04 dezembro, 2016 Vestir para foder, despir para foder
Sem dúvida que a roupa tem o seu papel no jogo da sedução, mas quando é que o feitiço se vira contra o feiticeiro?
A ideia de que todos os homens se deixam fascinar por roupa provocante é um pau de dois bicos: por um lado, temos a ideia de que quanto menos roupa usar, mais provocante a mulher se torna. Por outro, a noção de provocante varia de pessoa para pessoa e essa mesma noção pode ou não ter a ver com o que a mulher veste (ou homem).
A ideia generalizada que o “hábito faz o monge” não se pode a aplicar ao conceito de “a mini-saia faz a fodilhona”. Não há dúvida que mostrar pele tem o seu peso na hora de sexualizarmos alguém, contudo, a partir de quanta pele à mostra é que “demais é demais”?
Dizia o meu avô que “canela fina, foda grossa” e, até hoje, apesar de perceber o sentido da coisa, já conheci muita “pata de Popota” que me virou em três na cama. Mas este singelo dizer, associa a elegância de uma parte do corpo à prestação sexual e isso tem tanta validade como achar que quem anda quase com a cona ao léu no meio da rua é menina de muito alimento nos lençóis. Pode estar à procura de montador, mas uma égua deve ser avaliada é na pista de corrida e não no estábulo enquanto lhe escovam a crina e limam os cascos.
Longe de mim estar a debitar postas de pescada sobre o que é sensual uma mulher vestir – até porque sou homem e eu é mais bolos – mas se uma mulher acha que basta usar ou não usar determinada roupa para conseguir despertar o instinto lascivo nos homens, está (mais ou menos) enganada. O que é sensual para mim, não é para o próximo e por aí adiante. Não vão mais longe: pesquisem nos anúncios do ClassificadosX. Vão achar de tudo e mais alguma coisa, nas mais variadas poses e com todo o tipo de atificios vestidos. Para quê? Para desperta-vos tesão/interesse. Ponto. Aquela pessoa vestiu aquilo para isso mesmo, precisamente por ter a sua própria noção do que é sensual/sexual. Agrada a uns e não agrada a outros, como em tudo, não somos um frasco de Nutella para termos 100% de aprovação. Mas podemos ter uma ideia do que a maioria gosta e acha provocante e jogar com isso, sendo precisamente essa a abordagem que a maioria faz. Eu sei que se vou a um encontro de t-shirt, ganga e ténis, não vou despertar o mesmo tipo de reação no lado oposto do que se for de fato e gravata. Ou até isso pode sair pela culatra e a tipa odiar gajos engravatados. Por isso, jogo pelo meio termo: camisa, ganga e sapatos!
Melhor do que usar ou não usar, é saber como usar.
Nem todos nós fomos feitos para usar tudo o que nos apetece e o que me fica bem a mim, pode não ficar a ti e vice-versa. Quando oiço uma certa amiga dizer a outra “hoje estás vestida para foder”, esta em concreto, tem um visual bastante assertivo: roupa escura (calças e camisola) e botas pretas. Zero pele. Esta mulher, longe de querer provocar, vai precisamente com a mentalidade oposta: vou engatar e este é o meu “uniforme de combate”. Muitos homens não vão olhar para ela, alguns até vão porque ela é boa todos os dias. Mas esta escolhe com quem fode e não o contrário. Esta ideia retrógrada de que a mulher deve comportar-se como um pedaço de carne tem de acabar, porque elas também são leoas e sabem caçar tão bem ou melhor que nós. E uma “caçadora” não anda de vestido a ver-se o umbigo e de salto alto, pois não?
Vestir para foder ou despir para foder? A escolha é tua. Caçador ou presa, faz a tua escolha.
Até quarta e boas fodas.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.