08 Junio, 2020 Happy New Year, my friend!
... Vejo como esta se balançava ao andar. Agarro-a pela cintura para ver se não cai dentro da ria...
A Adriana era uma velha conhecida por quem eu detinha uma grande estima e apreço. Desde que a vi pela primeira vez no café Mar Adiante, acompanhada pelo meu amigo Felipe, fiquei com um bichinho atrás da orelha mas não no mau sentido, se é que me entendem. As minhas tentativas continuavam a surgir e por vezes ficavam sem efeitos, e quando finalmente tenho o que queria o feitiço virou-se contra o feiticeiro.
PARTE I
Utilizei a relação do Felipe com a Adriana para a ir conhecendo aos poucos, mas ela não me dava muita atenção.
Os anos foram passando e aquela relação não havia meio de acabar, tudo demasiado perfeito. Até que tenho uma brilhante ideia. Utilizei os meus contactos e sugeri que contratassem o Felipe para um trabalho externo, algo que o mantivesse fora por durante largos meses, dava mais que tempo para me aproximar da Adriana.
O meu plano parece fácil, e assim foi. O Felipe só pensava em dinheiro e como aquele trabalho ia acrescentar uns bons cifrões à sua conta bancaria, nem foi preciso fazer muita força para ele ir, podemos apenas desejar-lhe toda a sorte do mundo e que voltasse são e salvo.
A Adriana foi a ultima a saber da sua viagem para a Alemanha, o que a deixou deveras furiosa palavras do próprio Felipe.
Durante os primeiros três meses de ausência do Felipe, a Adriana desapareceu do nosso circulo de amigos, ninguém sabia do seu paradeiro e comecei a sentir a sua falta.
A meio do quinto mês a Adriana envia-me uma mensagem:
“Olá Hélder Como estás? Podemos tomar um café depois de jantar?”
Não acredito. Um café comigo, sozinho?! Não demoro em responder:
“A malta vai encontrar-se no sitio do costume, é só apareceres.”
“Que porra de resposta foi aquela Hélder?! Uma oportunidade destas e tu pensas na malta?!”, digo a mim mesmo, martirizando-me.
Segundos depois a resposta:
“Quero conversar apenas contigo. Sozinhos. Por favor.”
Fiquei sem o que dizer, fui apanhado de surpresa. Ela estava a encurralar-me, tinha que ter atenção.
“Tudo bem. Tens algum sitio em mente?”
Combinamos num café junto do mar, como ela gosta do mar, da praia. Recordo-me tão bem de como a luz proveniente do sol embatia sobre os seus cabelos e estes ficavam com uma cor linda, um castanho claro quase loiro, a roçar na sua pele bronzeada. Gosto de a ficar a observar sem ela se aperceber. Contudo o café foi marcado para a noite, não tive oportunidade de a ver daquela maneira.
Não sabia o que esperar daquele café tão inesperado.
Ao vê-la sentada numa mesa num dos cantos do estabelecimento, sorrio-lhe e vou ao seu encontro. Cumprimento-a e sento-me na cadeira ao seu lado. Sinto o leve aroma do seu perfume, que cheiro tão doce.
Após uma breve conversação sobre as trivialidades da vida a Adriana atira:
- Sabias que o Felipe está a pensar aceitar uma nova proposta? Ele só vai regressar dentro de dezoito meses! Dezoito meses Hélder!
- O quê?! – fui apanhado de surpresa, contudo é extremamente positivo para a minha pessoa.
- Eu disse-lhe que a nossa relação por muito sólida que fosse não tinha os alicerces necessários, para já, para conseguirmos ultrapassar este desafio juntos.
Pega no seu copo e dá um gole, ficando depois a olhar para o copo enquanto o remexe e fixa o seu olhar no liquido, com um olhar pesado, pensativo. Houve um silencio intenso, sentia-se. Até que ela continuou o seu discurso:
- Sabes o que ele me disse?
- O que te disse?
- Que tinha conhecido alguém Mas ele nem queria ela é que se atirou a ele. Palavras do teu amigo.
Solto uma gargalhada, não me consegui segurar. O Felipe disse a coisa mais absurda de sempre.
- Então sendo assim como ficou a vossa situação?
- Terminámos à coisa de cinco dias. Pelo que vejo não sabias de nada … – diz-me com um ar nada surpreso.
