24 julho, 2016 A insustentável leveza de foder
A nossa dúvida. A dúvida delas. De quem é a culpa?
Não tive muitas namoradas, confesso. Nem conseguem terminar os dedos de uma mão para ser mais preciso.
Talvez a definição de namorada possa variar de pessoa para pessoa, mas vamos assumir que “namorada” consiste em alguém com quem estabelecemos uma relação contratual de amizade, paixão, sexo e confiança durante um espaço temporal acima de 24 horas pois penso serem estes os 4 pilares essenciais de uma relação e se a coisa dura menos que um dia então comecem a rever as vossas escolhas. Podemos dizer que cada amor é diferente, cada paixão é diferente e cada foda também. A mim sempre me fascinou toda a parte emocional e intelectual do sexo, pois ser bastante mais complexa que a parte carnal e mais complicada de perceber e desmistificar. Porque a tesão não se explica, sente-se. E tudo o resto à volta? Quanto mais pensamos em todas as coisas que mexem connosco para lá do “tenho-o de pé”/”estou toda molhada”, mais confusos podemos ficar e a natureza sexual da espécie humana é para ser boa e não para se tornar objecto de estudo.
Agora que me armei em José Hermano Saraiva da fodanga, deixem-me lá explicar onde é que eu quero chegar com esta lenga-lenga toda: nenhuma foda é igual, tal como nenhum amor é igual. A quantas mulheres já disseste “amo-te” e quantas já te fizeram vir de maneira diferente? Foi melhor ou pior em cada caso? Deveremos medir as nossas relações/fodas da mesma maneira que damos mais ou menos estrelas no TripAdvisor a um restaurante? Talvez sim, talvez não. Julgamos sempre ser “aquela” a pessoa certa, assim como julgamos sempre ser “aquela” a melhor foda da nossa vida e depois lá aparece a “outra” que afinal também é espectacular e a “outra” que, agora sim, sei que é a melhor foda do mundo. Andamos aos circulos, porque somos permanentemente surpreendidos (pela positiva e negativa).
Digamos que tiveste numa relação bastante activa sexualmente. Um deboche. Um vale-tudo que te preencheu todas as medidas, fantasias, devaneios, anseios e pedidos. Um oásis sexual. Sais disto e voltas agora a uma nova realidade em que te perdes por entre engates ocasionais e que a tesão de ser diferente mascara o vazio em que estás inserido. Um dia conheces alguém e abres o teu mundo. Baixas as armas e não a queres mandar pela janela a seguir a vires-te. Queres ficar com ela. Fodes uma vez, duas, dez, vinte. A tesão do diferente já não mora aqui e, de repente, recordas-te do que já tiveste em tempos. Mas gostas dela. Não é a mesma pessoa, nem tu. Não podes exigir de alguém o mesmo que já tiveste, pois cada pessoa é uma pessoa e estar a querer ser algo mais ou menos daquilo que se realmente é apenas irá trazer consequências negativas para ambos.
O que fazer? Como é que podes voltar a comer salsicha de lata depois de teres comido bife Wellington?
A salsicha de lata não tem de ser comida directamente da lata. Pode ser arranjada e preparada de maneira diferente. Com uma salsicha de lata, se usares a cabeça, podes supreender e ser supreendido. Até porque comer sempre bife Wellington deve fartar… tanto que não chegou para te manter sentado à mesa, certo?
Espero que esta metáfora tenha sido percebida e que hoje não vão meter salsichas no cu uns dos outros, ok?
Não existem amores iguais. Não existem fodas iguais. Melhores ou piores, mas sempre diferentes, cabe-te a ti, a ela e vocês fazerem de salsichas um autêntico bife Wellington.
Até quarta e boas fodas.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.