20 Februar, 2025 Madura tarada, molhada, esfomeada - Parte 1
Dia sim, dia não, Eléctrica ia procurar um macho para foder.
Apresentava-se como dona Lurdes, mas toda a gente a conhecia por “Eléctrica”. Era uma mulher já passada dos seus 60 anos, reformada, de nariz empinado, com carnes fartas e cabelos platinados, que se arranjava todos os dias como se fosse para a ópera. Na verdade, mal saía de casa...
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Dia sim, dia não, ia ao supermercado. E, circunstancialmente, visitava o café do bairro. Aí todos a conheciam, por óbvias razões: era lá que, uma vez por semana, ia procurar um macho para foder.
Da sua história anterior pouco se sabia. Uns diziam que fora prostituta, outros bailarina ou artista de variedades. Chegou-se mesmo a sugerir que viajara com um circo. Poucos sabiam que Lurdes toda a vida fora balconista numa loja de ferragens, e que os seus dias nunca tiveram mais aventura do que os inventários e balancetes no final de cada mês.
Sabia-se, isso sim, que tinha sido casada várias vezes, quantas ninguém podia assegurar, e que nem a idade lhe roubara o apetite maior que alguma vez tivera na vida: o de levar uma boa foda!
Disso eram testemunhas diversos fregueses do café, pelo menos uma dúzia de homens que a Eléctrica lá engatara. Por sua vontade, teriam sido muitos mais, sempre que possível tentava variar a ementa, mas a falta de oferta obrigava-a muitas vezes a repetir o parceiro.
Isso sim, uma vez regressados de sua casa, ninguém abria bico - o mais que faziam era olharem cumplicemente uns para os outros, sabendo que todos conheciam por experiência própria as peculiaridades e extravagâncias do seu apetite. Porque Eléctrica tinha gostos muito “singulares” - não era adepta, nem praticante, do que se podia chamar “sexo regular”.
Talvez por isso, também, os seus amantes não se sentissem tentados a partilhar o que se passava na sua cama. Isso e o ar imperativo dela, até autoritário, bastava para lhes certificar o silêncio:
– Isto não é para contar no café, ouviste? – dizia-lhes no final.
E eles ouviam e cumpriam, com vergonha e receio de que alguém descobrisse o que tinham feito a uma pobre idosa indefesa – mesmo sabendo que tudo não passava dum jogo.
Tudo isto contribuía para edificar a lenda e a aura de Eléctrica. Eis porque sempre que ela entrava no café se fazia um silêncio sepulcral.
Com os seus ares superiores, sem tirar os óculos de sol, avançava directamente para o balcão, ignorando toda a gente pelo caminho. Nem bom dia nem boa tarde, só falava com o patrão.
– Então, Zeca, estás bom? Tira-me aí um café cheio.
Lurdes gostava de tudo cheio.
Enquanto o taberneiro se virava no balcão, ela olhava em redor para avaliar a “mercadoria”. Só quando a chávena quente pousava à sua frente tirava os óculos escuros e perguntava:
– Alguma novidade?
– Sempre.
A novidade mais recente chamava-se Ernesto. Chegara não havia muito tempo de Moçambique e entrara, recentemente, para a equipa de electricistas duma conhecida empresa de construção civil, que tinha por hábito almoçar no café. Ainda não conhecia a peça, isto é, não fazia ideia de quem ela era, nem ninguém se chibou.
Ela mediu-o de alto a baixo, achou-o bonito. Apreciava a sua pele escura e não lhe foi difícil imaginar como devia ser sedosa e agradável ao toque. Com certeza fariam um bom par...
Mesmo sendo um pouco jovem demais para o seu gosto... Por princípio, gostava deles mais maduros e menos assustadiços. Tinha opiniões muito próprias sobre isso.
Os jovens, sobretudos os rapazes, demoram a entender a extensão e as possibilidades do sexo, ainda estão muito agarrados aos estereótipos e preconceitos herdados da moralidade. Ainda não se emanciparam, não compreendem por completo o que é a liberdade, o prazer da transgressão dos limites sexuais.
Mas que podia fazer? Não era como se tivesse escolha - tinha que se desenrascar com o que havia.
– Tratas disso? – disse ela para o patrão.
– Vai descansada.
– Toma, para pagar o café.
E depositou discretamente uma nota de 50 euros em cima do balcão. Era a comissão que Eléctrica oferecia pelos serviços de intermediação.
