05 agosto, 2014 Disfunção Eréctil
Nenhum homem gosta de admitir que tem um problema.
Para os homens, talvez seja uma espécie de pesadelo tornado realidade: o momento é íntimo, a vontade está lá, mas a ereção não aparece.
Daí à culpabilização o caminho pode ser bastante curto. Quem escolhe o silêncio vai agravar o problema antes de o poder resolver. Numa sociedade em que muitas vezes o papel do homem se define pela virilidade, e em que essa virilidade muitas vezes se define pelo vigor de um pénis, a disfunção erétil não é apenas um problema prático: pode mesmo colocar em causa a forma como o homem se vê a si próprio.
Quando o assunto é sexo, nenhum homem gosta de pensar em si como um problema. Entre mitos, receios infundados e uma pressão que é ao mesmo tempo social e pessoal, por vezes a disfunção erétil deixa de ser um simples problema para se tornar um autêntico gigante. Afinal de contas a solução para o problema não era impossível nem estava assim tão longe. Era só mesmo uma questão de a descobrir.
Enfrentar o gigante
"A disfunção erétil caracteriza-se pela incapacidade ocasional ou recorrente de obter ou manter uma ereção, em pelo menos três meses". Serve isto para dizer que uma situação esporádica não deve ser entendida como um problema de maior.
Durante muito tempo, julgou-se erradamente que a disfunção erétil era quase sempre uma questão que estava apenas na cabeça (na que pensa mesmo, entenda-se) do homem.
Atualmente, percebemos que a maioria dos casos tem por trás uma questão física. Na verdade, a disfunção erétil pode ser muitas vezes um sinal de um possível problema clínico. Uma ereção resulta de um processo complexo que envolve cérebro, hormonas, nervos pélvicos e os vasos sanguíneos que irrigam o pénis.
Frequentemente, a disfunção erétil provém com maior frequência de uma causa física, geralmente uma doença crónica, o efeito secundário de um tratamento, uma possível lesão decorrente de um traumatismo ou até uma combinação de diferentes fatores.
Mas há também momentos em que questões psicológicas e físicas podem confundir-se. É por isso essencial saber-se o que está em causa em cada caso.
Doenças coronárias, diabetes, obesidade, hipertensão arterial, doença de Peyronie ou distúrbios hormonais encontram-se entre as principais causas. A lista poderia ser mais longa mas neste contexto serve para percebermos um ponto importante: a maior parte dos casos é mesmo por razões físicas.
O que quer dizer que muitas vezes a disfunção erétil pode ser resolvida (ou prevenida) através de algo que está ao nosso alcance: a adoção de um estilo de vida saudável.
O exercício físico e uma alimentação correta podem muitas vezes ser o que basta para debelar o problema. A isto acrescentemos fatores de riscos que podem ser evitados, com o tabagismo, o alcoolismo e o abuso de drogas ilícitas a surgirem no topo das prioridades.
E se é verdade que o envelhecimento também se incluiu nos fatores de risco, não é menos verdade que envelhecer não é sentença. E que a sexualidade pode ser vivida com todo o prazer ao longo da vida.
O cansaço, o stress, uma baixa autoestima, ou a depressão como exemplos de situações de cariz psicológico que têm impacto na ereção.
Mas um "trauma psicológico vivido no âmbito sexual" ou a ansiedade de desempenho (mais comum entre os jovens, por uma questão de experiência) também se podem encontrar entre as razões psicológicas.
O apetite sexual masculino também tem as suas oscilações ao longo da vida. Se o corpo muda, se as circunstâncias mudam, se até a nossa mentalidade muda, seria presunção a mais acreditarmos que a relação com a própria sexualidade se mantém inalterada ao longo de uma vida.
Entender o problema
Mas se a situação se tem verificado de forma repetida, como saber então se as razões são de ordem física ou psicológica? A primeira coisa a fazer é sem dúvida procurar um médico urologista ou andrologista, para que possa ser feita uma avaliação da problemática, determinando a causalidade, seja ela psicológica ou orgânica.
Além de possíveis exames, o especialista vai tentar compreender também o percurso do paciente – seja a sua condição física, seja o seu percurso sexual.
Mas há um fator essencial a ter em conta, para que seja possivel distinguir as duas situações: é que os homens cuja disfunção pode ser atribuída a razões de ordem psicológica continuam a ter ereções durante o sono. Neste caso o tratamento muitas vezes envolverá fármacos particularmente eficazes mas, mais uma vez, é o caso em si que determina o tratamento.
O envolvimento da parceira é essencial para que seja possivel resolver a situação o quanto antes, o problema pode e deve ser falado em casal, sem pressões ou vergonha de maior.
Uma conversa descontraída e um ambiente relaxado são um bom ponto de partida para resolver uma questão que afeta os dois. O resto envolverá a compreensão do que se passa, o devido acompanhamento especializado e uma atitude positiva e pró-ativa, com o intuito de resolver o problema.
E sim, na sociedade em que vivemos ainda é bastante comum um homem achar que a disfunção erétil é uma questão de vergonha, para ser escondida num recanto da psique e evitada enquanto assunto de conversa.
Mas a sexualidade é uma parte importante da nossa vida. Desperdiçá-la por simples ignorância ou receio, não seria apenas triste. Homem que é homem não é uma máquina. Homem que é homem é simplesmente humano.