Fiquei perplexo com o que tinha acabado de ouvir. Não estava à espera desta reviravolta de eventos. Estava à espera apenas agora de uma festa ou algo e apanha-la desprevenida, mas sendo assim tenho que ir com calma que a deusa está num momento de luto.
Algum tempo depois de nos termos encontrado a Adriana começa a apimentar as suas redes sociais. Deixa-me os olhos a ferver e o meu Carlitos a palpitar.
Tentei aos poucos ir encontrando-me com a Adriana, visto que mais ninguém do nosso circulo de amigos o fez. “Menos competição”, pensava eu, contudo sempre que nos encontrávamos ela só falava dos seus encontros falhados e das tentativas furadas de ter relações sexuais com alguém Aquela mulher não tinha sorte nenhuma com os homens que a cativavam.
Passaram-se três anos e eu ainda não consegui nada com a Adriana. Já estou a começar a ficar um pouco desesperado até que tento, enviando-lhe uma mensagem perto do mês de Abril:
“Olá ! Como estás? Logo à noite queres ir tomar um copo?”
Esperava uma mensagem a dar-me uma nega, pois era o que costumava acontecer. Muitos “nãos” ouvi e li daquela mulher, mas estava decidido em ir até ao fim. Recebo uma mensagem em tom afirmativo onde esta até me pedia boleia, pois o carro dela estava no mecânico. Fico radiante com o ocorrido.
Todavia a noite saiu furada. Tentei mesmo com a Adriana um pouco bebida, mas mesmo assim não consegui alcançar o meu objectivo. Não consegui avançar muito mais nos meses que se passaram pois tive que embarcar para um trabalho de apenas quatro meses.
Nos meses que fiquei longe tentei contacta-la via telefone, mas sem sorte ela muito raramente me atendia os telefonemas mesmo tendo mais sorte por mensagem preferia ligar-lhe, gostava de ouvir a sua voz.
PARTE II
Quando regresso a Adriana estava ainda mais magra do que já era. Não gostei do que vi. Quando tive oportunidade de abraça-la senti o seu corpo sem vida, parecia que nem estava ali. Aquele rápido café que tomei na sua companhia partiu-me o coração. Uma rapariga tão bonita assim, extremamente magra e sozinha; sem alguém que lhe desse um abraço quando mais ela precisava de carinho e aconchego.
As semanas passaram-se e o meu interesse pela Adriana só ia crescendo consoante as diferentes metas de conhecimento que ela conseguia alcançar aos poucos. Aos poucos fui conhecendo a real Adriana, não a que estava ao lado do Felipe. Uma pessoa controlada e extremamente tímida, a Adriana era mesmo o oposto daquilo que demonstrava ser. É controlada, mas também sabe quando se descontrolar, e tímida? Nem um bocadinho. Era uma destrambelhada, mas eu gostava do que ia observando e conhecendo.
Faltam menos de dez dias para a passagem de ano e eu envio uma mensagem à Adriana a perguntar se quer marcar um café da qual ela me responde que pode mas só depois da meia-noite pois estava a fazer o fecho de loja naquele dia. Sem qualquer problema fui buscá-la ao trabalho, visto que ela ia de transportes para o trabalho, nesta altura do mês de Dezembro, era o melhor. Sendo lojista num centro comercial, encontrar um lugar de estacionamento por vezes pode-se levar quarenta minutos ou até mais, até, finalmente, se conseguir estacionar o veiculo.
Não estava à espera de tal desenrolar de acção, mas gostei. Já no bar pergunto-lhe:
- Tens planos para a passagem de ano?
- Não… Sabes que não detenho de muitos amigos. Este ano estava a pensar passar em casa, com a minha mãe na companhia dos nossos quatro gatos… – dá um gole no seu copo de vinho e continua – E tu, já tens planos?
- Estou como tu. Sem planos. Queres passar comigo?
Ela fica surpresa com a questão. Abre bastante os olhos, esboça um enorme sorriso e diz:
- Isso era uma ideia agradável! De certeza que queres?
- Sim, quero.
- O que tens em mente? – questiona-me.
- Estava a pensar irmos para um sitio que não conhecêssemos.
