17 février, 2022 O patrão e a empregada - Parte X
Uma noite agridoce...
Não era este o aniversário que tinha imaginado. Flora, a amiga de Aurora na loja de lingerie, sorria como se tudo não passasse de uma brincadeira. Mas todo o redor da sua racha brilhava, denunciando o óbvio prazer que sentia na própria estimulação.
Olhei para ela e depois para Aurora, depois para ela e de novo para Aurora, confundido e com o caralho mais erecto que o mastro duma bandeira. E Aurora, com a sua carinha inocente, disse-me simplesmente: “Parabéns!”
É uma sensação estranha quando acompanhamos com os olhos o vai e vem do nosso caralho na cona urgente e encharcada que o recebe, enquanto o objecto do nosso amor, a mulher da nossa vida, está do outro lado da sala, nua, com os dedos a fuçar nos pintelhos, o polegar a pensar no clitóris, a ver-nos foder outra que não ela, e tudo isso instantes depois de nos dar os parabéns.
Épico, surreal, estranho no conteúdo e na forma. Porque estamos tão habituados a estar dentro dela, que a pele do caralho reconheça todas as suas superfícies interiores, que é difícil constatar o facto de estarmos enterrados noutra enquanto à distância olhamos para ela. Estamos formatados às duas coisas juntas, o cérebro não computa, não consegue processar o desfasamento.
E ainda assim, como rastos lentos de sombras pirotécnicas numa câmara escura, a circunstância processou em mim uma felicidade de feira, colorida e metálica, ruidosa e plácida, que me fez sentir num mundo mágico, repleto de ninfas de racha aberta e unicórnios de pau feito.
Provavelmente havia um fontanário circular, com hastes a toda a volta, em cuja ponta variadíssimas qualidades de picha esguichavam esporradelas nupciais, que escorriam lentamente pelo azulejo suado até formar uma piscina de meita onde as virgens iam dar à luz… Mas posso ter inventado esta parte.
Fosse como fosse, não havia como Aurora para prendas de aniversário. Nunca deixava de me ilustrar, com pantomimas ou vivas carnes, o país das suas maravilhas.
Agora mesmo, enquanto eu comia a cona da sua amiga da loja, a bela cona trintona, perfeitamente integrada no ébano melodioso do seu cu, a minha amada observava como um estudante de arte ausculta uma obra-prima rara, proibida, habitualmente escondida do olhar do público. Há algo de transgressão nos seus olhos, mas é sobretudo o olhar de fascínio de uma debutante disposta a colecionar os maiores êxitos do sexo, a nível mundial ou mesmo universal.
Quando Aurora punha a mente no sexo, nada a perturbava, nada a distraía, tudo a animava. Cerrava os punhos e os músculos da cona e do cu e ia em frente, sabendo que tudo a levava mais longe do que o lugar onde inicialmente pensara chegar.
Por seu turno, na sua configuração disponível para tudo, one girl band, toda enrolada nela mesma como um fruto exótico, oval, à minha frente, com o cu muito empinado virado para mim e a cabeça enterrada na almofada, Flora espirrava os lençóis de Aurora como um chuveiro avariado, ora em bolsadas gordas ora em esguichinhos de seringa, consoante a medida de caralho que aplicava nela mesma. Porque era eu que controlava a posição, mas era ela que geria a força.
E não estava com meiguices, via-se que não era próprio dela. Nas suas bordas pardas eclodia uma espuma branca, produzida pela fricção oleada dos respectivos mucos, a abundante rezina da cabeça do meu caralho e a sua prolifera ejaculação de gárgula vaginal.
Dava-me com tudo, por isso espirrava tanto, porque o caralho batia-lhe lá no sítio e as investidas dela eram espaçadas mas potentes. Tive que pôr os braços atrás das costas, apoiados na cama em género de tripé, para conseguir segurar o impacto das suas rabanadas. Enquanto isso, a minha mente, assim como o meu nabo satisfeito, ferviam de erosão e emoção.
A sua posição condensada, como um bloco de carne que dá às ancas com a fúria de um todo-o-terreno a subir uma falésia, fazia-a parecer uma máquina, não muito grande, quase portátil, que se podia levar atrás na mala do carro. Um motor de expressão sexual, sem carcaça, simplesmente essencial e com capacidade para dar energia a um pequeno vilarejo.
Deve ter sido isso que Aurora viu nela. É preciso uma máquina de sexo para reconhecer outra…
Naturalmente, acabámos os três a esfodaçar ao mesmo tempo, numa pequena comunidade, enviesados uns nos outros, um maravilhoso enleio de pernas, de troncos, de mamas, de regos, de cus e belas conas, uma sombria e suculenta, a outra rosadinha e breve como um aroma aberto ao vento.
Entreaberta, sempre, a cona da minha bela Aurora, como um olho vertical, como se trouxesse de raiz o molde de um caralho. Ou como um pêssego vaidoso que, acabado de apanhar, faz gala em mostrar pela ranhura o milagre do seu carocinho.
O nosso serão com a Flora ficou conhecido, na intimidade dos três, como a Noite Agridoce, porque se a pele de Aurora sabia sempre a algodão-doce, a fragrância salgada que Flora libertava fazia lembrar marinada, tártaro temperado com limão e especiarias que enlouqueciam as papilas do corpo todo, as minhas e as de Aurora.
As duas distinguiam-se perfeitamente no lamber e até o ácido dos seus fluídos interiores me provocavam reações diferentes na gaita, ora mais mentoladas, ora mais barbe-cu. Um deleite de temperaturas que me pôs a glande em festa durante várias horas...