Era sempre assim e a partir daí era com o taberneiro. A ele cabia chamar o eleito e explicar-lhe a situação, sem entrar demasiado no roteiro do filme, para não estragar o suspense.
– Viste aquela gaja que saiu daqui agora?
– A velha?
– Boa, não é?
– Não sei. Acho que sim. É velha.
– É boa, vai por mim. Belas mamas, grande cu. Queres ir a casa dela?
– Fazer o quê?
– Ora, fazer o quê...
– Está a falar a sério?
– Muito a sério. Vais a casa dela, estás lá umas horas, e ela dá-te 100 euros.
– 100 euros?
– Sim.
– Para foder a velha?
– Achas pouco?
– Acho muito. Geralmente, sou eu que tenho de pagar.
– É boa, não é?
– Muito boa! Adoro uma cota branquela!
– Então, vais lá? Está tudo tratado, ela está a contar contigo.
– A que horas?
– A que horas sais?
– Lá para as seis.
– Está bem. Toma a morada. Bates à campainha cá em baixo e ela abre-te a porta lá em cima.
Ernesto era novo mas não era parvo. Perguntou:
– O senhor Zeca também já lá foi?
– Onde?
– A casa da velha.
– Eu?
– Sim.
– Deixa-te disso, pá. Sou um homem casado e tenho um café para governar...
Ouviram-se risos na sala, mas quando o rapaz olhou para trás calaram-se todos. Ficou sem perceber se se riam dele ou de alguma piada que lhe tinha escapado.
– Só mais uma coisa – disse Zeca, com uma expressão que reclamava secretismo. – Não digas a ninguém, isto fica só entre nós. Percebeste? Não quero cá confusões.
Ernesto fez que sim com a cabeça e voltou a sentar-se na sua mesa. Viu os outros a olharem-no com o tal ar cúmplice, que por essa altura ainda desconhecia. Não sabia que só ele não sabia ainda do que se tratava tudo aquilo. Não sabia que só ele não sabia ainda quem era a Eléctrica, ou porque lhe chamavam assim...
Lurdes confiava absolutamente em Zeca. Praticamente nunca lhe falhara. Só uma vez não conseguira convencer o alvo dos seus desejos. Era um bocarras que passava as noites a contar fanfarronices vividas em bordéis e outros pardieiros, mas na hora da verdade cortou-se.
Veio a saber-se depois que era casado, mas não era ele quem usava as calças em casa. À excepção daqueles momentos de liberdade no café, andava de trela curta e obedecia a tudo o que a mulher ditava, incluindo frequentar a igreja.
Esse, coitado, mesmo que tivesse oportunidade de mijar fora do penico, nem havia de conseguir encontrar o pau, tão murcho lhe chocalhava nas cuecas.
Tirando esse caso, a taxa de sucesso de Zeca como empresário, ou caçador de talentos, para a cama de Lurdes, era irrepreensível.
De forma que foi para casa descansada e passou a tarde a arranjar-se. Começou pelo habitual clister, para desimpedir a tripa, depois tomou banho, rapou os pêlos do sovaco e da virilha, aparou ao de leve a pintelheira, perfumou-se, penteou longamente os cabelos louros e, por fim, maquilhou a cara.
Adorava os rituais que precediam a foda, excitavam-na como se fossem preliminares. E de certa forma eram...
A partir do momento em que saía do café, antecipando as recompensas que mais tarde o seu corpo ia receber, não mais parava de pingar as cuecas. O cheiro que libertava do centro das suas pernas inebriava-a, a pontos de muitas vezes ter que se masturbar.
Mas não fazia mal, não era como se gastasse a tesão. Vir-se não lhe tirava a vontade, pelo contrário. Nesses dias, sentia-se ainda mais inflamada, ainda mais aberta a receber todo o prazer por que ansiava.
Por volta das 6h15 da tarde, a campaínha tocou. Lurdes respirou fundo e perguntou pelo intercomunicador quem era. Ouviu uma voz jovem e enérgica, ainda que algo nervosa:
– O Ernesto.
– Quem?
– O Ernesto.
– Não conheço.
– O senhor Zeca mandou-me cá.
– Tens a certeza?
A voz do rapaz era cada vez mais nervosa:
– Sim... Acho que sim...
– Achas ou tens a certeza?
– Tenho a certeza!
A voz era ainda hesitante, mas esforçava-se para parecer segura.
Lurdes sorriu. Gostava do “jogo”, de atazanar um pouco as suas “vítimas” antes de as atrair para a sua teia...
– Humm... Está bem, sobe. Eu abro-te a porta.
(continua...)
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com