04 août, 2022 A pensão da Dona Judite - Capítulo 8
A reviravolta...
Sentia-me confiante com tudo o que se tinha passado. A velha acordou durante o acto, apanhou-me a fodê-la, mas não protestou, e se não o fez nesse momento, dificilmente o faria mais tarde. Confiava que, mais do que sentir-se vilipendiada, ela se sentisse entusiasmada pelo sexo que acabáramos de ter e, sobretudo, por todo o sexo que poderíamos fazer a partir de agora.
No dia seguinte, estava pronto para enfrentar a realidade. Sinceramente, não sabia o que esperar, mas os sinais deixados na tarde anterior pela minha voluptuosa amante não faziam antever propriamente um problema.
Sim, ela tinha finalmente acordado com o meu caralho dentro dela. Sim, podia ter feito um escândalo, qualquer pessoa normal faria. Mas não o fez. Isso queria dizer que, a partir do momento em que ela retomou a consciência e me surpreendeu a dar ao cu em cima dela, tudo decorreu com mútuo consentimento.
Aliás, no final, depois de ambos nos termos vindo como cobras cuspideiras, trocámos carícias sensuais, eu no papo alagado dela e ela no meu regaladíssimo tarolo, como esposos de longa data no final do missionário às quartas-feiras. Tudo isso contribuía para que me sentisse confiante à vista do nosso próximo rendez-vous.
À minha hora habitual dirigi-me ao quarto, preparado para esperar pela Dona Judite, que entrava sempre depois de mim. Já não fazia sentido esconder-me atrás do biombo, pelo que a minha ideia era simplesmente despir a roupa e esperá-la em cima da cama, todo nu como um presente desembrulhado.
No entanto, para minha surpresa, ela já lá estava e exactamente como eu me tinha imaginado: sem roupas e com um rasgado sorriso nos lábios, tanto em cima como em baixo. Ante a visão daquela disponibilidade, até os cabelos do cu bateram palmas.
Não foi preciso muita conversa. Antes de mais, a minha senhoria confessou que sempre teve um fraquinho por mim, não era por acaso que costumava esfregar as mamas na minha cara quando me servia a sopa. Não era uma desavergonhada, não fazia aquilo a qualquer um. Fazia-o a mim porque gostava da minha juventude e irreverência, dava-lhe tusa. Sempre gostara de mancebos.
Depois, confidenciou-me que sabia das minhas incursões proibidas desde o primeiro dia. Ao princípio não disse nada porque se viu despertada pelo prazer e hesitou.
Há muito tempo que não experimentava a virilidade de um homem a inchar dentro das suas farturas e, quando percebeu o que estava a acontecer, a reação instintiva de me denunciar foi bloqueada pelo gozo que sentia. Decidiu fingir para aproveitar ao máximo e, como a experiência lhe encheu as medidas, continuou a fazer-se de parva daí para a frente.
A partir de então, sublinhou, as suas sessões de punheta vespertina já não eram apenas para auto-recreação, mas simultaneamente uma performance que ela realizava em meu benefício. Dava-lhe imensa tesão saber que eu estava ali, escondido, a espreitá-la, e para além disso o “desconhecimento” das minhas ilicitudes, ainda que fictício, ilibava-a da exposição moral e defendia-a das inconveniências do acto mundano.
Numa lógica bastante distorcida, que apoiei vivamente, ela considerava que enquanto “não soubesse” o que eu lhe fazia, podia continuar a fazê-lo sem culpa, sem pecado, porque ela não o estimulava, ela não participava, era simplesmente uma vítima adormecida das circunstâncias.
Nessa tarde fodemos como amantes normais, felizes pela descoberta da nossa nova liberdade, bem acordados e conscientes, antecipando a expectativa das monumentais sessões de foda a que, agora que estava tudo em pratos limpos, nos iríamos certamente dedicar no futuro.
Infelizmente, o que se antevia épico transformou-se rapidamente no maior dos fracassos...
Os nossos movimentos, outrora espontâneos e comandados pela lascívia, eram agora desajeitados e sem alma. As carícias magoavam mais do que satisfaziam e, ao fim de uma hora, nem eu nem ela nos tínhamos vindo. Eventualmente, batemos cada um uma punheta para aliviar a tensão e ficámos por aí, sem honra nem glória...
Acho que os dois percebemos imediatamente o que se passava. Agora que o romance já não era ilícito, agora que já não havia o elemento furtivo, agora que o fruto proibido se tornara no fruto oferecido, os níveis de excitação caíram abruptamente. E esse flagelo atacava-nos a ambos.
O que fazer, então? Essa era a questão...
Regressei ao meu quarto mais frustrado do que nunca, fazendo lembrar os tempos em que ainda tentava reunir coragem para a penetrar, e nessa noite, pela primeira vez em meses, senti necessidade de me aliviar pensando noutras mulheres que não a Dona Judite.
Nos dois dias que se seguiram não fui ao quarto da velha. Queria acreditar que ela estava lá, como de costume, a saciar-se sozinha enquanto pensava em mim, no meu belo caralho teso de mancebo, mas pela minha parte não sabia como a enfrentar.
Ao serão, o ambiente na sala de refeições era de cortar à faca, ainda que não houvesse nada para cortar, pois a inédita substância dos repastos voltou ao seu formato original, a aguadilha sem tempero dos velhos tempos da terrina fumegante. A velha deixara de cantarolar, estava azeda e não fazia muito para o esconder.
Ao terceiro dia enchi-me de coragem e voltei ao quarto, mas então era ela que não estava lá. Procurei-a em vão pela casa toda. Não fazia ideia do que se passava na cabeça dela, mas parecia evidente que não estávamos nas melhores das relações.
