01 Septiembre, 2017 Um lar para trabalhadoras do sexo da Terceira Idade

Casa Xochiquetzal é um abrigo para trabalhadoras do sexo sem-abrigo.

Situada na Cidade do México, a Casa Xochiquetzal é um abrigo que acolhe trabalhadoras do sexo da Terceira Idade que vivem na rua, sem terem uma casa onde dormir. Mais do que isso é um projecto que devolve a estas mulheres a dignidade perdida.

Um lar para trabalhadoras do sexo da Terceira Idade

A Casa Xochiquetzal abriu as portas em 2006, depois de uma luta de 20 anos da mentora da ideia, a ex-trabalhadora do sexo Carmen Muñoz, que trabalhou nas ruas do México durante 40 anos.

Quando se deparou com dúzias de trabalhadoras de sexo idosas a dormirem nas ruas, por não terem sequer dinheiro para pagar um quarto, ela sentiu que tinha que fazer alguma coisa.

E foi assim que, após duas décadas de uma árdua batalha, Carmen conseguiu convencer o Governo mexicano e Organizações Não Governamentais a apoiarem a abertura do abrigo.

Pela Casa Xochiquetzal passaram, nestes 11 anos de existência, mais de 200 mulheres que aí encontraram cama e comida, mas também carinho e compreensão.

Baptizada com o nome da deusa maia do amor e das mulheres, o único abrigo do género na Cidade do México acolhe uma vintena de mulheres, com idades entre os 55 e os 80 anos. Algumas já se reformaram do trabalho sexual, mas outras continuam a trabalhar nas ruas.

Entre as paredes da Casa Xochiquetzal cruzam-se muitas histórias de vida, desde a de uma mulher que foi abusada, ainda em criança, pelo padre da aldeia onde nasceu e de onde fugiu para escapar a esses abusos, a outra que levou um tiro na cabeça após ter sido violada. Há também vítimas de violência doméstica, dependentes do álcool e uma que sofre de Síndrome de Down.

E depois de uma vida de miséria, em que foram roubadas, violadas, agredidas, atacadas, exploradas, algumas vendidas ou abusadas ainda em criança, neste refúgio encontram um lar para recuperar forças e a dignidade, conforme conta à BBC uma das residentes da Casa Xochiquetzal, Marbella, que vende jóias nos mercados.

"Esta casa ensinou-me que a minha vida vale muito, que sou tão digna como qualquer outra mulher. Agora digo que uma mulher pode perder a sua honra, mas nunca a sua dignidade."

A história peculiar do abrigo tem chamado a atenção da comunidade internacional e já despoletou vários projectos artísticos, como o da fotógrafa francesa Bénédicte Desrus.

Intitulado "Las Amorosas Más Bravas" (algo como "As Amantes Mais Corajosas") - http://benedictedesrus.photoshelter.com/gallery/MEXICO-The-women-of-Casa-Xochiquetzal/G0000_xeQ2p7D1f0/ -, o projecto de Bénédicte Desrus acabou por originar um livro, em parceria com a escritora mexicana Celia Gómez Ramos.