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05 September, 2019 Senhora Dona Punheta

Sou um bocado como o Saramago: comecei tarde mas se houvesse um Nobel para a punheta era nomeada todas as semanas.

Quando era nova não me masturbava. Não digo isto para passar por santa, ou coisa que o valha. Digo-o porque gosto de dizer as coisas como elas são. Também não houve nenhuma razão muito rebuscada para isso, pelo contrário, foi por duas razões muito simples: era errado e não gostava! Não da masturbação, que nem sabia o que era, mas de sexo…

Senhora Dona Punheta

Já não me lembro quem me disse a primeira coisa, possivelmente um padre ou uma madre superiora, mas a segunda era sobretudo por causa do meu irmão, que era um porco tarado peçonhento. Lá em casa havia três mulheres, eu, a minha mãe e a minha avó. E o meu irmão espiava as três no banho!

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Ora todas nós éramos pessoas de muito asseio, de maneiras que ele passava os dias a puxar o lustro ao instrumento, como um desses coelhos arraçados com Duracell... Estava tão batido naquilo que desenvolveu um daqueles reflexos condicionados do Pavlov e já não conseguia olhar para nós sem levar imediatamente a mão aos testículos.

Para piorar tudo, depois de ter sido admoestado por causa das manchas amarelas no colchão, passou a aliviar-se para cima de um lenço, que escondia nos sítios mais estúpidos e fáceis de encontrar. Cada vez que alguma de nós lhe ia arrumar a cama, dava com aquela rodilha nojenta cheia de meita seca a cheirar a cabeças de bacalhau. Por mais de uma vez me ia vomitando toda ao encontrar aquele repositório das suas poucas vergonhas…

Acabou, sem estranheza, por ter um fim triste, depois de ser apanhado a espiar a minha mãe em afazeres pouco abonatórios…

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Para o seu próprio bem, assim como para o da minha mãe, que dessa forma silenciava a perigosa testemunha dos seus deboches íntimos, foi internado compulsivamente numa instituição, onde passou o resto da vida todo nu a esfregar livremente as miudezas.

Mas de maneiras que isso tudo me tirava a curiosidade do sexo, que me parecia uma coisa desinteressante e própria de gente badalhoca, para não dizer apanhada do juízo.

E, para ser ainda mais sincera, não era só não gostar, era também muita ignorância. Mesmo que me quisesse masturbar, não saberia como. Não era assunto que se falasse lá em casa, muito menos depois da indiscrição da minha mãe, e as minhas amigas mais chegadas, nessas coisas, eram tão parvas quanto eu.

Só muitos anos mais tarde, quando tive por fim um namorado, é que soube que as mulheres também “podiam”. Ainda me lembro da conversa quando ele, “a querer conversa”, me perguntou se ao meter o tampão não aproveitava para brincar um bocadinho com ele lá dentro. Não fazia a mínima ideia do que ele estava a falar, mas fiquei a saber que ele era tão porco como o meu irmão.

Ainda assim, logo nesse dia experimentei, porque eu gosto de dar conta de tudo, e o que posso dizer é que o meu mundo nunca mais foi o mesmo. Era como se me tivesse sido revelado o quarto segredo de Fátima!!

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Contei tudo ao rapazolas, porque eu gosto de dizer as coisas como elas são e, afinal, tinha sido ele a educar-me naquele sentido maravilhoso. Disse-lhe inclusivamente que tinha sentido mais prazer do que quando ele me metia a mão, o que o fez ficar um bocadinho chateado. Para o compensar, tirei as cuecas e deixei-o “fazer”. Nessa altura eu não era nenhuma especialista e estava longe de saber a maneira certa de proceder. Já ele, sabia todas as maneiras erradas…

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Farta daquilo, pois irritava-me mais as peles do que me satisfazia as carnes, sugeri que fosse lá de língua, que sempre era mais macio. E não é que o imprestável se recusou?! Ou seja, de garganta era tão porco como qualquer outro, mas na hora da verdade vinha-me com as “higienes”?!

