26 Febrero, 2020 "Oh si, mui fuerte!"
O mítico Canal 18 (ou Fiesta para os esquisitinhos)
Peguem nas vossas La Redoutes de páginas coladas e atirem-nas para a fogueira. Agarrem num coberto com langonha ressequida e aqueçam-se, porque está na hora de um conto à volta da fogueira, cortesia do vosso Tio Noé.
Esta é a história da lenda do Canal 18!
Antes da internet, tínhamos de procurar material punhetório em todo e qualquer lugar que parecesse legal e possível. A secção de lingerie da La Redoute, a secção de nativas das revistas do National Geographic e, para os mais aventureiros amantes dos pequenos-almoços completos, a senhora da embalagem de All Bran. Todo e qualquer vislumbre de pele era motivo para todo e qualquer vislumbre da cabeça do nosso caralho na palma da mão.
Dado ser suícidio social alugarmos um filme pornográfico em VHS no clube de vídeo do nosso bairro, a oferta finalmente encontrou a procura e, vindo do meio do nevoeiro tal e qual um Dom Sebastesão, aparece o canal 18. O que era o Canal 18? Era o canal a seguir ao 17, mesmo antes do 19. Explicando para quem não puto de ideia do que eu estou para aqui a falar, era um canal que durante o dia emitia merdas sem jeito nenhum e à noite dedicava-se a emitir merdas que faziam todo o sentido e mais algum. Pornografia, meus amigos. Pornografia à distância de um click do nosso controlo remoto da televisão.
Mas que pornografia, Noé? Pornografia fantástica e de excelente qualidade? - perguntam vocês.
Depende do que cada um acha que é material ceifeiro de langonha de boa qualidade. Temos de nos enquadrar na década e no que os adolescentes que nela habitavam estavam dispostos a usar nos olhos para vazar o tomate cheio: toda a pornografia era de qualidade naquela altura, mesmo quando não era. Se hoje em dia mostrasse os filmes que vi no Canal 18 a um teenager moderno, ele provavelmente iria mandar-me levar no cu por tentativa de homícidio visual e sonoro. Produções de média ou baixa qualidade, a maioria delas - se não todas - dobradas em espanhol. Ou seja, alguém viu aqueles filmes de merda e achou por bem dobrá-los noutra língua, não vá alguém perder-se no enredo.
O Canal 18 (canal Fiesta para os civis!) terminava a sua emissão regular por volta da meia-noite, ficava estático com um logotipo manhoso cerda de dez minutos (como a enganar os mais incautos) e depois lá dava ínicio ao mair espectáculo da noite. Uma geração inteira de rapazes a bater à punheta em simultâneo, quase como se todos partilhássemos uma consciência colectiva de caralho em riste.
Saudosos tempos do Canal 18. Não só propocionou alívio de colhão cheio a milhares, como foi responsável por ensinar castelhano a outros tantos. Confesso que esobço um sorriso ao pensar em algum turista português a deambular por Espanha e a ficar com meia-casa ao ouvir um puro e singelo "HOLA!".
Buenas fodas e hasta domingo!
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.