05 dezembro, 2021 Nem todos os botões são rosa
Chupar um cu tudo bem, mas no meu ninguém mete a boca.
Confesso que não tenho nenhum problema em fazer da minha língua um mineiro anal a toda à pessoa que se apresente nas condições em ser exploradas. Da mesma maneira que um mineiro não entra à grande numa mina, também eu levo um canário e chama-se "dedinho", ou por outras palavras e citando o génio filho da minha mãe, "deixa-me lá pôr o dedo a ver se posso prospectar aqui sem receio algum de encontrar lama em vez de ouro". Meter a língua no cu de alguém é o acto máximo de confiança que podemos ter com outra pessoa e se não acreditam nisto, pensem lá se já meteram a boca no cu de alguém em que não confiam? Exacto.
Mas vamos inverter aqui a mesa de jogo e colocar a coisa de outro prisma. Vamos colocar-nos a nós de quatro ou em posição de frango do churrasco e pensar o seguinte: "será que eu quero que me lambam o cu?" Porque não? Eu até sou um gajo de confiança, mas há aqui um problema nesta lógica de pensamento: eu não confio no meu cu. Quantas vezes o meu cu já me deixou ficar mal? Muitas e não vale a pena entrar por aí (nem no cu). Pese embora consiga vislumbrar uma luz de prazer ao fundo do túnel (do cu), sou invadido constantemente por pensamentos de dúvida sobre o real estado do meu esfíncter. Sim, todos sabemos do que eu estou a falar, lidem com isso e sejam crescidinhos.
Por muito cuidado que eu tenha, por muita higiene que eu tenha, simplesmente não consigo deixar de pensar nas mil formas de que a coisa possa correr mal para o meu lado (mas mais para o lado da outra pessoa). E a troco de quê? De uma linguaruça no meu olho do cu? Não vale o risco, é como saltar de pára-quedas de um avião apenas por diversão. Sim, dizem que é seguro, mas não deixa de ser perigoso, entendem? Trata-se apenas de uma simples análise de risco vs recompensa e sinceramente não me recordo alguma vez de ter pensando nisto quando me estão prestes a mamar no sardo, mesmo que haja sempre o risco de levar uma mordidela na cabeça da gaita e ficar com um microfone entre as pernas.
Além de que para pessoas habituadas a meter outras coisas em cus para além de línguas, a nossa perspectiva é um pouco diferente. Tal como um veterano de guerra pode sofrer de stress pós-traumático se tiver passado por experiências traumáticas, uma pessoa pode ter flashs daquela vez em que o tarolo se apresentou acastanhado depois de uma investida militar a um cu quando está prestes a levar com uma língua nos entrefolhos rabais.
No fundo, eu sou um maricas. Sou, mas tenho o rabinho sempre limpo e isso devia contar para alguma coisa no meio disto tudo.
Boas línguas no cu e até quarta.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.