01 Juni, 2020 Delírio
É um pecado não ter essa boca só para mim...
Estou cansada destes cyber dating's. Tão cansada que desisti de procurar, até para procurar um pouco de satisfação, só para o meu bel-prazer, desisti. Prefiro ficar na penumbra da minha toca na companhia do meu Alfredo, o gato persa que tenho, enquanto vemos algo na Netflix.
Quarta-feira à tarde.
Que semana espectacular que eu estou a ter e ainda só vamos a meio dela! No trabalho a minha secretária vai-se enchendo lentamente com montanhas de papéis para assinar e gráficos para analisar, a nível familiar três parentes no hospital todos relacionados com o coração, e a nível amoroso um desastre, um caos. Homens que nem um relacionamento têm comigo de um momento para o outro movem oceanos e montanhas só para estarem um pouco comigo. No fundo, procuram sexo, tal como eu que ando faminta(!), mas cansei-me de satisfações instantâneas.
Por mais que deseje sentir uma boa penetração prefiro-me entreter com o meu vibrador, que nunca me deixa desapontada, como por exemplo, as variadas vezes onde os homens criam cenários maravilhosos e surpreendentes que acabam sempre por nos deixarem aquém da expectativa.
Ao sair do trabalho faço os telefonemas habituais à minha mãe e avó, e consequentemente a perguntar pelos meus tios que estão hospitalizados.
- Porque não vais ver o teu primo Alberto ao hospital? É o que mora mais perto de nós. - pergunta-me a minha mãe.
- Sabes o que penso em relação a hospitais. - respondo-lhe num tom ríspido e seco.
- Tudo bem Ana. Só perguntei porque tu eras próxima do teu primo.
- Falaste bem agora. Bem, vou ter que desligar falamos mais depois. Beijo.
- Beijo! - grita.
A minha relação com o meu primo Alberto alterou-se ha coisa de cinco anos, claro que foi depois de ele apresentar a namorada nova à família. Afastamo-nos aos poucos, até que agora, actualmente, só trocamos mensagens nos aniversários e no natal. Famílias... Há de tudo um pouco.
Ao chegar a casa faço a minha rotina normal, contudo no banho ao ver a água a escorrer pelo meu corpo abaixo, fico a ver os pequenos caminhos que esta faz ao descer pela minha pele. Olho para o espelho que ainda está pouco embaciado e começo a imaginar que o Paulo está novamente comigo, no chuveiro. Fecho os olhos, a água continua a correr e a minha imaginação começa a divagar.
Com a mão direita começo a tocar-me.
Primeiro nos ombros, enquanto imagino os lábios do Paulo a beijar-me suavemente subindo o ombro até à parte de trás da minha nuca, depois passo para os meus seios, tocando-lhes suavemente, com cuidado tal como ele fazia, as minhas mãos continuam a descer pela barriga… Sem pressas. Aperto as minhas nádegas e afasto-as, enquanto imagino o seu pénis colocado entre as minhas pernas, enquanto faz movimentos de vaivém.
A água continua a escorrer.
Pego no chuveiro, coloco-o entre as minhas pernas e levanto ligeiramente uma das pernas enquanto me encosto contra o vidro. Fecho os olhos. A minha respiração começa a alterar-se aos poucos, aos poucos que os pequenos esguichos de água me estimulam o clitóris e as lembranças transbordam.
Quantas foram as vezes que estive assim contigo entre as minhas pernas? Olhar-te nos olhos enquanto me lambias e mordiscavas o interior das pernas. Apenas com a visão eu delirava mas ao sentir os teus lábios junto da minha pele, onde sou mais vulnerável, é um pecado não ter essa boca só para mim… mas é assim a vida.
Perdi o Paulo, perdi a sua boca, a sua audácia e o seu gosto por dar prazer à sua companheira. Um homem com gosto pela oralidade, um homem deveras dedicado. E em cinco anos de solteirice ainda não apanhei ninguém tão dedicado quanto ele.
A minha mente divaga cada vez mais no tempo e a água continua a escorrer sobre o meu corpo quente e desejoso.
Ao abrir os olhos vejo que toda a casa de banho está envolvida numa grande nuvem de vapor. “Tenho que apressar este momento”, penso. Contudo acrescento: “depois do jantar continuo a minha saga”, o banho tinha sido apenas um aperitivo para a minha fera esfomeada.
Tenho saudades.
Realmente, tenho saudades do Paulo.
Saudades da sua boca, saudades do seu toque, saudades dele.
Alexa
Uma mulher com imaginação para dar e vender.
Sempre gostei de escrever, mas coisas eróticas... isso gosto mais. Levar um homem à loucura através de palavras e da sua própria imaginação. Como adoro...