21 março, 2021 Ser gay ou não ser
A diferença entre o coração e a pila
Estamos em 2021 e estamos todos de parabéns pelos esforços desenvolvidos na luta pela igualdade de direitos da nossa comunidade LGBTQ+ (desculpem se me esqueci de alguma letra). Todos? Vá, uma grande parte de nós. Pessoalmente, tenho de dizer que o meu esforço passou por deixar de fazer perguntas sobre sexo aos meus amigos gays. É um fascínio pessoal que tenho por essa temática, porque até hoje continuo sem perceber como é que dois gajos conseguem foder sem que um deles desista depois de se vir. Foda-se, eu quando me venho, fico sem vontade para fazer o que quer que seja e estão a dizer-me que, se fosse gay, vinha-me e ainda tinha de ir mamar num piço a seguir?
Foi com base neste dilema que tive vários debates com os meus amigos gays que invariavelmente terminavam com "se tens tanta curiosidade, eu vou meter o nabo de fora e tu podes mamar para tirar dúvidas". Excelente ponto de vista, sim senhor. Mas a minha curiosidade estava a ser desvirtuada pelos meus amigos (e até por mim próprio), porque eu estava a meter tudo dentro do mesmo saco: ser gay e sexo. Porque sexo é sexo e ser gay é uma coisa diferente. Gay é uma orientação sexual, sexo é aquilo que todos queremos e sexo gay é aquilo que me interessa em aprender. Portanto, as minhas dúvidas assentam todas sobre o sexo gay e não em ser gay. Faz sentido ou tenho de o meter de fora para o mamarem?
Atenção que a minha dúvida não é "porque é que dois homens fodem?", a essa pergunta, sei bem eu qual é a resposta. Dois homens fodem pela mesma razão que eu fodo, ou seja, para vazar a real saca binária na cara de alguém. A diferença é que eu gosto de a esvaziar num belo par de olhos azuis de princesa e eles no princípe encantado. Somos todos farinha do mesmo saco escrotal, meus amigos. Tal como disse ao ínicio, a minha dúvida é puramente logística e a minha curiosidade é totalmente inocente, mas eu caí no erro de insistir em perguntar aos meus amigos gay sem levar em conta a sua sensibilidade. Caralho, eu também não ia gostar que um jagunço em todos os jantares que fosse me perguntasse como é possível um gajo rebentar um cu a uma gaja e nunca mais lhe falar o resto da vida.
Foi aqui que descobri um unicórnio na minha vida, o meu amigo que não era gay, mas que já tinha fodido com homens. Atenção que eu não disse que o meu amigo era bi, eu disse que não era gay mas já tinha fodido com homens que é um conceito que pode confundir muitos de vós hetero que me estão a ler, mas bem conhecido dos nossos amigos gays. Disse-me esse rapaz que nos tempos em que esteve de cana (sim, eu conheço gente perigosa) que era habitual um homem foder com outro homem e nenhum deles ser gay. Sexo é sexo, certo? Na perspectiva do meu amigo, ser gay é ter a capacidade de desenvolver uma relação amorosa e emocional com outro homem ou, citando-o, "é coisa de maricas". Portanto, levar com um caralho de 20 centímetros nas beiças é de homem, estar sentado com o nosso namorado a ler um livro enquando se toma uma chá é coisa de bicha.
Entendi perfeitamente o ponto de vista deste homem de barba rija e cu aberto, mas a minha dúvida permaneceu: como é que dois gajos fodem a 100% se um deles vem-se primeiro e morre para a vida? Ora, foi aqui que o meu amigo proferiu a seguinte frase:
- Pá, um dia ia lá eu e no dia a seguir ia ele. Era à vez.
Caralhos me fodam, passe o trocadilho. Tenho a certeza que os gays não fodem às prestações e não vou ficar descansado enquanto não perceber toda a logística da foda "male-to-male".
Até quarte a boas fodas com os vossos amigos.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.