Ainda hoje não percebo os homens que se recusam a ir lá abaixo. Tenho para mim que um homem que não gosta de lamber o grelo é cria que foi desmamada muito cedo e não chegou a ganhar gosto pelas protuberâncias femininas em geral. Ou seja, a culpa será mais das senhoras suas mães, mas isso por si só não os desculpa a eles.

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Ainda há dias, já que calha em conversa, apanhei mais um desses, a somar a tantos que tenho apanhado pelos anos. Ah e tal, “não me sinto confortável”, “isso ganha transpiração”, “nos dias que correm nunca se sabe o que para aí anda”, “fui no outro dia ao dentista e não te quero transmitir bactérias”… Quando lhes dá para esquisitice são todos uns cientistas! Sempre as mesmas desculpas esfarrapadas. Não é preciso ser cientista para saber que homem que é homem chupa no grelo, não me venham cá com merdas!

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Mas precisamente pela escassez de homens verdadeiros é que comecei a tomar mais o assunto nas minhas próprias mãos. Muitas horas passei a levar com o malho, pimba na cona, pumba no cu, e nada. E eu a subir pelas paredes! Quer dizer, havia pouco a recriminar, eles estavam a dar o litro, mas a gente tem certos enigmas que é preciso saber desvendar. A mulher vem-se muito mais por fora do que por dentro e muitos deles parece que se esquecem, ou simplesmente desconhecem.

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Chega a um ponto em que temos que lhes dizer:

– Olha, amor, tu és muito jeitoso a dar ao cu, mas não estás a usar os botões todos e assim a máquina não anda – digo eu, porque gosto de dizer as coisas como elas são. E eles:

– Ãh? – com aquela expressividade inteligente de um sapo a olhar para um alcaçuz.

Fica aqui o recado, para se algum homem me estiver a ler: quando a gente começa a fazer aquela cara, como quem diz, “Hum, qual será a notícia de abertura de hoje do telejornal?”, é altura de embainhar o marzapo e começar a dar à língua, porque ou a gente também goza ou damos a emissão por concluída e voltamos amanhã com nova programação.

Portanto, com isto tudo, que remédio se não a gente mesma começar a dar às unhas, não é?

Hoje em dia bem que podia dar aulas à garotada, pois tornei-me uma verdadeira expert na matéria. Sou um bocado como o Saramago: comecei tarde mas se houvesse um Prémio Nobel para a punheta era nomeada todas as semanas.

O meu nome é Marieta, ainda não vos tinha dito, mas quem se me quiser dirigir com respeito pode-me chamar Senhora Dona Punheta. Nunca me masturbo menos de 10 vezes ao dia, por prazer e necessidade, incluindo domingos, feriados e pontes.

Bato a primeira do dia antes de me levantar da cama. É uma punheta à antiga portuguesa, pois não uso cá instrumentos nem modernices, só os dedinhos de carteirista que a minha mãe me deu. Nos meus tempos de iniciante, à ganância, usava as partes todas da cama…

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Hoje em dia, como sei que tenho um longo dia de punhetas à minha frente, evito vandalizar a rata logo às primeiras. Quanto muito, uso uma almofada para me roçar…

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Como sonho quase sempre com pichas, acordo muitas vezes com as cuecas molhadas. Cheiro tanto a cona e a cu que se pudesse me fodia e enrabava a mim própria! Como não tenho ferramenta para isso, enfio só os dedos, dois em cada buraco, deixando o polegar à solta para vagabundear pelo clitóris.

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Tento prolongar ao máximo esta sessão, pois nenhum orgasmo se compara ao primeiro da manhã, mas acabo sempre por me vir ao fim de 5, 7 minutos.

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Já bem espremida, vou dali direitinha para o duche, onde me espera o delicioso jacto de água do chuveiro. Como ainda vou excitada da pívia anterior, ao princípio quase que dói. Mas, depois, a água morna a bater insistentemente no botãozinho e arredores transforma-se numa carícia de veludo e acabo quase sempre toda torcida a vir-me que nem uma maluca!

