27 avril, 2020 Viagem ao Passado - I e II
Consenti a sua aproximação e como quem cala consente não disse nada e fingi demência.
Era para ter sido para sempre, mas não foi. Éramos para ter sido cúmplices, mas não fomos. Éramos para ter sido mais amigos e companheiros, mas também não o fomos. Fomos apenas duas pessoas que estiveram juntas durante quase 10 anos, até um dos dois ter a coragem de largar a toalha ao chão primeiro. Foi assim a nossa vida. A vida de um homem e de uma mulher que se conheceram, e sem terem tempo de se apaixonar, assumiram uma relação e embarcaram à descoberta do “para sempre”.
Após o adeus, as nossas vidas continuaram. Na verdade, muito pouco se modificou na vida de cada um a não ser a distância que se criou entre nós os dois. Essa distância necessária que ditou a nossa boa relação de hoje em dia. Relação de amizade, apenas.
Por vezes, cruzávamo-nos. Temos a guarda partilhada do nosso cão, o nosso filho de 4 patas como assim chamamos. Ele vem cá a casa buscar o “miúdo” e depois vem entregá-lo. Aproveitamos esses momentos para colocar a conversa em dia, já que de outra forma não acontece, nem faria sentido provocar essa oportunidade para acontecer.
Com o passar do tempo, mudei de trabalho. Agora trabalho bem mais perto de casa. Com essa nova rotina acabei por criar novos hábitos. Sempre que faço horários noturnos acabo por ir beber um copo antes de seguir rumo a casa.
Numa certa noite decidi, sem qualquer problema, ir tomar algo com uma amiga, ao bar do meu ex.
Encontramo-nos.
- Então, senhor António Como está? – disse-lhe em tom de piada.
Ele corresponde.
- Então Vanessa?!
Ultrapassamos, finalmente, o constrangimento e conseguimos ter uma comunicação boa, leve e tranquila.
- Olha vim aí ter com a Margarida. Saí agora do trabalho.
- Sim ela está aí com mais uma pessoa. – responde-me.
- Sim, eu sei. Combinamos um café por aqui mesmo!
Como seria de esperar, ficamos ali ainda um pouco mais, metemos a conversa em dia, a família, os amigos. Parecia haver ali muita coisa por contar.
- Olha, dá-me lá mas é um café e vai trabalhar que eu vou ali para o pé dela um bocado.
- Está bem, ó Vanessa!
Rimos.
Observava-o da mesa. Ele hoje estava a soar-me diferente. Não o digo com olhos de ternura, carinho nem tão pouco amor ou paixão. Apenas tesão. Hoje acho que seria daqueles dias em que, com um pouco mais de conversa e íamos lá e quase de certeza que a situação era mútua. Notava a maneira como olhava para mim e se ria, em momentos, como um tolo, perdendo a seriedade.
Tentava não pensar nessa questão do tesão. Ele nunca tinha sido dessas coisas, aventuras loucas. Não fazia sentido eu dar asas a esta minha imaginação.
Bebi o meu café, dei mais uns dedos de conversa com a Margarida e fui-me embora. Tinha ainda algumas coisas para fazer em casa antes de me deitar e ainda queria tomar um banho e relaxar um pouco no meu sofá maravilhoso enroscada na manta em frente à televisão a picar milho antes de ir para o meu destino final, a cama.
Assim foi, mas aquela ideia não me largava e fiquei a pensar com os meus botões. A ideia de um “Vale a pena ver de novo?”, acompanhou-me durante uns dias, mas dizia para mim própria que não, não valia a pena.
“Vanessa, tu estás bem resolvida e ultrapassaste com sucesso, deixa-te de ideias de merda nesta altura do campeonato!”, pensava.
De facto era verdade. E deixei-me mesmo desses pensamentos.
Passado uma semana recebo uma chamada. Era ele.
- Oh Vanessa, estás por casa ?
- Então! Como estás? Sim estou, porquê?
- Estou de folga e queria ir buscar o cão. Era para saber se estavas em casa ou se tinha que levar a chave para entrar.
- Ah! Podes vir à vontade. Estou por aqui mesmo …
- Ok! Então até já !
- Até já. Beijinho!
- Beijinho!
Três horas mais tarde, aparece.
- Não mudas mesmo! Passado este tempo todo é que apareces!!!??? Enfim … Está aqui a criança pronta para ir passear, vestida lavada e de dentes lavados à tua espera! Não te esqueças de lhe dar o lanche.
Rimos.
- Então e tu? – pergunta-me.
- Então e eu o quê? – questiono-o.
- Nada, nada. Vá, já o trago de volta. Até já.
Ele entende na minha cara que fiquei ali com uma pulga e dúvidas atrás da orelha, mas não quis adiantar mais perguntas.
- Até já António.
Durante a tarde enviou-me fotografias e vídeos seus com o nosso menino. Correspondo com afecto. Afinal de contas é o nosso menino.
Ao final da tarde volta para o trazer.
- Vanessa, estou quase a chegar. Estás por casa?
- Sim estou. Podem vir. Estou cá para vos abrir a porta.
- Ok! Então ate já.
- Até já.
Toc-toc-toc … batem à porta. Eram eles.
