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17 September, 2020 Os 5 Mandamentos da Cona

Regras e fundamentos para o exercício original do pecado e de caminho satisfazer o homem renascentista, por Armando Sarilhos

I

Não laveis a cona imediatamente antes da foda!

A mulher não se quer cona de sabão. Ou seja, há horas para lavar por baixo e há árias desatadas de comunhão fodenga que beneficiam grandemente de um mostozinho bem pisado.

O chulézinho bacalhoeiro que cristaliza nas anteparas da cona, assim como a fécula pasteurizada que dilui nos reles beiços, são acepipes de muito deleite para a papila e de muito temperamento para a narina, assim é tido entre diversas natas de comensais ilustres.

Nenhuma outra emissão precária imita a orgia salina de fedores que emigra feliz dos canos da cona, que somada a um vaporzinho avinagrado de cu tão bem sobe aos colhões, elevando os respectivos caralhos à sua máxima potência.

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Retirar-lhe essa valência, pulverizar detergentes na cona até ao insalubre fétido de um jardim sazonal, é o equivalente a comer cu que cheira a água de acácias e sabe a pasto bucólico: sem suas pulsões de couvezinha caramelizada, um cu não será verdadeiramente um cu.

Deixai, pois, para usufruto de narizes rarefeitos e línguas salivadas, que o xarope de cona vos nidifique pelas bordas e purifique os fundilhos das cuecas, assim mesmo recomendadas para infusões e tisanas.

Os 5 Mandamentos da Cona

II

Não rapeis a cona nem que disso dependa a vossa vida!

É primordial impedir a deflorestação, a desmatação, a jardinagem da cona! Uma cona é um ecossistema latente, não um pavimento! Quem nunca palitou um pintelho dos dentes, que atire a primeira pedra.

Este flagelo, que vem destruindo impunemente as culturas felpudas que nos são tão caras e familiares, terminará com a próxima geração de Homens como calvos antissépticos adoradores de conas de bebé...

Rapar a cona é o equivalente a fazer um deserto da floresta tropical. Para além do desastre ecológico, inviabiliza a conservação de sabores e cheiros perversos, a fauna e a flora, animal e vaginal, que fazem dilatar o caralho mais pastoso e intermitente.

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Deixai-vos, pois, de merdas, e crescei e multiplicai as pilosidades que vos enfeitam o papo! O pêlo da cona é património natural da nossa humanidade. Sem ele, o mundo é plano, o sangue morre, o caralho fenece... Renegá-lo, é renegar o passado e privar o futuro de pintelheiras épicas!

III

Conservai a cona cheia na medida do humanamente possível!

Sempre que a ocasião se apresentar, oferecei a cona. Ofececei-a ao conhecido, ao familiar, ao funcionário, ao viandante. A inanição da cona pode provocar ausências, tonturas e outros desfalecimentos. Cuidai, pois, dela, acarinhando-a com o primeiro que apareça.

Não façais juizos de valores. Piça de pastor não mede menos que a de doutor. Sujo ou lavado, mais andrajoso ou mais perfumado, a cona tudo almeja, de lábios abertos e clitóris grelado.

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Na ausência de paciente viril, usai os melhores pepinos de Constantinopla, a cenoura de Arverne ou o paio alentejano. O uso do varapau só se recomenda com pomadas de azeite e mel, previamente ministradas.

Atentai! A cona só está como se aconselha ao fazer aquilo para que foi feita: receber, com requintes orgânicos de vulgaridade, o caralho anónimo que nela se hospedar. Sem isso, fenece-lhe a dignidade. A cona quanto mais fode mais quer foder. Por isso, nunca vos olvideis de lhe dar uso. 

Cona cheia, mente sã... todo o dia até de manhã!

IV

Passai a mão pela cona sempre que tiverdes uma mão livre!

Quando o calor aperta, a cona desperta. A cona aprecia carinho e festividades tanto como qualquer um de nós. Gosta de uma passagem fugaz, quando ninguém está a ver... De um rumor humano que a faça suar... De um puxar de cabelos ou de uns dedos enrodilhados. Uma mão de fogo e outra de artifício.

A cona é muito irmã de mimo e derrete a cada lisonja, podendo até pingar levemente quando lhe passam a mão pelo pêlo.

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Pelo contrário, a cona desprezada e orfã de manuseamento afectivo, fecha-se como uma ameijoa vietnamita ou um cavalheiro sorumbático a quem aconteceram coisas.

Muitos caralhos se perderam nos labirintos da cona seca das mulheres que não se tocavam... Por isso, não olvideis: vale mais uma cona na mão do que ver os caralhos a voar!

V

Sede cona solidária que também dá o cu, esse parente de má fama que também é filho de Deus!

Separados à nascença pela razão de centímetros, o cu e a cona devem-se saudáveis regras de boa vizinhança. Devem, desde logo, partilhar a generosidade com que baixais as cuecas perante um caralho pestanudo.

Não obstante as diferenças óbvias de berço, pois que um nasceu para expelir barrotes e a outra para os abrigar, o caralho não distingue, mais do que distingue cor, credo, religião, opção política, cor clubística ou preferência sexual: buraco é buraco e o caralho cego tudo colhe.

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Para o caralho democrático, a união consagrada do par cu e cona, tal e qual a abnegação nos dois olhos de Deus, é na verdade um binómio, a equação do inseparável!

Dai portanto a vossa cona, mas não descureis o cu. Aos olhos de Deus, esporra-se num como no outro.

 

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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