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Depois, deixo o sabão actuar. Tento ao máximo não usar as mãos, como se me torturasse a mim própria, mas às vezes estou tão ensandecida que já nem sei o que faço. Uma vez entrei num transe tão histérico que acabei a foder uma torneira!

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Quando chego à cozinha para tomar o pequeno-almoço já vou com as pernas bambas. Preciso, nessa altura, de dar um bocadinho de descanso à xana, pois os tecidos moles já vão um bocadinho consumidos. Aí é comer bem e relaxar melhor, uma meia de leite e duas torradas, enquanto me distraio a encaracolar pintelhos.

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Quando acabo de comer, aproveito os dedos besuntados da manteiga para ver como estão as coisas. Se o grelinho se encolher, há que esperar que lhe passe a timidez. Mas se esticar o pescocinho como quem diz bom dia, e um fiozinho de mosto começar a escorrer da cona, então está pronto para continuar a jornada.

Nessa fase gosto de passear um pouco pela sala, umas vezes vestida…

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…outras vezes nua.

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Finalmente, acabo por “acampar” no sofá com a minha aparelhagem estéreo. Estéreo porque apanha os dois canais, o da frente e o de trás. Gosto de começar com um plug no cu, não muito grosso para não alargar muito o buraco, porque depois, quando um marmanjo qualquer se oferece para ir por ali, não queremos que se sinta um banhista raquítico a atravessar o canal da Mancha. Convém conservar bem o estreito de Gibraltar, pois assim qualquer caiaque nos parece um submarino de grande porte. Se calhar é melhor começarem a tirar notas…

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O truque com o plug anal é não nos limitarmos ao movimento de vai e vem, mete e tira, entra e sai, mas aplicar ao mesmo tempo uma força dinâmica ascendente-descendente, para cima e para baixo. Deste modo, a cona beneficia por inércia da tesão do cu. Com muito jeito e experiência, consegue-se mesmo incluir o clitóris nesta equação, mas isso já é para profissionais de nível 3.

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Quando bem feito, provoca orgasmos fabulosos, mas não vale a pena preocuparem-se com isso agora, até porque numa boa pívia, como no bom sexo, não queremos logo ir directas ao assunto. O cu e o canal vaginal (assim como as mamas e todo o resto do nosso corpo, porque nós somos 101 por cento erógenas!) são os nossos preliminares. Quando já estamos a pingar, a gemer ordinarices e a sonhar com um caralho selvagem que nos entra pela chaminé sem sequer ser véspera de Natal, então chegou o momento de atacar a fundo!

Nessa altura, há duas opções que aconselho: a veggie e a tecno. A veggie tem a vantagem de ser natural e de estar provavelmente à mão sempre que lhes apeteça, mesmo numa emergência.

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Todas temos uma cenoura, uma courgette ou um pepino no frigorífico. Só têm que tomar atenção ao tamanho (nunca metam nada na cona maior que o vosso cotovelo) e à temperatura, pois amplitudes térmicas muito agressivas podem mirrar o grelinho e lá se vão as boas intenções.

A tecno, para além de não ter problemas de refrigeração, tem a vantagem de não ser estática, pois a maior parte destes aparelhos são vibratórios e o grelinho delira com a tremideira.

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Se já experimentaram levar com ele em cima da máquina de lavar, sabem do que eu estou a falar… Ora para esse efeito há toda uma gama de dildos, anéis e outras coisas com que nos podemos acariciar e penetrar. Eu, que não sou esquisita, uso-as todas, sempre com o sucesso que se deseja.

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… Mas tenho que confessar a minha preferência por aqueles muito grandes, mal jeitosos e com uma bola na ponta. Costumo aplicá-lo primeiro nas bordas, pois as vibrações são de tal maneira bem calibradas que atravessam a cona toda até chegar ao monte de vénus. Até os cabelos do cu batem palmas! Quando já estou tão acesa que seria capaz de fazer um cavalo, ponho-o em cima do grelo. Dá-me orgasmos tão potentes que quase me sinto possuída por demónios!

