20 April, 2016 Threesome do Demónio
Quando o trio que não é bem o que idealizamos e o demónio do meio nos obriga a sacrifícios.
Dizer que já fiz muita coisa no campo do sexo é como dizer que o Hitler era um tipo com mau feitio. Não digo isto em tom gabarolas mas tal como a comida, sou propenso a novas experiências daí que um sim da minha parte é quase certo a tudo o que me pedem (quase!).
Dizer que já fiz muita coisa no campo do sexo é como dizer que o Hitler era um tipo com mau feitio. Não digo isto em tom gabarolas mas, tal como a comida, sou propenso a novas experiências, daí que um sim da minha parte é quase certo a tudo o que me pedem (quase!).
Há quem tenha uma “bucket list”. Eu tenho uma “fuckit list”. Mas longe de entrar nas trivialidades tão já sobejamente exploradas e debatidas por tanta boa gente, o que me leva a escrever hoje é daquelas histórias que só não acontece a quem não pina. E bebe. E tem amigos da mesma laia. E uma amiga podre de boa. Devil’s threesome, aquele triunvirato tão desejado por donas de casa aborrecidas e galdérias mais acesas que uma árvore de natal a 24 de Dezembro.
O meu amigo (vamos dar um nome engraçado) Tiago, sempre teve uma saída do caraças com as gajas. Enquanto ele entra nalgum sitio e leva com 30 pares de cuecas ensopadas na cara, aqui o vosso amigo teve sempre de recorrer à língua para se safar (trocadilho não intencional). Por isso quando recebi uma mensagem do Tiago às 2 da manhã a dizer para me pôr imediatamente num apartamento nos Olivais eu nem pestanejei. No que toca a javardeira, o Tiago é o meu parceiro de tag team (e que sentido isto ganhou nesta noite). Chego a um T2 saído do catálogo do IKEA. Sou recebido pelo Tiago ao qual dou um grande abraço. O misto de perfume da Diesel com cona devia ter sido o primeiro sinal para me pôr a andar, mas como eu sou um otário por natureza quis ver até onde isto ia levar-nos a todos. O Tiago apresenta-me então a Sónia. Como poderei descrever a Sónia mantendo o meu timbre de voz num patamar longe do efeminado? Não consigo. A Sónia é aquele tipo de gaja que transforma as outras em lésbicas. A Sónia é o chamado hat trick abençoado por Deus. A Sónia tinha aquele olhar que nos trespassava a alma e parecia que nos suspirava o maior dirty talk junto ao ouvido quando nos dizia olá. Sou parvo. Mas não sou estúpido. O Tiago, das duas uma: ou queria que eu lhes filmasse a foda ou que alinhasse numa cena a três. Bem dito bem feito. Não vou tornar este texto numa merda pseudo-sensual que a E.L. James pudesse escrever por isso passemos ao que interessa. Conversa puxa conversa, risos e sorrisos misturados com olhares e a Sónia beija um e beija outro no sofá a rir. Justamente quando a coisa está prestes a sair da fase de beijos e mãos em todo o sítio a Sónia diz para pararmos.
“Querem comer-me os dois? Então TU tens de LHE fazer um bico”.
Este TU foi para o Tiago. Bem procurei pelo “lhe” à minha volta mas afinal era mesmo eu. Esta grandessíssima cabra deu-nos a volta aos dois apenas para satisfazer uma fantasia sádica voyeur em ver um gajo a sugar o nabo a outro.
- “Posso pensar nisso 5 minutos?” - diz o Tiago.
- “Pensar? Mas pensar no quê, puto? Não há nada a pensar. Quero é que ela se foda…” - digo eu.
- “Calma. Vou fumar um cigarro à varanda. Já venho”.
Fiquei com a Sónia no sofá a vermos as nomeações do Secret Story (em voga na altura). Quem nunca esteve nu, sentado num sofá com uma estranha nua e a ver a Teresa Guilherme enquanto um dos nossos melhores amigos está a considerar executar-nos um broche não sabe o que perde. O Tiago regressa com uma expressão determinada.
- “Puto, tu tens nojo de mim?”
- “Mano.. não é por isso. Népia. Caga. Baza.”
- “Puto… já viste bem a gaja? Além disso só ficamos nós a saber”
- “NÓS a saber já é demasiada gente a saber. Eu…”
E de repente o Tiago faz-se à vida enquanto me torce um braço para eu não fugir. Sinceramente não é assim tão mau. Tirando o facto que a barba de um gajo arranha na perna, no fundo basta fechar os olhos e pensar em coisas felizes. Claro que tive de me agarrar à gaja para aquilo poder continuar senão tava tudo lixado. Ao final de 30 segundos, o Tiago parecia um mergulhador em apneia que tinha voltado do fundo do Pacifico.
“Já chega, foda-se. Sónia... vá..."
Este "vá" foi simultâneo com um olhar para mim do género “mano… vamos vingar-nos”. Quando a agarro e a meto de quatro naquele sofá fantástico (IKEA), ela geme e ri ao mesmo tempo, torço-lhe o braço e puxo-lhe as ancas para mim. O Tiago, que é o orgulhoso dono de um sardão gigante, tapa-lhe a boca e está feito o kebab de Sónia. Ela nem respirava. Trocámos sempre de buraco na Sónia como se fosse ela um campo de golfe na Aroeira que nós fizemos questão de cobrir de ponta a ponta. No final, ofegante, foi devidamente coberta de meita de ambos a rir. Ela ria também. Plano diabólico dela? Talvez.
Mas teve o que queria: uma foda plena de raiva com tesão.
No dia a seguir devem lhe ter feito bastantes perguntas sobre a quantidade de marcas que tinha e porquê é que estava a andar de lado, mas ela que lide com essa merda.
Ficámos a pernoitar e na manhã seguinte fui tomar o pequeno-almoço com o Tiago. Pedimos um galão para cada um e um pastel de nata. O barulho da minha colher a mexer o galão era ensurdecedor pois o silêncio tomou conta de nós.
“Puto. Não penses mais nisto. Já está. Uma coisa é certa: nunca mais nos vamos esquecer disto”.
Sem dúvida. E até hoje nunca mais o Tiago me fez bicos. Nem mais ninguém com barba.
Até domingo e boas fodas.
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.