Assim que abro a porta lá entra o endiabrado de quatro patas à velocidade da luz a correr pela casa a dentro, porque o tanto que tinha corrido durante a tarde na praia parecia não te sido suficiente ainda, ou pelo menos queria ainda causar mais estragos que o habitual.
- Então divertiram-se? – pergunto ao António.
Ele está a olhar para mim.
- Uhm, uhm, sim, divertimo-nos.
Estranho aquele olhar. Já o conheço.
Dou uma risada meio estranha. Naquele momento estava a sentir-me meio que constrangida com vontade de fugir e sem saber como reagir.
- Boa, boa!! Ainda bem, então. Parece que o paizinho desta vez se esmerou!! - Nem eu sabia o que dizia, mas enfim.
- Posso só pedir-te um copo de água? Já não tinha mais água no carro para mim. Dei-a toda ao ele. – pergunta-me.
- Claro!
Sentia-o estranho.
Faço-o seguir-me até à cozinha para servi-lo.
No momento em que viro costas sinto um calor demasiado próximo do meu corpo. Ele aproximava-se muito de mim, mas sem me tocar. Percebi que fazia questão, mesmo sem dizer nada, de me pedir consentimento para aquela aproximação, tentando perceber se poderia dar um passo mais à frente.
Compreendi que aquela minha ideia de há uns dias atrás estava certa. Também ele me deve ter olhado naquele dia com outros olhos e fiquei-lhe no goto.
Consenti a sua aproximação e como quem cala consente não disse nada e fingi demência. Tirei o copo do armário, inclinando o meu corpo um pouco para trás, tocando-lhe propositadamente. Senti que seguiu o meu movimento. Senti a sua respiração mais perto da minha nuca. Retorno à minha posição inicial. Ele também. Coloco água no copo. Viro-me e entrego-lhe.
- Aqui tens o que me pediste.
Ele recebe o copo. Dá um trago e pousa o copo. Tudo sempre sem desviar o olhar de mim e digamos que até a uma certa distância de segurança. Sem que lhe adivinhasse o momento e com toda a calma que lhe é característica, ele agarra-me firmemente na cintura, puxa-me para si e beija-me como há anos não fazia. Com desejo, com ânsia, com vontade.
Correspondo.
Num momento, só pega-me pelas pernas e leva-nos para aquele que era o nosso ninho, o nosso quarto, mas naquele momento não havia espaço para pensamentos carinhosos ou nostalgias. Só havia tesão, puro prazer. Não queria pensar em mais nada, nem mesmo no “E depois, como vai ser?”.
Entregues um ao outro, ele despia-me. Quase que me rasgava a roupa. Ouvia os seus gemidos sem ter havido ainda qualquer penetração. Percebia o seu desejo que sentia pelos sons que fazia. A sua respiração ofegava e ainda não tínhamos consumado o acto.
- Só me apetece foder-te!- dizia-me.
- Então come-me António. Fode-me toda como nunca fizeste.- respondi-lhe.
O homem ficou louco, completamente perdido. Capaz de acrobacias que eu própria desconhecia que ele as sabia, aliás, acho que no fundo nem ele sabia que era capaz de tanto.
Ele está a fazer de mim o que quer e eu estou a adorar. Ele quer-me em todas as posições e mais algumas. Ele quer-me comer o rabo e fá-lo com tanto ímpeto e eu deixo. Nunca me deu tanto prazer.
Finalmente, sinto que me agarra como um homem e me trata como uma mulher e não como uma menina que ele tinha medo de magoar.
Gosto deste novo tratamento que ele me dá. Trata-me como uma puta. Cospe-me. Bate-me mesmo quando eu avanço um pouco em fuga, ele torna a puxar-me e a foder-me ainda com mais força. Contra a parede, no chão, eu em cima dele, ele em cima de mim, obrigando-me a abrir as pernas o mais possível para me penetrar ainda mais fundo e bate-me na cara enquanto me obriga. Humm, que sensação de prazer.
Mais prazer senti quando ele me penetrava por trás, no rabo, me mordia o pescoço e me masturbava. Mais ainda quando ele se solta de mim e me puxa pelo cabelo para ficar de frente para si e se vem todo para a minha boca e me obriga a chupá-lo enquanto se estava a vir.
Isto era tudo o que eu queria enquanto estivemos juntos, mas parece que só agora isto lhe fez sentido.
Acabamos de foder e eu já sabia que aquele momento viria. O momento do “e agora?”.
- E agora, Vanessa?
- E agora o quê?! Nem penses nisso. Aconteceu, aconteceu! Vamos continuar a lidar um com o outro sem constrangimentos do sucedido como dois amigos que somos. Aliás, não vamos sequer estender muito mais este assunto. Está feito, está feito. Pode ser?
- Ok. - Sem grandes resposta responde-me e dá-me um beijo na face.
Ficamos ali na cama ainda um pouco mais na conversa e nas piadas sobre o que acabara de acontecer, aquela técnica do quebra gelo e depois disso ele foi embora.
Ficou entendido que aquilo tinha sido apenas bom sexo para os dois e nada mais que isso… Só mais uma e outra e outra vez…
Alexa
Uma mulher com imaginação para dar e vender.
Sempre gostei de escrever, mas coisas eróticas... isso gosto mais. Levar um homem à loucura através de palavras e da sua própria imaginação. Como adoro...