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Olhando com atenção não se dá muito por eles, eu sei. Mas se virem bem, é o mesmo com a maior parte dos homens. E podem acreditar que as vai compensar muito mais em termos de felicidade gratuita do que qualquer picha que tenham nos contactos do vosso smartphone!

Agora, para as mais foitas nesta arte antiga de esfregar a senaita, é preciso falar do monstro sagrado da punheta feminina: a Sybian!

Acreditem que até me tremem as pernas só de digitar este nome! Só quem nunca provou a Sybian pode viver na ilusão de ser feliz sem ela! Porque depois de um orgasmo com a Sybian, percebemos que nunca tivemos um verdadeiro orgasmo na vida!

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Vão perceber quando a testarem, pois a experiência irá acompanhar-vos até ao jazigo. Quem se monta na Sybian, nunca mais olha para trás a ver se um gajo qualquer lhe está a bispar o rabo. E este é, provavelmente, o grande defeito deste equipamento, que se suspeita ter sido inventado por anjos: é que se torna difícil voltar a olhar para um homem depois dela! Simplesmente, nenhum lhe chega aos calcanhares, quanto mais aos insondáveis mistérios da crica feminina, passe a redundância...

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Eu falo por mim, porque gosto de dizer as coisas como elas são. Vim-me e desunhei-me para superar essa provação. Durante meses quase não saí de casa e qualquer caralho que me aparecesse à frente dava-me uma incontrolável vontade de rir. Felizmente consegui ultrapassar a febre, mas só eu sei a que custo. O que, aliás, nos leva à minha derradeira punheta do dia… 

Peço desculpa se parece que estou a quebrar todos os códigos secretos do prazer solitário, mas para mim, uma vez renascida das cinzas em que a Sybian me deixou, voltou a ser imprescindível aquilo a que gosto de chamar a “punheta turística” – ou a punheta levada a cabo por alguém estrangeiro a mim.

Por muito que goste, e adoro, todas as pívias que bato a mim mesma desde há anos, não passo sem uma mãozinha alheia que me saiba esfregar por baixo como eu preciso!

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… Sendo que a palavra essencial aqui é: “saber”! Desimaginem-se de entregar a vossa racha sagrada nas mãos de trolha dum qualquer… O que vocês querem é umas mãos de miniaturista, de cirurgião de insectos, de relojoeiro ou de ourives.

Podia aconselhar-vos aqui, com todas as vantagens óbvias, uma mulher em vez de um homem. Elas, por conhecerem intimamente o material, são naturalmente mais aptas para o artesanato nobre de polir conas. No entanto, isso significa eliminar da experiência um acepipe muito do agrado de tantas de nós: as fragrâncias de caralho que se libertam pelo ar e nos estimulam a parte química do cérebro que nos faz gostar tanto de abrir as pernas! E assim sendo, eu prefiro sempre ir com um homem…

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… É difícil de arranjar? É! Há no mercado? Não! Portanto, só vos resta treinar o vosso... Não é mais difícil do que treinar um cão a sentar-se. Ou talvez seja, mas nós somos mulheres e a nossa paciência dá sempre frutos, ou não estivéssemos nós 9 meses de barriga cheia até parir um imbecil que depois nos vai espiar no banho…

Portanto, arranjem um amigo que vos pareça mais dado a trabalhos manuais e invistam nele. Se tiverem dúvidas, façam o teste da linha e da agulha: quem conseguir acertar com uma na outra em menos de três tentativas, oito vezes em dez acabará, depois de alguns anos de treino intensivo, por ter pelo menos uma pequena ideia do que está a fazer.

Dada a lei das probabilidades quando se trata de homens, acreditem que já não é mau… E não digo isto para os ofender. Simplesmente, gosto de dizer as coisas como elas são.

 

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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