11 Januar, 2017 Devo pagar por sexo?
Querer e precisar: a diferença.
Quero ou preciso? Porque querer e precisar são dois verbos distintos com significados diferentes: um exprime uma intenção e o outro uma necessidade. Mas mesmo assim, estes conceitos não são assim tão preto no branco. Senhoras e senhores, bem-vindos à área mais cinzenta e colorida possível: o sexo pago.
Tens 16 anos e és virgem. Estás colocado num mundo em busca de afirmação pessoal e definição do Ser. Trocas impressões com amigos teus, bates as tuas píveas e julgas que já estás preparado para foder (não estás). Tentas e não consegues. Tentas outra vez e não consegues. Lá tocas numa mama e quase te vens no processo. Calma, jovem. Respira. Queres perder a virgindade à força toda, não é? Ouves os amigos a gabarem-se da gaja que comeram assim e assado (a maioria é tanga) enquanto tu continuas a gastar pacotes de lenços em sessões contínuas de masturbação compulsiva em frente a um computador. Consideras tomar o atalho do sexo pago. Pesquisas, lês e investigas. Como e quando o podes fazer. Será que tens dinheiro para isso? Mas principalmente: precisas disso ou é isso que queres?
Tens 23 anos e já contas com algumas tipas no teu currículum fodae. Já te fizeram bons e maus broches, já mamaste numas quantas conas e até tentaste ir ao cu a um gaja (sem sucesso). Julgas que sabes foder, quando na realidade não o sabes. Tentas a tua sorte em discotecas e bares, engatas umas vezes e outras não. Passas para o online, para o chat e para o WhatsApp. Foto ali e vídeo aqui, lá consegues sacar mais uma. Mas começas a ficar farto desta rotina. Sempre o mesmo tipo de gaja com a mesma conversa. Queres ser fodido à séria. Queres que te deixem a ti de rastos em vez do contrário. Pensas em pagar por sexo, em pagar por essa experiência que (ainda) não encontras em mais lado nenhum. Pesquisas, lês e investigas. Como e quando o podes fazer. Será que tens dinheiro para isso? Tens. Mas principalmente: precisas disso ou é isso que queres?
Tens 34 anos e já podes escolher quem fodes, onde e como. Já nada te surpreende ou choca na cama e até já tiveste duas gajas a mamar-te no caralho. O sexo não te assusta ou a falta dele, mas sim tudo o que está à volta. Aquele rapaz tímido cresceu, passou de “senhor-missionário” para “senhor-agarra-lhe-nas-ancas-e-fode-a-sem-perdão”. Mas queres mais, não é? Tal como um bom garfo precisa de ir a um restaurante de luxo de vez em quando, tu precisas de ter aquela experiência única. Precisas dela? Nada disso, é porque queres. Será? Será que também não estás a querer tomar um atalho, de evitar toda a parte “chata” que envolve levares alguém para a cama? Então é porque precisas. Porque não tens tempo para chats, encontros e cafézinhos.
Tens 65 anos e os teus melhores tempos de performance já lá vão. O corpo já não consegue aguentar o mesmo ritmo que a mente e, embora continues com esse tesão interior bem viva, o ritmo já não é o mesmo. Não estás acabado, estás cansado. Só isso. As mulheres da tua idade podem atrair, mas não te dão aquela tesão de outrora. Pensas em pagar por sexo, porque precisas, porque queres e porque podes. Não é a mesma coisa agora. Não estás a fazê-lo com a mesma tesão, não é? Mas o que podes fazer?
Estes testemunhos foram recolhidos de várias pessoas. A minha conclusão é que seja qual for a idade e o motivo, parece que a razão/motivação para pagar altera, mas a finalidade é sempre a mesma: desejo. Dos 16 aos 65, homens de pila mole e pila dura, recorrem a profissionais pelos mais diversos motivos e razões. Percebi que alguns questionam-se a si próprios mais do que deviam e se esse é o teu caso, vou citar um dos meus amigos que teve a amabilidade de contribuir para este texto: “a única cabeça que deve pensar no sexo é a que tens no meio das pernas e costuma ser burra como o caralho!”.
Entendam como quiserem.
Boas fodas (pagas e não pagas) e até domingo.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.