26 dezembro, 2019 Boxing Day...
No Natal, tive sempre tudo o que pedi. Tudo, menos uma coisa, que não podia pedir a ninguém: a prenda que ia dar a mim própria...
Não vou dizer quantos anos tenho, porque a minha ideia não é chocar ninguém. Tudo que precisam de saber sobre mim é que fui sempre uma jovem muito decidida e com muito espírito natalício. Duas coisas que hoje se juntaram duma maneira fantástica.
Na verdade, sempre amei o Natal. É de longe a minha época preferida. Melhor, até, que o meu aniversário. E tendo uma família numerosa, as nossas festas são sempre um acontecimento.
Este ano não foi excepção. O resultado disso é que toda a gente recebe mesmo muitas prendas. Quanto a mim, não me posso queixar. Tive basicamente tudo o que pedi. Tudo, menos uma coisa, que não podia pedir a ninguém. Era uma coisa que tinha que fazer por mim. Não uma coisa material, mas mais uma resolução. A generalidade das pessoas deixa as resoluções para o ano novo. Mas eu gosto do Natal e sempre desejei que este marco da minha vida estivesse associado à minha quadra favorita. Era a prenda que eu ia dar a mim própria. A minha fantasia de Natal. E não tendo sido possível realizá-la antes, ficou para hoje, o dia que os ingleses chamam boxing day. O dia em que apropriadamente decidi pensar fora da caixa…
Não vou dizer a minha idade. Mas posso dizer-vos que há vários meses já comecei a sentir borboletas na barriga e calores no baixo-ventre.
É perfeitamente natural. É orgânico e humano. Estamos desenhados assim. Aprende-se isso tudo nas aulas de biologia. Para a maior parte dos meus colegas, a biologia é uma seca. Para mim, desde há uns meses atrás, são as horas mais excitantes do meu dia. Podem chamar-lhe um “despertar”. Há uma altura em que o corpo se transforma. Há uma altura em que a mente desabrocha. E só conseguimos pensar numa coisa: sexo!
Já tinha escolhido o alvo: um rapaz da turma do meu irmão chamado Sérgio. Três anos mais velho do que eu. Anda sempre cá por casa e já se mostrou várias vezes simpático comigo, ao contrário do meu irmão, que me vê como uma miúda. O Sérgio não é muito bonito. Bonito é o César, da minha turma. Mas não passa de um miúdo. O Sérgio tem corpo de homem. E decidi que a minha primeira vez seria com um homem.
Já tinha o plano traçado. O Sérgio está sempre cá em casa a jogar com o meu irmão. E neste dia a minha família vai sempre ao cemitério, visitar os entes queridos que já partiram. Desde ontem que me andava a queixar das dores do período. Portanto, quando esta manhã saíram para o cemitério, já tinha o meu alibi preparado:
– Não consigo ir. Estou cheia de dores.
Eles foram todos. Só fiquei eu e o Sérgio, a jogar no quarto do meu irmão.
Assim que eles saíram pus o plano em prática. Entrei no duche e lavei-me muito bem. Sentia-me no estado máximo de excitação e quase tive que morder os dedos para não me masturbar.
Aliás, há três dias que não me masturbava. Começava a sentir-me com o diabo no corpo.
Mal tirei a última camada de espuma, respirei fundo e chamei:
– Está aí alguém?
Não se ouviu resposta.
Gritei mais alto e depois mais alto ainda:
– Está aí alguém? Preciso de ajuda!!
Ouvi o som duma porta a abrir e passos na direcção da casa de banho. Tinha deixado a porta entreaberta e ele falava pela fresta, sem se atrever a abri-la.
– Marisa?
– Quem está aí?
– O Sérgio.
Fiz-me desentendida.
– Sérgio?!
– Precisas de alguma coisa?
– A minha mãe não está aí?
– Saíram todos para o cemitério.
– O que é que estás aqui a fazer?
– O teu irmão disse-me que podia ficar a jogar…
Fiz um silêncio simulado e deixei-o resolver. Finalmente, tomou a iniciativa:
– Precisas de alguma coisa?
– Esqueci-me de trazer uma toalha. Podes ir ao meu quarto buscá-la, por favor? Está pendurada no cabide da porta…
– Claro.