- Podes escolher qualquer sitio, ainda pouco conheço de Portugal. Sabes que eu com o Felipe não viajei muito. Só agora ando a descobrir aos poucos e sozinha. É o que dá ser uma mulher solteira.
- O que achas de irmos para algum sitio do norte do país? E depois vínhamos por ai abaixo a descobrir sítios? Tudo depende da hora que entres no trabalho, claro.
- Não te preocupes. Só entro no segundo dia novamente a fechar a loja, tenho horas que posso descontar … Achas que me consegues aturar tanto tempo?
- Sem qualquer problema! - digo-lhe com um sorriso de orelha a orelha.
O dia trinta e um chegou e correu tudo como combinado. A Adriana estava de rastos, no dia anterior tinha fechado a loja e hoje tinha ido fazer a abertura.
- Café!! - era o que repetia sempre que ficava demasiado calada.
- Paramos na próxima estação de serviço pode ser? - perguntei-lhe, faltavam cento e vinte quilómetros até chegarmos ao nosso destino.
- SIM! - grita entusiasmada e começa a dançar desajeitadamente no assento do carro.
Quando chegámos ao hotel ela questiona-me:
- Este não foi o hotel que reservamos o outro dia.
Esboço-lhe um sorriso matreiro, pisco-lhe o olho e digo:
- Pois não. Encontrei melhor. Espero que seja do seu agrado.
A Adriana não me responde fica perplexa e vermelha que nem um tomate. Vejo que a deixei desconsertada com tal escolha de hotel.
O recepcionista mete-se connosco os dois dizendo que fazemos um belo casal e que espera que os nossos filhos não sejam muito mais altos que nós. Trocamos um olhar como quem diz “Piadinha do menino!”
Subimos até ao último andar. Não olhei aos custos e reservei aquele quarto por uma noite. Esperava que a Adriana por estar cansada merecia uma cama como deve ser, e que talvez assim quisesse permanecer no hotel o resto da noite.
- Vou tomar um banho! Olhem-me só para esta banheira!!! - grita da casa de banho.
- Queres companhia? - pergunto-lhe por cima do ombro.
Ri-se e diz-me muito rápido:
- Engraçadinho. Vá antes que eu nem queira sair do quarto. Não viemos em vão. Vá! Deixa-me despachar para nos irmos divertir.
Vi que ela não gostou de estar numa suite com apenas uma cama, mas eu já vinha com essa intenção, “desculpa querida”, penso.
Assim que sai do banho, veste-se na casa de banho, não a vi de toalha e com o cabelo molhado, mas vi um pouco do seu sutiã quando esta me pede para lhe fechar o fecho do vestido.
- Ajudas-me Hélder? Estava a tentar sozinha para não te incomodar, mas… ainda dou um jeito ao braço, sabes?
Assim que acabo de lhe fechar o fecho do vestido digo-lhe:
- Uau! Dá só uma voltinha para eu ver.
Ela dá uma volta, uma volta rápida demais, por isso digo-lhe:
- Não! Não! Não assim, com mais calma. Tu sabes!
Ela ri-se. Está envergonhada.
- Estás bem? - pergunto-lhe quando a puxo, segurando-a pela cintura, para bem perto de mim.
- É só porque… Isto é tudo um pouco exuberante. Talvez demasiado para alguém como eu.
- O que queres dizer com isso? Tu mereces um pouco disto, sim! Vamos procurar de um sitio para jantarmos?
Estava novamente envergonhada. Não obtive nenhuma palavra proveniente dela, a não ser um tímido aceno com a cabeça.
Demos uma volta pela cidade sem qualquer tipo de sucesso. Estava tudo ocupado ou quase a encerrar. Até que finalmente encontramos um restaurante que ainda nos deixa comer.
Vejo na sua cara que está a tentar transparecer que está bem naquele sitio mas vejo que está desconfortável Ao sentarmo-nos numa mesa, quando a tenho à minha frente, pego-lhe na sua mão, na sua mão tão suave e frágil.
- Estás bem? - pergunto não largando a sua mão Ela não a retira.
- Estou tão bem! Finalmente vamos comer! – diz-me apertando a minha mão e esboçando um enorme sorriso.
Ainda não tinha visto este olhar da Adriana. O que seria aquilo? Um olhar meio apaixonado?
