08 outubro, 2017 Pilas invisíveis
Nunca olhei para uma pila num filme porno.
“Eu nunca vi porno!” - disse um ser imaginário. Todos vemos, já vimos ou queremos ver. Ponto. Eles, elas, eles com eles, elas com elas e todos ao molho. Seja qual for o teu gosto pessoal, há sempre qualquer coisa no cardápio para nos encher o olho (salvo seja).
Nós consumimos pornografia em doses individuais, ou seja, bebemos a javardeira como se fossem shots. Eu nunca vi um filme porno até ao fim e penso que a maioria de quem me está a ler também nunca o fez. Porquê? Nós só precisamos daquele bocadinho, aquela dentadinha no bife é suficiente para nos saciar a fome punheteira. O que é que procuramos no porno? Qualquer coisa que nos mantenha o tarolo em pé durante 5 minutos e pouco mais. E se fores hetero e o teu gosto for mais tradicional, então de certeza que já “não viste” caralhos gigantes nos vídeos porno que vês. Nunca olhei para um caralho num filme porno, apesar de ser o que mais aparece. Mas nunca olhei para eles, mesmo sabendo que lá estão.
Olhar para um caralho é diferente de ver um caralho.
Olhar implica um acto perfeitamente intencional em querer ver um caralho, ver um caralho é algo acidental que ocorre quando olhamos para um sítio em que por acaso está um caralho.
E assim nasceu a expressão “não estou a ver um caralho!”.
Um homem é capaz de estar a ver um belo e clássico POV com um caralho gigante em grande plano, mas ele não está de facto a olhar para aquele caralho invisível apenas para o que estás à volta e isso é fascinante.
Os hetero têm um filtro anti-caralho nos olhos.
Aliás, olhar para um caralho num filme porno é como olhar para um eclipse do sol: é perigoso. Se o fizeres, um triste mundo de insegurança irá nascer na tua mente e toda uma panóplia de dúvidas sobre o teu tamanho, espessura e performance caralhal irá surgir.
É do caralho.
Até quarta e boas fodas.
Noé