Fiquei a imaginar a sua reacção ao entrar no meu quarto, onde tinha preparado um verdadeiro escaparate de coisas sugestivas. Em cima da cama, colocada com todo o cuidado, estava a roupa que tencionava vestir, incluindo as cuequinhas e o soutien mais sexys que tinha. E ao lado da almofada, destacado de uma forma que seria impossível não o ver, tinha deixado o vibrador dos meus pais. Nunca o tinha usado, mas sabia em que gaveta o guardavam. Devia bastar para o pôr a imaginar coisas…
Deste modo, quando Sérgio voltou com a minha toalha já não poderia ver-me apenas como uma miúda, a irmã mais nova do seu melhor amigo, mas como uma “mulher”, uma criatura sexual que estava nua apenas a alguns centímetros dele, numa casa onde só se encontravam os dois. Se isso não era suficiente para cativar o seu imaginário, não sei o que poderia ser…
Não é preciso ser-se assim tão vivida para compreender a psicologia sexual masculina. E quando ele voltou e gaguejou…
– Está aqui… a tua… toalha…
…tornou-se óbvio que o meu plano fora bem sucedido.
Para me entregar a toalha tinha que entrar na casa de banho, onde nos separava apenas a cortina do duche. Era opaca mas transparente e coloquei-me bem de frente, para garantir que no mínimo ele veria a mancha negra dos meus pintelhos.
– Vou deixá-la aqui em cima do lavatório – disse, com a voz tremelicante.
– Obrigada. És um amor!
Senti que hesitava, sem se ir embora. Estou certa que tentava adivinhar os contornos do meu corpo nu por detrás da cortina.
– Precisas de mais alguma coisa?
– Não, obrigado – respondi, puxando com o braço a toalha e certificando-me que abria as cortinas um pouco demais e lhe deixava ver um bom pedaço da minha pele molhada. Talvez até um seio…
– Já vou ter contigo para te dar um beijinho de agradecimento!
Senti-o sair da divisão e pensei se não teria exagerado com a promessa de um beijo. Depois ignorei. Fosse como fosse, os dados estavam lançados.
Saí do duche e enrolei a toalha no corpo, começando a pentear-me enquanto cantarolava. Não ouvi a porta do quarto do meu irmão fechar-se e suspeitei que Sérgio devia estar atento aos meus movimentos.
Deixei passar propositadamente algum tempo, para o deixar divagar sobre o que tinha visto, até que entrei de rompante no quarto onde ele estava. Ainda levava a toalha enrolada ao corpo, completamente nua por baixo.
Com toda a descontracção, atirei-me para cima da cama e comecei a falar como se aquele comportamento insólito não passasse do momento mais inocente do mundo:
– Quer dizer que se foram todos embora…
– S-sim.
Sorri interiormente ao notar que ainda estava naquele estado nervoso de gaguez.
– O que é que estás a jogar? – nem o deixei responder. – Não consegui ir, estava cheia de dores do período…
Com isto, punha-o a pensar directamente na minha cona. Mal o disse, perdeu uma vida no jogo…
– Mas agora já passou. A água quente faz maravilhas. Ainda assim, acho que queimei uma virilha. Estava quente demais…
Levantei um pouco a toalha, como se examinasse a zona potencialmente queimada, e deixei uns quantos pêlos à mostra. Sérgio estava de lado, mas se tivesse um olhar periférico tão bom como o meu de certeza que iria notar a exposição que eu lhe oferecia. Sem conseguir controlar-se, virou a cabeça para mim e olhou directamente para a toalha levantada. Engoliu em seco…
– Queres ver? – perguntei, com a maior simplicidade que consegui. – Pode ser grave…
Sempre hesitante, pôs os comandos de parte, levantou-se e sentou-se na cama.
– Aqui… Vês esta mancha vermelha? Achas que pode ser grave?
– Acho… Acho que n-não…
– Achas que pode alastrar? – perguntei, afastando ainda mais a toalha e deixando-o ver agora uma boa mão cheia de pintelhos pretos.
Ele não conseguia dizer nada. O seu olhar saltava do meu ventre para os meus olhos, como se procurasse uma indicação sobre o que fazer a seguir.
Senti que tínhamos chegado onde eu queria e abri completamente a toalha, expondo-lhe o meu sexo sem qualquer obstáculo. Não aguentou mais! Subiu para cima de mim e começou a beijar-me com sofreguidão. Eu respondi-lhe na mesma moeda, abrindo a toalha por completo e ficando toda nua debaixo dele.
