19 Diciembre, 2014 Sexo Seco: prática perigosa que aumenta prazer dos homens
Contra as vaginas molhadas! Eis como se pode falar desta estranha prática...
O "sexo seco" é uma prática ancestral que visa contrariar a humidade natural da vagina das mulheres em prol do maior prazer dos homens. Isto com recurso a detergentes, areia ou outros componentes que são introduzidos no órgão sexual feminino.
O que é o "sexo seco"?
A ideia do "sexo seco" é que a vagina fique completamente seca na altura do acto sexual. Acredita-se que assim os homens vão conseguir mais prazer, contrariando aquela que é a ideia dominante da importância da lubrificação vaginal para a melhor satisfação no sexo (pelo menos da mulher!).
Neste sentido de contrariar a lubrificação da vagina, as mulheres introduzem nela areia, rocha pulverizada, ervas, papel, esponjas, entre outros componentes, antes do sexo. Algumas chegam a regar a vagina com álcool, lixívia e detergentes!
Uma prática que agride severamente a flora natural da vagina, que é essencial para a saúde da zona. De resto, até os duches vaginais são desaconselhados pelos médicos.
Crença cultural
O "sexo seco" está enraizado na cultura de muitos países de África, passando de geração em geração, como uma tradição, especialmente nos países do Sul e do Centro do continente. Também se verifica em algumas zonas da América do Sul e do Caribe e na Indonésia, nomeadamente na Ilha de Java, onde é habitual as mulheres defumarem as suas vaginas com ervas em chamas.
Noutras zonas indonésias, pratica-se o chamado "Tongkat Madura" em que um pau com a forma de um charuto, feito com a raíz de uma planta, se introduz na vagina de modo a que esta fique seca e limpa. Acredita-se ainda que este método aumenta o desejo sexual das mulheres.
Da mesma forma, certos alimentos não são recomendados às mulheres indonésias, considerando-se que tornam a vagina húmida, nomeadamente o ananás e o abacaxi, e o pepino.
E o que há contra vaginas molhadas?
As vaginas molhadas são, de acordo com a crença nalguns dos países onde se pratica o "sexo seco", um sinal de mulheres promíscuas e sujas. O fluxo vaginal é encarado como algo pouco saudável, que indicia uma doença ou alguma coisa má - imagino que neste contexto a bebida que faz a vagina cheirar a pêssego daria muito jeito!
"Basicamente, a reputação de uma mulher depende do tamanho de sua vagina", salienta uma especialista em saúde sexual e activista na África do Sul, Marlene Wasserman, destacando ainda que é "definitivamente uma questão de classe". A prática verifica-se nas comunidades menos instruídas e onde as mulheres são mais dependentes dos homens.
"As mulheres que vivem em países onde praticar o "sexo seco" é algo normal, provavelmente ensinaram-lhes, desde pequenas, que lavar-se com sabão abundante e químicos secantes é algo fundamental para manter os seus maridos fieis e felizes. Muitas mulheres dependem dos seus maridos ou namorados, de maneira que não estão em condições de dizer-lhes o que querem", esclarece a especialista holandesa Tinde Van Andel.
Além dos aspectos culturais e de crença, o processo de secagem da vagina causa a sensação de estreiteza da mesma. Os homens sentir-se-ão mais estimulados com a fricção, o calor e o inchaço causados pelo uso dos agressivos elementos secantes.
"Sexo Seco" tem riscos e consequências graves
Trata-se de um procedimento bastante doloroso para as mulheres que o praticam, irritando severamente a vagina. Provoca cortes e feridas, inflamação e infecções e incrementa o risco de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV.
Um estudo feito em 2009 na Zâmbia, um país onde se pratica o "sexo seco", comprovou que este processo ajudou a espalhar o vírus VIH.
Além disso, o procedimento de secagem da vagina aumenta a probabilidade de que o preservativo se rompa, com as consequências perniciosas inerentes.
Molhadas e contentes!
As mulheres que se entregam ao "sexo seco" aceitam os sacrifícios que ele acarreta, acreditando que a dor no sexo é normal. Elas não sabem, nem imaginam, que o prazer sexual é um direito que também é delas. Uma ideia, felizmente, contrária à crença dominante na maioria dos países evoluídos, onde se apregoa a humidade vaginal!
Uma mulher molhada é mais feliz e isso também deixa os homens mais contentes, digo eu...
Gina Maria
Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.
"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]
+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas)