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23 Abril, 2015 Brinquedos sexuais que valem muito mais do que só orgasmos

Dildos, vaginas falsas e Punhos de Adónis revolucionários. Perceba porquê.

Um dildo com uma vagina na ponta, outro com um pénis e ainda outro que é um braço com um punho fechado (o chamado "Punho de Adónis"), todos com uma pega especial. Parecem brinquedos sexuais a sério para pessoas com deficiências, mas são um pouco mais do que isso...

Brinquedos sexuais que valem muito mais do que só orgasmos

Mostrar que os deficientes têm direito a sexo digno e sexy

Estes supostos dildos revolucionários servem, afinal, para dar um vislumbre único e sem pudores sobre a sexualidade dos deficientes e constituem uma criação de protesto do grupo activista sueco em prol dos direitos das pessoas com incapacidades - o Gothenburg Cooperative for Independent Living (GIL).

Este movimento já encetou, no passado, outras iniciativas igualmente inusitadas, nomeadamente criando uma cerveja própria para protestar contra as más condições que os pubs proporcionam aos deficientes.

Desta feita, a ideia é chamar a atenção para o facto de os deficientes serem pessoas com desejos que fazem sexo, como toda a gente. Um objectivo que vem ao encontro daquele que foi preconizado pelo grupo Sim, nós (os deficientes) fodemos!, num recente evento em Portugal.

Os brinquedos sexuais que se podem ver na imagem reproduzida acima foram desenvolvidos especificamente para a feira "Live and Function", que se realizou na Suécia, neste mês de Abril, entre os dias 14 e 16, e que teve por objectivo a divulgação de tecnologias de assistência para pessoas com incapacidades.

A GIL deu-se ao trabalho de inventar até uma suposta marca produtora de brinquedos sexuais, a Secreta AB, que deveria comercializar estes dildos especiais, com o objectivo de serem utilizados por cuidadores e assistentes de pessoas com incapacidades.

Há dias trouxemos aqui o caso de uma trabalhadora do sexo de ejaculação assistida que trabalha na prestação de cuidados sexuais a deficientes.

A ideia destes artefactos sexuais é mostrar, de forma satírica e crítica, como as pessoas com incapacidades físicas precisam de se sujeitar a "processos mecânicos e institucionais", conforme aponta a GIL, para encontrarem alguma satisfação sexual nas suas vidas.

Este movimento sueco pretende alertar consciências para a importância de garantir que os deficientes tenham uma vida sexual satisfatória, sem sentirem vergonha, ou sem precisarem de se sujeitar a métodos pouco dignos e nada sexys.

Abrir portas com o sexo...

Os dildos e as vaginas falsas são, assim, apenas "uma forma de abrir portas", conforme evidencia o porta-voz do GIL, Anders Westgerd. "O sexo é simplesmente uma ferramenta para ganharmos publicidade", acrescenta este sueco dependente de uma cadeira de rodas.

"Esta campanha não é verdadeiramente sobre sexo. É só uma forma de chegar às pessoas. O sexo e a deficiência são um tabu. Tudo se resume a escapar da ideia de que os outros decidam como é que nós devemos viver as nossas vidas. Somos como toda a gente e queremos ter a oportunidade de viver como qualquer pessoa também."

O discurso activista de Anders Westgerd salienta ainda o facto de "nunca ninguém" abordar o sexo na deficiência como uma matéria séria e de relevo e lamenta que só se fala no assunto de "um ponto de vista perverso ou de "freak show"".

"Ter sexo enquanto deficiente não é algo de que se fale. E também há muita gente que acha que nós não fazemos sexo", diz ainda Anders Westgerd, frisando que a insólita campanha da GIL visa apenas mostrar que as pessoas com incapacidades são "humanos normais que experimentam o desejo e não objectos assexuais".

"Eu não ser capaz de andar é, na verdade, comparável a alguém que não é capaz de correr os 100 metros em menos de 10 segundos. Se uma pessoa tem uma incapacidade ou não, depende de onde a sociedade coloca a norma, não da incapacidade física em si."

Uma poderosa mensagem de Anders Westgerd sobre a qual vale a pena reflectir.

Gina Maria

Gina Maria

Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.

"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]

+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas) 

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