Apalpou-me logo as mamas, com delicadeza mas com vigor, estimulando-me os mamilos com o polegar. Era uma sensação maravilhosa! Depois foi descendo pelo meu corpo com beijos, até chegar ao meu monte de vénus. Segundos depois senti pela primeira vez um toque exterior no meu clitóris, um toque dado por outra pessoa, neste caso uma língua esponjosa e quente. Sentia-me extremamente molhada e gemia sob os seus beijos e carícias.
Enquanto ele explorava as minhas partes baixas, perguntei-lhe:
– Já estiveste… com uma rapariga?
– Sim. E tu, já estiveste com um rapaz?
– Não…
– Eu tenho cuidado.
Puxei-o para cima de mim e beijei-o com ardor, agradecendo aquela demonstração de cavalheirismo num momento tão delicado. Foi quando senti um volume duro no meio das suas pernas a roçar-se contra as bordas da minha cona. Ele usava calças de ganga e aquela fricção era desconfortável.
– Tira as calças! – exclamei, num impulso.
Ele saiu de cima de mim e assim fez. No lugar das calças apareceram as cuecas com um grande volume lá dentro, uma coisa que se mexia como se estivesse viva.
Sérgio pareceu ficar outra vez bloqueado, sem saber exactamente o procedimento seguinte. Não consegui deixar de me rir!
– Tira também já as cuecas. Quero ver-te!
Ele puxou as cuecas para baixo e eu sentei-me na cama para me aproximar. Era um caralho duro, mais grosso que comprido. Tinha a cabeça a pingar um líquido transparente e brilhante. Fiquei fascinada com aquilo!
– Nunca viste um?
– É a primeira vez…
– E que tal?
– Não sei… É esquisito. Mas gosto!
Rimo-nos os dois, agora bastante mais confortáveis com a nudez um do outro.
Deitei-me outra vez na cama e guiei-o:
– Ali, na terceira gaveta da escrivaninha.
Ele abriu a gaveta e percebeu logo.
– Isto?
– Sim.
Voltou para a cama com a caixa de preservativos do meu irmão (nunca usara um, mas sabia onde ele os guardava).
– Põe um.
Ele pôs o preservativo, desenrolando-o ao longo do caralho. Quando acabou, ajeitei a almofada e abri as pernas:
– Anda.
E então ele penetrou-me, seguindo as minhas indicações.
– Mais um bocadinho. Pára agora…
– Está a doer?
– Um bocadinho… Mete mais.
Até que, finalmente, uma dor aguda, como se uma série de agulhas muito finas me tivessem rasgado as entranhas, me invadiu o corpo todo.
– Ai! Pára! Não te mexas! Dói!
Uma lágrima rolou-me pela face e durante cerca de 30 segundos parecia que uma espada me trespassava a cona. Eventualmente, a dor começou a dar lugar a um calor intenso e a uma sensação muito mais agradável.
Com um timing perfeito, ele começou a mover-se muito devagarinho dentro de mim, até que, pela primeira vez, percebi um certo prazer naquele acto. Emiti um som que podia vagamente ser um gemido e, com lágrimas nos olhos, voltei a olhar para o meu amante.
– Já passou? – perguntou-me, carinhosamente.
Sorri-lhe, grata pelo seu cuidado.
– Acho que sim.
Então pudemos fazer amor, ainda desajeitadamente, ainda com uma certa dor activa no meu centro nervoso, mas não tão intensa que me impedisse de experimentar e compreender o potencial de prazer que aquele acto oferecia.
Ele começou a acelerar cada vez mais, e cada vez mais sentia o conforto daquele caralho a entrar e a sair da minha cona.
Senti prazer, mas não uma explosão de gozo, nem nada que se parecesse. Mas no final podia dizer que tinha gostado muito de toda a experiência. Sérgio veio-se dentro de mim e depois mostrou-me o preservativo cheio de esporra, indiciando que ele também tinha gostado.
Quando escrevo estas linhas os meus pais já voltaram do cemitério. O meu irmão está a jogar no quarto dele e o Sérgio foi para casa.
Amanhã os pais dele vão viajar para o norte, para passarem o ano com uns amigos. Ele preferiu ficar, pois tinha o seu próprio plano para o réveillon. Esse plano, como podem calcular, sou eu. Vamos ter cerca de uma semana para experimentar mais coisas e perceber melhor esse prazer que há tantos meses vinha desejando.
Não tenciono namorar com o Sérgio, não me parece que sejamos um verdadeiro par no sentido amoroso do termo. Nesta altura da minha vida, ele é mais um “projecto”. A prenda que, neste Natal, ofereci a mim própria…
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com