempre com gritos e tremores a acompanhar. Eu, como já referi, senti como se me estivesse estado a vir o tempo todo.
Quando finalmente ejaculei, não emiti sequer um som. Estava tão absorvido na dimensão de Aurora, a sentir tanto tudo e mais alguma coisa, que me esporrei como se fosse a teta duma vaca a amamentar o seu bezerro recém-nascido, um acto de amor irreal e incondicional...
Quem diz que no momento do orgasmo vê estrelas é porque nunca penetrou os mistérios do Universo como eu e Aurora fizemos na noite de Natal.
Esgotados, acabámos os dois por passar pelas brasas durante um instante.
Quando me voltei a erguer vi que eram quase quatro da manhã. Estivéramos quase quatro horas a foder! De frente, de trás, de lado, por cima, por baixo, por onde o nosso imaginário, livre de fronteiras e questões, nos quis levar.
Acabei por pegar no corpinho adormecido de Aurora, leve como se estivesse subitamente vazio de demónios, e levá-la para a minha cama. Ela acordou só por um momento e viu que não estava no seu quarto, no seu sítio seguro. Mas não disse nada. Sorriu, muito levemente, e fechou os olhos.
Eu fiquei a vê-la dormir uns bons vinte minutos. Depois não aguentei mais e bati uma punheta. Vim-me na cara dela.
Armando Sarilhos
O patrão e a empregada - Parte VII
O patrão e a empregada - Parte I
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com