12 Abril, 2020 A tesão da traição
Porque um homem não vive só de pescada cozida.
Vamos chamar a coisa pelos nomes: meter os cornos. É duro de ouvir, mas mais duro é ter de levar com eles e sermos obrigados a dormir com a cabeça de fora da janela e ainda servirmos de estendal para a roupa secar. São tantas as histórias que já ouvimos que correram bem, correram mal e as melhores de todas: as que não sabemos. Porque essas correram mais que bem.
Não ponho as mãos no fogo por ninguém. Por nenhuma namorada minha, nem mesmo a primeira aos 15 que era um doce de miúda. Cabra, é o que ela é. Um pulador de cerca que inicie a carreira em tenra idade sem qualquer tipo de escrúpulos, irá tornar-se num garimpeiro de cona em idade adulta só que no lugar de picareta, tem um picaralho. Elas? Pois, elas jogam neste campo com uma vantagem: a nossa soberba presunção. Homens estúpidos. Vocês acham mesmo que elas vos meter um chapéu de alce por carências emocionais? Porque não lhes dão abracinhos? Flores e chocolates? Lamento.
Tenho uma novidade: a vossa amiga/namorada/esposa/irmã pula a cerca pelas mesmas razões que vocês. Também ela gosta de foder, tanto ou mais da mesma forma que vocês podem trair por aquelas razões choninhas.
Mas o que há numa traição? O que é trair? Até a própria palavra tem uma carga emocional grande. Inclusive biblica.
Judas Iscariotes traiu Jesus. Tu traíste a Cláudia com a Maria. És um Judas. Mas foda-se que valeu a pena!
Vamos reduzir o espectro dos motivos da traição e focar no que nos interessa: a tesão da traição. Mas vamos tirar esta palavra feia da caminho e vamos chamar apenas isto como um caso sério de tesão que nos dá. A tesão destrói familias por 15 minutos de prazer, por um orgasmo intenso. A amiga da namorada. A colega de trabalho. Uma paixão antiga mal resolvida. A namorada do amigo. Todos estes frutos proibidos que podem ser um expoente máximo de tesão, são muitas vezes trocados pelo quê? Um engate qualquer de Facebook. O poder da tesão é fantástico, não é? Trocamos o que muitas vezes temos em casa por uma esporradela qualquer numa gaja que muitas vezes é menos atraente do que a nossa namorada.
Eu já tive tudo uma vez. Tinha uma namorada lindíssima que fodia como uma estrela porno. Fazia tudo. You name it. Bissexual pura, uma autêntica máquina de foder que me esgotava e mesmo depois de terminar ainda se ficava a tocar a ver porno no PC à espera que eu recuperasse para me dar mais um fodão a seguir. Ela trazia gajas para casa para comermos os dois, tal e qual um caçador entra no seu lar de coelho ao ombro, mete em cima da mesa, e diz: “está aqui isto para comermos todos”. Chegava a entrar em casa e a apanhar a tocar-se a dizer-me “rápido mete-me na boca… JÁ”. Num aniversário chegou a olear-me um pé. Devagarinho com todo o cuidado e depois mandou-me eu esticar a perna para depois de seguida o enfiar todinho. Até ao calcanhar. Impressionante. Tinha tudo. E o que é que eu fiz? Exacto. Isso mesmo. Com uma gaja resmenga. E porquê? O que leva um homem que tem uma vida sexual que muitos almejariam ter a cometer uma parvoíce destas? Simples: ego. Trair por termos um ego gigante é o pior dos motivos e o melhor de todos ao mesmo tempo. Eu não precisava. Mas ver aquela miúda totalmente encantada comigo e com a minha maneira de ser, quando os olhos dela brilhavam a cada das minhas piadas, era ali naquele momento que eu senti aquela sensaçaõ fantástica de exerceres poder de sedução sobre alguém. Começou com um broche no carro. Ela diz: “preenches-me tão bem a boca” e gemia enquanto me mamava. Tão bom. Estava no céu. Naquele momento, aquele singelo acto já tão repetido por tanta gaja tinha um sabor especial: eu tinha tudo o que queria e ainda podia me dar ao luxo deste pecado. Era o maior (na minha cabeça). Ainda lhe dei dois ou três fodões no carro uns dias depois. Ficou por aí.
A outra descobriu. É sempre por um deslize que somos apanhados, não é? Um SMS que não esperamos. Uma chamada não atendida. Um email que não apagámos. Somos estúpidos e nisso tiro o chapéu às mulheres que querem pôr um chapéu de veado aos maridos: elas são sem dúvida melhores a fazer tudo isto que nós. Quando uma mulher quer ser rebentada por trás por outro caralho que não seja o do marido, ele nunca irá descobrir (se ela quiser, claro).
A tesão da traição não tem igual. Não é apenas pelo orgasmo. Não é apenas por carências. É também um jogo de egos, de sedução, de nos sentirmos vivos por um momento curto que pode muito bem terminar uma eternidade de estabilidade emocional e é isso o que estamos dispostos a arriscar tal é a vontade que nos dá.
Mas foda-se, que é uma tesão do caralho comermos a mulher de outro.
Até quarta e boas fodas. Com a namorada ou a amiga dela.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.