Disposto a remediar o assunto, talvez não como quem procura uma solução definitiva mas mais como quem aplica um penso rápido, fui dar com ela mais tarde na despensa enquanto se preparava para lavar roupa e não estive cá com meias medidas.
Sem lhe perguntar nada, entrei e fechei a porta, pois nessa altura havia já vários hóspedes em casa, e saltei-lhe para cima. Ela manifestou surpresa e hesitação mas não resistiu aos meus avanços.
Virei-a de cu, enfiei-lhe a moleirinha dentro da máquina de lavar, desviei-lhe as cuequinhas para o lado e enfiei logo. Imediatamente lhe senti as bordas frias, o que era de todo anormal. Se algo definia bem a minha bojuda senhoria era a fornalha que lhe alimentava os países baixos.
Ainda demos umas bombadas mas rapidamente percebemos que não estava a funcionar. Ela permanecia seca, não lubrificava porque não sentia tesão e o meu pau acabou infamemente a murchar dentro dela… Fiquei com tanta raiva que só me apetecia ganir!
Outro dia encontrámo-nos no corredor por acaso e, sem pensar, puxei-a para o meu quarto. Ali mesmo, contra a porta onde batera tantas punhetas a idealizá-la, nos tempos em que apenas me atrevia a sonhar em corromper-lhe as partes fodengas, meti-lhe os dedos dentro das cuecas e esfreguei-lhe a cona.
Devia ter percebido logo pelo cheiro, ou pela ausência dele, que ela não estava particularmente receptiva. Ainda assim, o toque na sua lábia carnuda, o roçar da palma da mão na sua pintelheira, conseguiu levantar-me o pau, o que nesses dias podia considerar-se um milagre.
Então, fi-la ajoelhar para que o metesse na boca, mas quando ela lá chegou não encontrou mais do que o pescoço delgado duma tartaruga hipotérmica. A minha doce e dedicada amante ainda o tentou ressuscitar mas acabou por ter que se render. Era como chupar um caramelo de Badajoz, daqueles que derretem tão depressa na boca que rapidamente se transformam numa memória distante.
Senti a minha masculinidade esvair-se e no lugar dela crescer um ressentimento que me fazia querer dar murros nas paredes!
Meio delirante e a fim de evitar as securas que pareciam caracterizar-lhe nesses dias as carnes moles, tentei fodê-la no duche, onde os vapores poderiam contribuir para humedecer-lhe o corpo e a alma. Desta vez optei por ir-lhe ao cu, contando que as boas memórias que tinha do seu trato anal me contagiassem de energia e conseguisse segurar a erecção.
Mas ao fim de uns minutos, depois de escorregar três vezes na banheira e mandar abaixo os cortinados, o resultado foi o mesmo... Os interiores do rabo da velha apresentavam a textura duma grosa e a minha viga mestra, habitualmente estoica na sua estrutura viril, pendia para a fraca amostra duma pila mole e sem alegria de viver, como se tivesse perdido a capacidade de sonhar.
Numa última tentativa, ainda a assaltei uma manhã na cozinha, enquanto descascava nabos para a sopa. Puxei-lhe a combinação e atirei-a para cima da mesa, nua em pelo. Se com o pau não ia lá, talvez a conseguisse excitar doutra maneira, pensei.
Enfiei-lhe dois dedos e comecei a esgravatar-lhe a racha como um demente, mas mais uma vez encontrei o forno apagado, sem calor nem humidade, e não demorei a perceber que os meus dedos não só não lhe acendiam o prazer como a magoavam. Sempre adorei ouvi-la gemer mas aqueles eram notoriamente gemidos de dor, o que não trazia gozo a nenhum de nós.
Frustrado, desesperado, deprimido, com os nós dos dedos secos e esfacelados, decidi não insistir mais...
Duas semanas se passaram e parecia que tudo tinha voltado a ser como antes, quando a providencial corrente de ar ainda não lhe tinha escancarado a porta e ainda não a surpreendera em cima da cama, com as cuecas em baixo e a pintelheira à mostra, a cheirar a marinada de cona e a escorrer como uma colegial rebarbada da universidade sénior...
Não queria acreditar que tudo tinha acabado assim! Que o crime finalmente conhecera o seu castigo, que era o pior de todos, o castigo de não mais poder esfrangalhar aquelas mamas, partir aquele cu, esporrar-me naquela cona de lábios gordos que sabiam a mel de abelha-mestra…
Queria muito fazer alguma coisa para remediar a situação, mas não fazia ideia do caminho a seguir.
Tanto desejara, a partir de certa altura, que ela acordasse para que pudéssemos validar e consagrar a nossa paixão em consciência, que agora apenas me podia arrepender desse desejo.
Como quem se insurge contra um karma avariado, rogava pragas ao momento que tinha mudado tudo e voltava a sonhar com a minha velha adormecida, fantasiando nostalgicamente com os dias felizes em que me esporrava todo para cima da sua cona aberta, atapetada de pintelhos mágicos e plasmada com os vinhos da greta sedimentados pela masturbação…
Dava tudo para voltar a esses dias e deixá-la coberta de esporra, enquanto ela ressonava como uma febra mal passada e eu não sabia que era tudo a fingir...
Foram tempos atrozes até que um dia, do nada, quando praticamente já tinha desistido das minhas felicidades masculinas, me ocorreu o que tinha que ser feito.
Era tão estupidamente simples que não podia acreditar que demorara tanto tempo a percepcioná-lo. Seria tudo diferente e, no entanto, exactamente igual!
Só tinha que ser a sério, não podia haver mais espaço para logros ou fingimentos. Era isso, não havia outro remédio…
(continua...)
A pensão da Dona Judite - Capítulo 7
A pensão da Dona Judite - Capítulo 1
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com