23 Diciembre, 2021 O patrão e a empregada - Parte V

A prenda de Natal...

Foi a primeira vez na minha vida que senti uma tesão carinhosa. Sentia tanta ternura por ela que era capaz de me vir nas suas bochechas. Em vez disso, abracei-a simplesmente e prometi-lhe que, comigo, iria ter todo o tempo que precisasse. Continuaríamos, para já, com as nossas carícias apaixonadas. O resto aconteceria naturalmente. E foi assim, num longo e suculento 69, que deixámos fluir todas as possibilidades que o destino nos sugeria. Amanhã, como ela disse, seria um novo dia. E... não é que foi mesmo?

O Natal aproximava-se e meti na cabeça que o dia de nascimento do menino iria, no calendário das nossas memórias futuras, coincidir com o dia em que nos amámos pela primeira vez. Quando digo amar, digo levar a nossa narrativa de carícias, suspiros, broches e minetes, ao estádio final da proposta amorosa: a penetração – a foda!

Era ainda cedo para falar de cu –  ou pensava eu!!

A minha esperança, para que se perceba, não era apenas fundada no espírito natalício. A verdade é que as semanas anteriores, partilhadas quase inteiramente em conjunto, tinham sido um hino à paixão, ao carnal, à substância físico-química que move as pessoas, os corpos, a quererem estar uns com os outros, agarrados o tempo todo e às vezes sem isso chegar…

Ambos duvidávamos que se tratasse de amor. Tínhamos um resto de racionalidade ainda activa que nos ajudava percebê-lo. Mas a paixão, a obsessão, o transe erótico e sexual era quase absurdo! E comum…

 A partir desse ensemble de emoções, criámos uma rotina que nos deixava o dia inteiro em êxtase. Começava logo de manhã. Mal acordava, Aurora lavava os dentes, entrava no meu quarto e abocanhava-me o caralho.

O meu acumulado nocturno, mistura rica de sonhos e fantasias, era rápida e profusamente esguichado na sua garganta. Quando me vinha ainda nem sequer estava acordado.

Aurora engolia tudo e desaparecia tão sorrateiramente como tinha entrado, deixando-me o seu cheiro a cona doce e a sua memória bem presentes, que eu tratava rapidamente de encaixar no último estertor dos meus sonhos, naquele momento em que ainda se cruzam o rasto do onírico e o hall do real.

Depois de tomar duche e tomar um breve pequeno-almoço, antes de me pôr ao trabalho, sentia uma necessidade quase aflitiva de ir ver o que Aurora estava a fazer. Fosse o que fosse, ajoelhava-me aos seus pés e anichava a cabeça entre as suas pernas, assentando a face no papo de cona e respirando as suas fragrâncias de anjo lubrico – e lubrificado. Acabava sempre por lhe baixar as cuecas e lambê-la até ela escorrer pelas virilhas.

À hora de almoço, quando nos voltávamos a encontrar, não conseguíamos estar quietos. Fieis à estratégia de ela fazer o que eu dizia, antes de chegarmos à sobremesa já a tinha de camisa aberta, os mamilos espetados fora do soutien, as saias levantadas, pernas abertas e cuequinha desviada para o lado. Adorava vê-la a masturbar-se e demandava-o sempre que podia.

A cara dela, quando o prazer se sobrepunha à seriedade da consciência, quando perdia o controle da sua persona, fazia-me disparar o coração, e o caralho acompanhava-lhe as batidas... Quase sempre, quando Aurora tinha o seu orgasmo comensal, eu acabava a esporrar-me para cima das ervilhas ou para o copo de nectarina.

A meio da tarde, Aurora vinha limpar o meu escritório. Tinha feito o trabalho real de manhã, enquanto eu me levantava. Agora vinha com essa desculpa, como se eu não tivesse reparado nos cinzeiros despejados e no ecrã do computador cheio de nódoas de detergente.

Na ordem dos nossos dias, este era apenas um lanche rápido, que consistia em Aurora sentar-se de pernas abertas sobre mim, me dar o sal dos sovacos a cheirar enquanto me abraçava e lambia o pescoço, e roçar convulsivamente as bordas pelo meu caralho cilíndrico e duro até começar a gemer como uma louca e vir-se com um estouro meteórico!

Toda a operação não demorava mais de três minutos. Ela ficava de cuecas empapadas e eu esporrava-me dentro das calças.

Quase sempre saltávamos o jantar e passávamos o serão no sofá a beijar-nos, acariciar-nos, lamber-nos e tocar-nos, por cima da roupa ou desviando apenas o bocadinho necessário para os nossos dedos, as nossas bocas, viajarem trôpega, mas satisfatoriamente, nas profundezas um do outro.

Se por acaso não nos vínhamos neste endurance, que ambos tentávamos prolongar pelo maior tempo possível, antes de nos deitarmos, masturbávamo-nos mutuamente, selvaticamente, até a esporra e os espirros da cona se misturarem em jactos no ar.

Quando caía na cama estava morto. Mas, seguramente, o morto mais feliz que a humanidade já conhecera.

Agora aproximava-se o Natal, uma quadra propícia a causas do foro da alegria, da bondade, do amor, mas também da boa vontade, da paixão, do romance à luz tremelicante das velas eléctricas.

