10 avril, 2021 Reivindicar o direito de ser mulher
Por vezes, a procura de amor e o sexo baralham-se e criam sentimentos contraditórios...
Já não é a primeira vez que no Zoom ouço uma amiga minha que, angustiada, diz que já se maltratou e faltou ao respeito muitas vezes devido ao sexo. Angustiada, quase que diz que uma das adicções cruzadas dela é o sexo. Digo quase que diz, pois nunca ouvi a frase dura e crua "sou adicta ao sexo". Fica vago, fica no ar...
Quando algo é dito vagamente é sinal de que há muita vergonha sobre o assunto.
Por isso, admitir perante os outros e perante nós mesmos torna-se complicado de o fazer.
Nunca falei com ela sobre isso, pois não me quero tornar intrometida, mas claro, que analiso e desmonto o que está por trás disso.
Sinto que, possivelmente, estará a falar de curtes e de alguns encontros sexuais que possa ter tido.
Para trazer esta vergonha, é sinal de que não correram bem no final, e pode ter-se dado o caso de ter experimentado alguns sentimentos de rejeição.
Seria tudo mais fácil se um desses encontros se tivesse transformado em uma relação duradoura.
A vergonha não existiria, pois havia sempre a desculpa "fi-lo com o meu namorado".
É aqui que a procura de amor e o sexo se baralham e criam sentimentos contraditórios.
Criam crenças despromovidas da realidade.
Uma névoa abate-se na pessoa e a vergonha e a culpa são tão grandes que acabam com que a pessoa chegue a uma certa idade e ainda se encontre sozinha, sem um companheiro para partilhar a vida.
Quando estas curtes ou sexo acontecem e não são bem sucedidos, acaba por baixar a auto estima e, cada vez mais, a mulher tem mais dificuldades em se relacionar com o sexo oposto.
Isto deve-se aos sentimentos de rejeição que estão no ponto da situação disto tudo.
Isto acontece quando a mulher não reivindica O SEU DIREITO A SER MULHER.
Quando a mulher se coloca num papel submisso com relação ao homem ou se sente menos que ele.
Então a mulher profere frases como "adicção ao sexo".
Será?
Se vamos por este sistema de crenças, depressa arranjaremos mais uma adicção - adicção ao amor, e quando se dá por ela é só adicções a voar por todo lado.
A adicção ao sexo define-se como um comportamento compulsivo e obsessivo, levando a pessoa a perder o controle sobre as suas vidas.
A pessoa deixa de ser funcional e deixa de saber tomar decisões responsáveis, o que a leva a cometer insanidades para alimentar a sua adicção ao sexo.
Não é algo que se faz uma vez por outra, mas sim algo que se faz diariamente durante várias horas por dia.
Daí a palavra adicção (+) mais e mais.
Mas afinal, o que falta aqui para que a minha amiga deixe de sentir esta angústia e esta vergonha?
Falta reivindicar o direito de ser mulher!
Encarar-se como uma mulher que gosta de sexo, sedução e flirt.
Encarar-se não como presa, mas sim como uma caçadora.
Tomar as rédeas de toda a essência de ser uma mulher.
Admitir que, como mulher, também tem desejos sexuais, fantasias, e que são válidos.
Afirmar-se, empoderar-se!
Entender que cada situação que passa foi por um desejo que teve naquele momento e que lhe fez sentido naquele momento.
Admitir que tem todo o direito de sentir desejo sexual e até de ter vários parceiros.
Aí, o sistema de crenças iria mudar, e os sentimentos que se seguem não serão negativos.
A mulher ganha a sua auto confiança e é dona das suas decisões.
Quando tudo acabasse, olharia para isso como uma experiência que aconteceu, porque foi ela que decidiu experimentar.
A isto chama-se auto valorização.
Com este novo sistema de crenças, a mulher é finalmente livre para experimentar a sua sexualidade sem ter que estar à mercê da culpa e da vergonha.