De manhã tinha a cabeça feita num oito. Abri os olhos e, como sempre faço quando abro os olhos e já sinto discernimento para receber informação, destapei o corpo de Aurora para lhe ver o rabinho de coelho. Mal o fiz, saiu do minúsculo rebento do seu ânus um peido de proporções épicas. Acordei logo. A mistura de gases repentinamente formada no ar anunciava chuva capaz de fertilizar os lençóis.
Saltei da cama com a a bexiga a explodir e dei com Flora na casa de banho, meio vestida, a mijar de pé, de pernas abertas sobre a sanita. Como estava de costas, fiquei um bocado a olhar, a apreciar aquele cu. Deve-me ter pressentido porque olhou para trás e sorriu. Tinha um arzinho tão sonolento, tão ursinho de peluche, tão comédia romântica de domingo à tarde, que me passou logo a vontade de mijar. Tirei o caralho para fora das cuecas e enrabei-a ali mesmo. Ainda tinha o cu viscoso, das esporradelas que tinha lá deixado durante a noite.
Percebi logo que a Flora da noite era irmã gémea da Flora da manhã. Parecia uma leoa a gemer, completamente entregue ao acto de receber uma pila no cu.
Foi a primeira vez que fodi outra mulher sem Aurora estar presente. Estava ali a dois metros, mas não estávamos juntos.
Depois de uma noite épica a segurar-me para não me vir, para prolongar o mais possível cada uma das sessões em que nos enrolámos, esta pequena celebração matinal não durou mais de 30 segundos. Flora apertava tanto os músculos do cu que me senti a ser ordenhado. Sem força para continuar a segurá-la, pois era tudo muito aéreo e ressacado, quando me comecei a esporrar já me tinha tirado dela... Ficou com as nalgas douradas a escorrer leite branco.
Foi tão intenso, tão inesperado, tão brusco, que nos desatámos ambos a rir.
Voltei para a cama e, já bastante aceso, acordei Aurora com um minete de três dedos. Assim que a vi refeita enfiei-lhe a narça nas goelas e contei-lhe o sucedido com Flora.
Como pressentia, a minha amante não pronunciou uma só queixa, nem quando a minha glande inchada lhe abocanhou a circunferência da garganta, obrigando-a a respirar pelo nariz.
Vim-me nas águas-furtadas da sua língua e no final limpei-lhe os cantos da boca, por onde se evadia um ténue fiozinho de esporra, e vi nos seus olhos que estava feliz. Porque Aurora só queria ser feliz e que eu fosse feliz. E eu fazia tudo para que ela o fosse. Ela sabia-o e isso confortáva-nos muito, aos dois.
A Noite Agridoce aconteceu numa quarta-feira e Flora ficou até segunda. Não podia adiar mais, tinha mesmo que ir trabalhar. Foram dias gloriosos. Foi como viver com um anjo e um demónio, sendo que ambas as entidades trocavam frequentemente de lado.
Só quando abrimos as janelas percebemos a herança daquele recolhimento obtuso. A casa estava imunda. O cheiro era inconcebível, orgânico, selvagem. Tresandava a pé, cu, rabo, sovaco, mamilo, testículo, prepúcio, vulva, óvulo, pêlo, cabelo, jacto seco de cona e de caralho, tudo já em processo de deterioração... Os tapetes estavam empapados e as paredes escorriam sexo. Era completamente afrodisíaco.
Nem eu nem Aurora tivemos coragem de limpar o que quer que fosse nos dias seguintes. Queríamos manter aquela atmosfera lúbrica enquanto descansávamos, simplesmente, nos braços um do outro, fodendo tão lenta e conservadoramente que quase nos sentimos uma família antiga.
Finalmente as memórias recentes de Flora, as brilhantes delícias que tinha deixado para trás, aprenderam a voar e deixámo-las ir.
Passámos um dia inteiro a limpar a casa, em equipa, praticamente sem dizer uma palavra.
Fodemos, claro, nada nunca era obstáculo a que um abordasse o outro se sentia desejo, mas era particularmente impossível não o fazer quando Aurora, sem nada mais sobre a pele do que o curto avental japonês que lhe tinha oferecido, se agachava para tarefas domésticas. Era apenas esperar a contagem decrescente para lhe cair em cima.
Mas ainda assim reinou o silêncio, porque as palavras às vezes também precisam de descansar e porque, e isso era o mais importante, esse se tinha tornado o ritual de Aurora antes de conceber um novo plano.
Não o percebi logo mas, eventualmente, não havia como não relacionar as coisas. Quando Aurora ficava mais calada era porque alguma coisa estava a ocupar o seu cérebro. E o tema, inevitavelmente, era sexo.
Contudo, desta vez o silêncio prolongou-se mais do que em vezes anteriores. A tal ponto que comecei a pensar que algo estranho se passava com ela e perguntei-lhe directamente. Depois de alguma resistência, acabou por me dizer o que a atormentava.
Sim, estava a pensar na sua nova fantasia, no seu novo “projecto”. Mas tinha receio que eu não gostasse. Que a achasse louca ou tarada. Ou pior, que eu pensasse que ela não me amava. Porque o que ela tinha imaginado ia ser… Hesitou na palavra por uns momentos até finalmente se decidir por “radical”.
“Radical”, dito por qualquer pessoa, não é o adjectivo mais assustador do mundo. Mas dito por Aurora o caso mudava de figura. Não era que ela já tivesse ultrapassado limites extremos na busca da sua sexualidade. Mas tinha uma propensão bastante activa para o imaginar. E, verdade seja dita, nunca tinha feito nada que se pudesse dizer “radical”.
Assim, estava algo inquieto quando me preparei para a ouvir. E tinha razões para isso, porque o que ela me disse estava muito longe da minha imaginação…
(continua na próxima quinta-feira...)
O patrão e a empregada - Parte IX
O patrão e a empregada - Parte I
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com