Debaixo da árvore iluminada estavam os embrulhos das prendas. Apenas duas, as que tínhamos comprado um para o outro, devidamente embrulhadas. Naturalmente, comprei-lhe uma coisa para despir, no caso, um conjunto bastante atrevido de lingerie de tons arroxeados, ou lá próximo.

Não era um prodígio de imaginação, mas não deixava de revelar com bastante nitidez as intenções que carregava e, assim sendo, cumpria o seu propósito. Em relação à prenda dela, uma caixa achatada sem laço, embrulhada num papel bastante sóbrio, eu ardia de curiosidade para saber o que era.

À meia-noite, já depois de cearmos e de tomarmos o primeiro banho juntos, com bombas de cheiros e abundante espuma – que culminou numa sucessão variada de orgasmos, todos eles particularmente líquidos –, sentámo-nos no chão para abrir os presentes.

Ela abriu primeiro o dela e percebi que tinha ficado feliz, pois imediatamente começou a tirar as roupas até ficar nua.

Lentamente, vestiu a minúscula peça completa, que no seu corpo se estendia miraculosamente. Era um genuíno poema observar a forma como a fina seda se encaixava nas suas formas, fazendo-lhe sobressair as mamas e enterrando-se luxuriosamente no rego, aflorando mesmo, na zona elástica, os lábios da racha.

Uma vez “vestida”, deixou-se cair para trás, de pernas abertas e flectidas, brincando com as cuecas de maneira a que eu lhe visse os pintelhos rebeldes por baixo dos tecidos.

Nessa altura tinha uma tesão tão grande que seria capaz de foder uma girafa!

Foi quando ela disse:

– Abre agora a tua.

Pequei no presente dela e abri-o cuidadosamente. Quando levantei a tampa da caixa, confesso, fiquei perplexo. Numa base de espuma negra, acondicionado como uma jóia, estava um objecto de tez incerta, vagamente humana, cuja aplicação não podia ser confundida com nenhuma outra: era um dildo duplo! Ou, em bom português, dois caralhos de borracha de proporções bastante apreciáveis, acoplados um ao outro e apontando cada um para seu lado!

Ao início nem soube o que dizer... Não percebia. Não se dá um caralho a um gajo que já tem um e, coincidentemente, anda sempre teso porque não pode ver uma nesga de carne na roupa da sua empregada, uma posição mais sugestiva com o esfregão ou com a esfregona, e imediatamente se põe em riste e preparado para atacar! Era óbvio que ela tinha alguma coisa em mente, mas eu não fiazia ideia o que era. Fiquei sem palavras...

Ela aproveitou o meu espanto e, não sei se consciente ou inconscientemente, acabou por estabelecer um momento que invertia as regras da nossa relação. De repente, já não era ela que fazia o que eu dizia; era eu que me via na iminência de satisfazer os seus desejos e caprichos!

– Esta noite teremos tudo o que tu quiseres – disse Aurora, de pernas abertas para mim e com a voz palpitante de desejo. – Podes penetrar-me. É o que queres, não é? Pois bem, sou tua. Mas sabes… Também quero ter tudo o que quero. E esta é a minha maior fantasia.

Como eu continuasse sem perceber onde ela queria chegar, Aurora concretizou:

– Podes penetrar-me. Eu abro-me para ti até à última consequência. Mas também quero penetrar-te a ti. Assim, vês?

Lentamente, enfiou uma das extremidades do vibrador até bem fundo da cona. Depois de o fazer, a ponta restante, isto é, o segundo caralho, saia-lhe do meio das pernas como se fosse um homem.

Admito que vê-la assim me encheu de tesão. Mas continuava sem alcançar onde mo queria meter. Na boca? Não podia ser no rabo, quer dizer, nunca tinha feito nada do género.

Aurora prosseguia o seu brieffing do que esperava que a noite lhe trouxesse...

– Assim não haverá patrão nem empregada. Não haverá um com poder sobre o outro. A figura paternal que a jovem nunca a teve. Seremos apenas homem e mulher, com os mesmo direitos à experiência e à felicidade. Percebeste, querido?

– Estás-me a perguntar se eu percebi?

Naquela altura ainda não tinha percebido, mas percebi logo a seguir...

– Espera aí… Estás a fazer-me um ultimato?!

– Acertaste, querido. Tu penetras-me, eu penetro-te. Tu fodes-me a cona, eu fodo-te o cu. É a minha proposta. Tu decides…

De todas as prendas que poderia ter imaginado, esta não faria decerto parte da lista que alguma vez enviaria ao Pai Natal. E no entanto, era assim, era o que era. Por uma vez na sua vida, Aurora entendeu que era ela quem tinha os trunfos na mão. E, claro, assim sendo, queria experimentá-los!

Não posso ser muito preciso em relação ao que se passou nesses minutos. Uma parte significativa do nosso diálogo está ainda agora envolvida numa densa névoa difusa… Sei que não estava em mim. E naquela altura, a única resposta que me ocorreu foi esta. Por muito que me custasse, tive que dizer…

Armando Sarilhos

O patrão e a empregada - Parte VI

O patrão e a empregada - Parte I

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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