02 August, 2019 "La Puta Dignidad": Sobre luta e direitos
A luta das trabalhadoras do sexo da Argentina por melhores condições de vida.
O documentário "La Puta Dignidad" ilustra a luta da AMMAR - Associação de Mulheres Meretrizes Argentinas pelos direitos das trabalhadoras do sexo. Um exemplo de união e de preserverança em prol de melhores condições de vida para quem escolhe fazer trabalho sexual.
"La Puta Dignidad" inclui testemunhos de dirigentes da AMMAR que explicam como é que esta funciona, falam da luta política travada ao longo dos anos em prol dos direitos das trabalhadoras do sexo e abordam os problemas actuais, nomeadamente a batalha pelo direito à reforma e a apoios sociais.
Eugenia Aravena, Secretária Geral da AMMAR, Norma Pacheco e Patricia Figueroa da Comissão Directiva, referem como a AMMAR disponibiliza psicólogo, consultório médico e centro de dependências, entre outros apoios, às trabalhadoras do sexo.
A AMMAR foi criada em 1995 na cidade de Buenos Aires, integrando a Central de Trabalhadores Argentinos (CTA). Em 2000, foi criada uma filial da AMMAR em Córdoba, a segunda maior cidade argentina.
"Cansadas da constante e sistemática repressão, perseguição e discriminação, começamos a lutar pela nossa visibilidade como mulheres com voz própria", explicam as fundadoras da Associação, salientando que o objectivo é "derrubar preconceitos" e "conquistar direitos" para "sair da clandestinidade que só beneficia as máfias".
Violência contra trablhadoras do sexo a aumentar
Nos últimos tempos, a AMMAR Córdoba vem denunciando o agravamento das situações de violência contra trabalhadoras do sexo levadas a cabo por grupos de proxenetas. A Associação já exigiu ao Governo da Província de Córdoba uma investigação sobre a rede de proxenetismo que domina as ruas, maior protecção para as trabalhadoras sexuais e o desmantelamento das redes de exploração sexual.
"Depois de fazer o trabalho sexual, somos violentadas fisicamente e obrigadas a entregar o nosso dinheiro. Este grupo não é integrado exclusivamente por homens, mas também por mulheres cis e mulheres trans. Na sede da AMMAR Córdoba temos recibido muitas mulheres agredidas: feridas com armas brancas, golpes em diversas partes do corpo, fracturas de ossos, entre outras [lesões].
Nós, as companheiras da AMMAR Córdoba estamos a ser sistematicamente objecto de intimidações e ameaças de morte por parte dos proxenetas, depois de acompanhar e defender o direito das trabalhadoras sexuais."
A AMMAR acusa o Governo de nada fazer perante as denúncias, realçando que se agravou inclusive a violência perante a falta de actuação.
A associação fala de uma situação de "extrema gravidade e urgência pelos possíveis danos irreparáveis" provocados a trabalhadoras sexuais e às associadas da AMMAR Córdoba.
O que é a AMMAR
A luta pelo "respeito dos direitos humanos e laborais" é uma das missões da AMMAR que se diz constituída por "mulheres maiores de idade que, por decisão e vontade próprias, elegeram o trabalho sexual como modo de sobrevivência".
A Associação batalha pelo reconhecimento "como mulheres trabalhadoras sexuais, contando com leis e políticas públicas" que as "protejam como a qualquer outro cidadão que mora na Argentina". Esperam também ter "os mesmos direitos, garantias e obrigações que correspondem a todas e a todos os trabalhadores, como a reforma e apoios sociais".
A missão da AMMAR passa também por "lutar contra os maus tratos, o abuso e as detenções arbitrárias por parte da polícia", bem como "participar activamente na tomada de decisões e na formulação de políticas públicas que gerem igualdade de condições para as trabalhadoras sexuais".
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Gina Maria
Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.
"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]
+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas)