29 abril, 2023 Crise de valores existe mesmo?
Pediram-me para refletir se estamos perante uma crise de valores...
Há valores morais que se assemelham ou até derivam dos 10 Mandamentos, estes últimos foram os primeiros ensinamentos pelos quais o ser humano se regia ainda num mundo pouco desenvolvido industrialmente.
Os valores morais davam origem a um conjunto de crenças, a um compromisso de honestidade entre as pessoas. Fugir desse compromisso originava que sentissem culpa e vergonha.
Tentavam estar o mais possível enquadradas e adaptadas nas suas comunidades de forma a viver em harmonia com os outros. Tudo isto parece bem, mas o problema foi sempre e será sempre a forma como se vive e transmitem aos outros os valores morais, pois levou a muito fanatismo que começou a ser quebrado com a chegada dos anos 60 e a revolução industrial.
Nos anos sessenta, as pessoas, de forma rebelde, negaram esses valores como uma forma de libertação emocional. Foram do oito para o oitenta, numa tentativa de extinguir esses valores e criar novos. Novos valores sem regras, onde tudo se tornou aceitável.
A revolução industrial tornou o homem mais ambicioso e já não era OK trocar uma galinha por um porco, mas sim obter dinheiro para comprar todos os animais e adquirir poder.
Dois mundos em simultâneo em crescimento; o hippie e a revolução industrial. Deixou de ser OK ter só um parceiro. Deixou de ser OK ajudar o colega numa tarefa. Agora o que era correto era ter vários parceiros em nome do amor e liberdade, e passar por cima dos colegas, mentir para obter o cargo tão desejado ou a comissão mais elevada. Até que...
Aparece a doença mental e física, ou seja, em vez de liberdade começam a aparecer as doenças, originarias das drogas e do sexo. A nível de trabalho começa a aparecer a ansiedade, o stress, comportamentos compulsivos e obsessivos.
Durante os próximos anos que se seguiram, o ser humano começou a reavaliar os valores morais, pois o antes não era bom, mas a solução ainda foi pior.
E agora, estamos perante uma crise de valores?
Não é bem uma crise, mas sim uma procura de ajustá-los com a nossa essência, personalidade.
Estes últimos anos têm sido de uma busca constante em definir o que é certo ou errado, como deveria ou não atuar no mundo. Como podemos ter valores morais que nos façam sentir adequados na sociedade e não rejeitados? Como podemos dizer em voz alta:
“Eu faço reciclagem, mas peço imensa desculpa: não poderei viver sem o meu telemóvel. Sendo assim, faço o melhor que posso!”
“Somos amigas, estamos as duas a concorrer para a universidade, mas no fim do dia, espero que seja eu a escolhida!”
Por isso, há esta sensação de “estarmos perante uma crise de valores”.
Um dos valores principais e mais libertadores é a honestidade perante nós mesmos e os outros.
O mundo não está perante uma crise de valores, mas sim numa busca de uma nova forma de entendê-los, para os poder manter, para que o ser humano venha um dia a conseguir viver de forma mais espiritual e adaptativa. Digamos que o mundo se encontra num momento experimental, e não numa crise moral.
Entender o que realmente é certo ou errado para cada pessoa, o que é certo ou errado para a sociedade e ambiente, levará o seu tempo.
Que conclusão retirar disto tudo?
Não mais ao fanatismo moral, não mais à loucura sem limites e sem valores. Agora é tentar descobrir como se pode ser um pouco louco de forma saudável, sem perder os valores morais.
Como se pode ser amigo, mas continuarmos a colocar-nos em primeiro lugar. Como cuidar do ambiente sem ter de prescindir do telemóvel ou do carro.
É tudo por agora...
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