17 April, 2016 Sexting
O que há de excitante nas palavras?
Abordar de maneira frontal a temática “sexo” numa fase em que duas pessoas se estão a conhecer, pode ser algo constrangedor para um dos intervenientes. Ou para ambos. Afinal, estamos na fase de mostrar a melhor pessoa que conseguimos ser à outra.
É cada vez mais comum que a primeira referência a este tema num diálogo venha sob a forma de troca de SMS ou por chat. Porquê? Facilidade. Será sempre mais fácil manter um discurso coerente se não estivermos condicionados pela presença física da outra pessoa. Simultaneamente, dá-nos bastante mais tempo de compasso de espera em pensar no que dizer a seguir ou como dar rumo à conversa. De facto, a troca de mensagens de conteúdo sexual tornou-se um fenómeno à escala global ao ponto de *quase* ser possível ter um momento escaldante, sem o minimo contacto físico ou visual com a pessoa. A palavra actua diretamente no nosso maior orgão sexual e, lamento desapontar-te, não é o que tens entre as pernas mas sim o que tens entre as orelhas: o cérebro. É esse mesmo orgão que te faz salivar por um rabo de saia e dá ordens ao fluxo sanguíneo de se pôr a andar para territórios mais a sul ou, no caso delas, em ligar o sistema de rega pouco acima dos joelhos.
O “sexting” consegue criar tantos problemas como aqueles que consegue resolver. Uma mensagem carrega em si um fardo invisível de exprimir por palavras um desejo da mente e um vício do corpo. Seja naquele SMS em horário de expediente da amante que te descontrola ao anúncio prévio de quando chegares a casa tens mais à espera do que o jantar. Existem pessoas viciadas nisto. Pessoas que entraram numa espiral de estimulação por palavras que deixaram de viver a sua sexualidade de forma plena, por terem encontrado algo que colmata algum dos constrangimentos que a presença física lhes causa. Por outro lado, podemos afirmar o mesmo de alguém que apenas vive a sua sexualidade quando está nua num quarto, frente a frente com o parceiro. Tudo na sua dose certa tem um efeito benéfico em nós, assim como tudo o que é em demasia se torna enjoativo, repetitivo e até mesmo nocivo.
No que consiste uma sessão de “sexting”? Perguntem isto a dez pessoas e poderão ter dez respostas diferentes. Para alguns será o envio de imagens sugestivas. Para outros o exprimir de desejos latentes na pele. Há até quem consiga “foder” em frases soltas, culminando até com um “carinho” virtual no fim. As possibilidades são imensas e variadas, sendo que o que há em comum entre todas é um emissor, um receptor e um meio de transmissão. “Sexting” é como qualquer outro diálogo normal que seja motivado pelo despertar de sensações de parte a parte. Dois amantes que sentem a falta um do outro. Dois amigos que discutem. Também nestes casos, se faz uso das palavras para provocar reações, sendo que podemos concordar que as do “sexting” são bastante mais prazerosas para a mente e corpo.
Seja um exercício de solteiros solitários à procura de um escape sexual ou o espicaçar de uma vida sexual amena de um casal, o “sexting” carece de algum know how de parte a parte. E voltando ao assunto inicial, a primeira abordagem ao tema “quero-te foder mas não sei como te dizer”, é bastante mais fácil via “sexting”. Se a nossa aproximação ao tema for de facto bem feita, podemos ter acabado de quebrar o gelo e poupar-nos a uma conversa incómoda frente a frente. Ali, presos naquele mundo “seguro” das palavras, podemos solta-nos com a outra pessoa. Somos muito mais libertinos. Estamos mais confortáveis com a nossa sexualidade. Ali, meninas de bem são autênticas devoradoras de caralhos e nulidades masculinas nos lençóis tornam-se autênticas máquinas de sexo. E no fim, quando ambos estiverem com uma mão no telemóvel e outra dentro das calças, ofegantes e de sorriso nos lábios, não se esqueçam que aquela pessoa partilhou convosco e só convosco aquele momento. “Sexting” não pode ser usado para efeitos de vangloriação alheia. Aliás, nada no que concerne ao sexo deverá ser usado para tal. Ninguém é mais que ninguém por foder mais ou ou menos do que o outro.
Porque cada um é como é. Hoje um gajo que não fode há 4 meses, amanhã uma threesome com duas gémeas. Quem sabe?
Sexo é bom quando vivido de mente limpa e livre de problemas de consciência.
Bom sexting. E cuidado com os erros ortográficos: isso tira tesão!
Boas fodas e até quarta.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.