10 Junio, 2015 Estrela pop sai do armário com videoclip polémico

Cenas intensas de sexo numa Igreja estão a dar que falar e a gerar protestos.

Tooji é um artista noruguês conhecido lá na sua terra, mas que era um absoluto estranho para a maioria dos cidadãos do planeta. Isso está a mudar graças ao videoclip da sua nova música, "Father", onde ele se assume "gay" com arrojadas cenas de sexo numa Igreja.

Filmado numa Igreja de Oslo, a capital da Noruega, o videoclip gira em torno do romance entre Tooji e um padre bem sexy por sinal. O pequeno filme começa com referências a um caso secreto e a cenas sexuais escondidas, mas termina com o par de homossexuais aoaixonados a envolver-se em cenas bem quentes e intensas no interior da Igreja, nomeadamente no altar, em frente de toda a congregação.

Os altos representantes da Igreja da Noruega já vieram condenar o videoclip, considerando que ele desrespeita a sacralidade do local onde foi filmado. O Bispo de Oslo emitiu mesmo um comunicado falando num comportamento inaceitável.

"Independentemente da mensagem do vídeo ou de quem quer que seja o artista, a filmagem de cenas íntimas em frente ao altar é inaceitável e é um abuso da Igreja. Uma cena filmada entre um homem e uma mulher também seria inaceitável."

Tooji já reagiu à posição da Igreja da Noruega com uma mensagem no seu perfil do Twitter.

"Deus é amor. O preconceito e o ódio são actos do homem."

Ora, toda esta polémica está a catapultar Tooji para a fama mundial, tal como aconteceu com aquela jovem que foi apanhada a filmar um vídeo porno numa Igreja.

O artista ficou particularmente conhecido na Noruega depois de ter representado o país no Festival Eurovisão da Canção em 2012, mas agora está a ganhar sucesso em todo o planeta.

E Touraj Keshtkar, o nome de baptismo do cantor, quer aproveitar a onda para se tornar numa espécie de arauto dos direitos dos homossexuais, não apenas na Noruega, mas em todo o mundo.

Ele publicou no seu canal do Youtube um vídeo onde explica porque fez "Father" e assume que "é tempo de pormos os Direitos Humanos acima da Religião".

Leia a mensagem que Tooji deixa no vídeo traduzida para Português...

"Eu chamo-me Tooji. Sou um artista e vivo na Noruega.

A Noruega é conhecida por ser um dos países mais liberais do mundo. Com uma sociedade baseada na democracia e na liberdade de expressão, fico a pensar quão sortudo sou eu por ter a oportunidade de viver neste país.

No oposto do meu país de nascimento, o Irão, jovens homens e mulheres estão a ser mortos, violados, enforcados e atirados de penhascos pelas Leis da "Sharia".

Ao longo dos Séculos, por causa da Religião, sendo a Religião a fundação das sociedades, afectando Leis e Direitos em nome de Deus, jovens homens e mulheres têm sido perseguidos e agredidos por causa de quem amam.

Amar alguém do mesmo género tem sido envergonhado com palavras como sodomia e pecado e com a ilegalização em sociedades em todo o mundo. Mas, tal como com os Direitos das Mulheres, evoluímos muito no que concerne aos Direitos LGBT em 2015. Em muitos países, podemos agora casar, viver as nossas vidas e sermos tratados como qualquer cidadão deve ser tratado: em igualdade.

Mas temos um longo caminho a percorrer. Ainda hoje, mesmo no país livre como a Noruega, há vergonha associada ao ser gay e há uma sobre-representação nas estatísticas de suicídio, especialmente para os que têm um background de minoria e de Religião, não sendo apenas rejeitados pela família e entes-queridos, mas também pelo seu Deus.

Sociedades Religiosas, Igrejas, Mesquitas, Sinagogas descriminando seres humanos pelo que são, tal como a cor da pele que possuem, enquanto os nossos Governos e políticos o aceitam. Eu não aceito.

Eu não aceito ver jovens homens e mulheres porem fim às suas vidas por causa do amor que carregam dentro delas, porque as suas famílias e amigos os rejeitam, porque lhes dizem que Deus os rejeita.

É tempo de pormos os Direitos Humanos acima da Religião.

Sempre pensei que quem amo só a mim me diz respeito. Mas sabendo do peso que tantos jovens carregam por causa da ignorância da sociedade, quero afirmar-me como um exemplo e fazer a minha voz ouvir-se por todas essas vozes mudas. Por todos aqueles que sentem vergonha por causa das suas crenças, aqueles a quem dizem que Deus não os aceita.

Deixem-me dizer-vos: vocês são uma parte de Deus. E o que vocês têm é o mais puro dos dons: qualquer tipo de amor consentido entre dois adultos, independentemente do género, da raça, é puro. Perdoem aqueles que julgam, perdoem a sociedade e as pessoas que se deixam guiar como ovelhas, que deixam que lhes digam o que pensar, como viver e aquilo em que acreditar.

Qualquer indivíduo que procurar dentro de si, vai ver que só há uma linguagem, para lá de qualquer homem e de qualquer livro: a linguagem do amor.

Eu sou gay e defendo os meus direitos e é por isso que fiz o vídeo "Father"."