Pedimos uma garrafa de vinho. Deixo-a escolher, pois sei que tem bom gosto na escolha dos vinhos.
Vejo ao longo do jantar uma Adriana maravilhada, nunca a tinha visto assim de um ponto de vista mais intimo. Estou a gostar destas breves vinte e quatro horas passadas a seu lado, para já.
Garrafa atrás de garrafa. Não nos preocupamos com o tempo que demoramos a comer. Até que ela coloca os seus olhos no meu relógio de pulso.
- São quase onze e meia. Temos que nos apressar Hélder! Pergunta ao menino se pode colocar o resto da garrafa em copos de plástico e vamos embora que se faz tarde!
- Sim claro.
- Faz isso que eu vou à casa de banho.
Uma Adriana planeadora de eventos e ocorrências, um pouco mandona. Mas gosto.
Como ela me tinha pedido eu realizei o seu desejo.
- Já estás? – pergunta-me enquanto começa a vestir o casaco – Vá! Então, vamos ver o fogo de artificio!
Ela já estava tão bebida que ao sairmos do restaurante vejo como esta se balançava ao andar. Agarro-a pela cintura para ver se não cai dentro da ria. Seguro-a firmemente pela anca. Vejo como quem passa olha para ela, mas ela está noutra dimensão, não se interessa com quem passa ou o que a rodeia, até que ela pega na minha mão e começa a correr à minha frente:
- Anda! Corre! Vai começar!... Não te percas!!
Ficamos ali a ouvir o concerto do final de ano acompanhado com o fogo de artifício e dou graças às duas garrafas de moscatel que fui buscar ao carro enquanto ela se aguentou à frente do palco a dançar entre encontrões que a empurravam contra as baias de protecção. Uma garrafa para mim e outra para ela. Pelo meio íamos comprando copos de cerveja para misturar com um pouco de moscatel.
Não faço ideia de como chegámos ao hotel e o que aconteceu depois, pois a última visão que tenho da Adriana é de esta estar de roupa interior debruçada sobre a cama a observar boquiaberta para as luzes da cidade.
- Que vista homem! - diz-me olhando-me por cima do ombro, até que acrescenta – Anda... – diz voltando-se de barriga para cima – Anda cá… Deita-te aqui…
Deito-me a seu lado, apenas com as calças vestidas, a Adriana pousa a sua cabeça sobre o meu peito.
Na manhã seguinte acordo com a cama remexida, roupa espalhada por todo o chão do quarto, com uma enorme dor de cabeça e “Onde está a Adriana?”, penso meio assustado. Oiço-a, pouco depois, a utilizar o secador de cabelo na casa de banho.
- Olá princesa. – diz-me com um sorriso enorme – Dormiu bem? – diz, depositando-me depois um beijo na testa.
Faço uns quantos sons em tom de resmungo como quem não quer sair da cama.
- Vá! Levantar e tomar uma banhoca para acordar!
- O que aconteceu neste quarto? - pergunto-lhe apontando para as roupas espalhadas pelo chão.
Tapa a boca e esboça um olhar envergonhado até que diz:
- Não te recordas da noite de ontem?
- Lembro-me do jantar, das garrafas de moscatel, de termos dançado e pouco mais.
Noto que ela ficou um pouco abatida. E pergunto-lhe:
- Eu posso não me lembrar, mas pelo menos tu gostaste?
Faz um pequeno silêncio. Agarro-a pela cintura para a ter mais perto de mim. Ela deixa-se cair para junto de mim.
- Querida, só quero saber se tu gostaste. No meio de tudo eu quero que tu estejas bem, satisfeita, feliz.
Não palavras como resposta, mas sim um olhar a encher-se de lágrimas enquanto me agarra com ambas as mãos no rosto e o puxa para si, beijando-me ternurentamente.
- És tão querido. Obrigada.
Aquele beijo.
Aquele beijo foi apenas o primeiro que tive dos muitos que acabaria por receber. Ela encontrou finalmente o pouso, o aconchego, o carinho que procurava em mim.
Finalmente, a tinha só para mim. Só para mim, a minha querida e doce Adriana.
Alexa
Uma mulher com imaginação para dar e vender.
Sempre gostei de escrever, mas coisas eróticas... isso gosto mais. Levar um homem à loucura através de palavras e da sua própria imaginação. Como adoro...