06 mars, 2016 Threesome virtual
O impensável de acontecer num caso de mau timing e a agridoce sensação de optar pelo melhor de dois mundos.
Já escrevi aqui antes sobre o fantástico mundo do sexo virtual, esse universo de sugestão mútua que tanta paixão/ódio gera, das suas nuances e particularidades e pareceu-me pertinente voltar a este assunto algum tempo depois de uma polémica recente com uma jovem rapariga conhecida da praça pública.
Antes de mais, e para tirar já isso do caminho, eu não sei que tipo de monte de merda é que acha que revelar ao público fotos/vídeos intímos que alguma pessoa lhe enviou nalgum momento que, tal como o nome indica, é intímo, é algum tipo de forma válida de atacar essa pessoa. Sinceramente, a única pessoa que sai daqui mal vista é o próprio. É de “homem”, certo? Muito corajoso, sim senhor. Não é de homem, não senhor. Porque além de estar a prejudicar a vida/carreira a uma pessoa apenas a troco de alguns risinhos adolescentes, está também a prejudicar-nos a todos que gostamos de ter esse tipo de interacção com outras pessoas. Talvez agora não seja de estranhar que cada vez mais mulheres/homens se sintam reticentes em o fazer à conta desses casos. Fotos, vídeos, o que quiserem. É saudável se for feito em tranquilidade e de cabeça limpa sem ter algum tipo de receio.
Eu já me zanguei com pessoas com quem tive esse tipo de contacto e não é por isso que faz questão de expor ao mundo aquela pessoa dessa forma, no entanto, ainda hoje não nos falamos e nem me passaria pela cabeça fazer tal coisa (até porque ainda as quero comer).
O meu pináculo de carreira artistica no mundo do sexo virtual teve o seu apogeu este último ano. Verão. Uma noite de copos com amigos e amigas no qual sou apresentado a uma terceira. Ex-barmaid de carreira, braços tatuados com olhos de “fode-me” e “eu engulo, levo no cu e isso no primeiro encontro”. A mulher deu-me tesão só com um “olá”. Por entre trocas de segredos aqui e ali, por entre trocas de olhares, aproveitámos para trocar números também. Ao ir embora já com o espirito meio ébrio, fiquei a pensar naquelas ancas a menear à minha frente, aquele cabelo escuro frisado suado e colado à testa e aqueles lábios carnudos a escorrer da minha… e… olha… um SMS? É dela. Uau, foi rápida. Um adeus simples a pedir mais conversa. Acedi. Enviei uma na mesma medida e ela respondeu. Assim foi até casa. Sentimos tesão nas palavras e mudámos para o WhatsApp. Bendita tecnologia, não é? Audio, vídeo e imagem a complementar aquelas palavras de tesão latejante e… outra mensagem de Whatsapp de… oh foda-se... aquela do outro dia. Esta, foi uma que eu andava a “trabalhar” para uma eventual foda e parece que adivinhou o que se estava a passar. Não posso desistir agora desta, mas também não quero deixar a outra em espera. Suspirei. Pensei. Sim, eu consigo “foder” as duas virtualmente sem ambas suspeitarem.
Primeiro passo é dividir os chats, uma no Whatsapp e passar outra para o chat do Facebook. De seguida, tentar sincronizar os ritmos de ambas para nos virmos todos ao mesmo tempo.
Isto na minha cabeça parece fácil, mas a realidade mostra-me algo diferente.
Foda-se a outra ainda precisa de ser estimulada e esta já está a mandar fotos dos dedos todos enfiados na cona com a legenda “a pensar nesse caralho dentro de mim…”. Esta ainda me está a dizer boa noite. Pensa, Noé. Pensa. Vou ligar-lhe. A voz acelera tudo. Enquanto mandava uma foto do meu caralho teso à gaja que conheci nessa noite, ligo para a outra e começo a dar uso à lábia de bandido para ela tocar nos lábios da bandida dela. Ao mesmo tempo, vou falando com a outra pelo chat para a manter a escorrer pelas pernas. Não está fácil segurar este barco. Mas foda-se que tesão que isto me dá: ter duas gajas a arder de desejo de foder comigo em duas cidades diferentes simultaneamente enquanto eu me toco a vê-las numa sucessão de fotos, vídeos e palavras. Uma vai vir-se. Ela pede mais. Quer que eu fale mais e eu… falo.
E engano-me no nome. FODA-SE.
Parou. Ela fica fodida. Eu tento rir da situação. Ela não acha graça. Desliga. A outra chama por mim, dado que deixei de responder há uns minutos.
Diz que vai dormir. FODA-SE.
Aqui fiquei. Sozinho com ele na mão. Bom, vamos lá ver o que a internet tem para mim e acabar o serviço do meu lado.
Quem tudo quer tudo perde. Uma cheguei a foder depois. A outra? Nunca mais a vi.
Tenho as fotos dela guardadas. São para mim e só para mim.
Até quarta e boas fodas virtuais e não só.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.