11 April, 2024 A história de Andreia – Capítulo 1
A história real do patinho feio que se tornou um cisne rebarbado...
Esta história é baseada em factos reais e, de certa forma, é uma estreia desde que o Armando Sarilhos começou a escrever para o Blog X.
Como qualquer escritor, recorro muitas vezes a exemplos e experiências verdadeiras para compor a ficção das histórias que aqui vos apresento. Mas o relato desta semana não é uma mera inspiração. É a história duma mulher ditada por ela própria.
Conhecemo-nos através de amigos e veio à baila a minha actividade como escritor de literatura erótica. Em vez de ficar melindrada, como muitas vezes acontece, ela disse-me simplesmente:
– Escreves porno? Então, tenho uma história para ti.
– Ai sim? Qual?
– A minha.
Disse que me contaria tudo noutra altura, quando pudéssemos estar mais reservados, pois não era conversa para se ter numa mesa de amigos.
Quando, finalmente, a ocasião se proporcionou, perguntei-lhe se podia gravar. Ela aceitou e o que se segue são as suas próprias palavras, reproduzidas o mais fielmente possível, apenas com ajustes de pontuação e algumas adendas para ajudar ao contexto.
Esta é, pois, a história de Andreia, contada na primeira e sua própria pessoa...
"Olhando para mim agora, ninguém diria, mas aos 18 anos, ainda era virgem. Era a única das minhas amigas e colegas que ainda o era. E no entanto, fui a primeira de todas a masturbar-me.
Tive tesão desde muito cedo. Não era como me vês agora. Como é que me achas? Sou boa, não sou? Pois, eu sei. Agora sou alta e com boas curvas. Antes era grande, desajeitada, gorda, feia, tímida, desastrada, e não gostava da maior parte das coisas que os outros miúdos gostavam.
Passava a maior parte do tempo sozinha. Ficava na minha... Não exactamente por querer, mas porque não me conseguia relacionar com os outros. Tinha amigas, mas poucas e não muito chegadas. Nunca uma delas dormiu na minha casa ou eu na delas, por exemplo. Sabia que o faziam, mas não me convidavam. Então, ficava a ver o mundo de longe.
Comecei logo a olhar para os rapazes, mas não como as outras raparigas. Elas olhavam para o estilo, para a cara, para os músculos, para o penteado... Sonhavam com romance e aventura. Eu olhava-lhes para o chumaço das calças, para o rabo, para os pêlos das pernas. E sonhava em mamar-lhes o pau e que me chupassem a cona..."
"Estou a ser muito bruta? Desculpa, eu falo sempre assim, as minhas amigas odeiam. Elas lá sabem, mas eu não sou hipócrita, recuso-me.
Andava sempre com a racha em brasa, não sei porquê, nunca tinha visto nada. Não tinha referência nenhuma do que era o sexo além da noção de que o buraco que tinha entre as pernas servia para isso. De resto não sabia nada. Acho que era a minha natureza, nasci com a líbido aos saltos.
Então, comecei a ler tudo o que apanhava que tivesse sexo. Passava tardes a folhear na biblioteca à procura duma cena escaldante num romance qualquer. A pouco e pouco fui conhecendo os melhores autores. Quando não arranjava livros, lia os manuais escolares, de ciências da natureza, anatomia..."
"Ou, então, a revista Maria que tinha sempre uma secção dedicada aos problemas sexuais, lembras-te? “Sentei-me na sanita onde o meu namorado se masturbou, estarei grávida?” Toda a gente achava um piadão, mas eu não as lia para isso.
A National Geographic também, quando às vezes mostrava tribos nuas e falava de rituais de acasalamento e procriação. Bati muita punheta a olhar para aqueles paus murchos e para aquelas mamas com os bicos tesos. Sim, também gosto de mulheres, como não? O corpo feminino é uma obra de arte...
Quando não arranjava literatura mais satisfatória, lia o dicionário dos meus pais. Corria as palavras todas “proibidas”: pénis, vagina, vulva, esfincter, coito, felatio, etc.. E masturbava-me.
Masturbava-me dez vezes por dia, até sentir os lábios assados. Como lia muito e andava sempre agarrada aos livros, os meus pais tinham orgulho por eu ser muito estudiosa. Mal sabiam eles..."
"Na altura, não havia Internet, não havia o acesso à pornografia que há hoje, as revistas eram passadas por debaixo do balcão, mas só aos rapazes.
Imagina o escândalo que seria uma menina de boas famílias chegar a um quiosque e pedir um exemplar da Gina! Internavam-me ou mandavam-me prender. Ou pior, iam contar tudo aos meus pais. Como não tinha amigos rapazes, esse material estava-me vedado.
Mais tarde aprendi a desenrascar-me, tinha os meus truques. Com alguma imaginação, conseguia que alguém me comprasse uma Playboy ou uma Penthouse, ou na falta delas, um exemplar do Jornal de Sexologia, lembras-te?
Todas essas publicações tinham uma coisa em comum: as histórias! Histórias de faca e alguidar, traições, amantes, e sexo a rodos, de todos os formatos e feitios. Aprendi muito. Aprendi que se podia fazer sexo anal, por exemplo. Até aí não sabia que o meu outro buraquinho também servia para isso. Nenhum dos manuais que li se referia a tal prática."
"Aos poucos, fui fazendo uma colecção e lia e relia todas aquelas histórias sem parar. Enfiava os dedos e esporrava-me uma vez atrás da outra, até que, às tantas, já tinha as páginas das revistas todas pegadas, cheias de manchas amarelas. Felizmente, nunca me apanharam o espólio, senão, não sei o que me teria acontecido.
Claro que um dia cheguei ao ponto em que a leitura já não me bastava. Precisava de materializar as minhas ânsias doutra maneira, dar o próximo passo.
Queria muito foder, via caralhos em todo o lado, mas não tinha coragem de falar com rapazes e eles nunca pareceram muito interessados em falar comigo. Se fosse hoje, tinha recorrido a um profissional, mas, na altura, não havia, ou se havia eu não sabia onde os procurar."
"Aos 19 anos, aproveitei uma viagem da escola a Lisboa. À primeira oportunidade, separei-me do resto do grupo, meti-me num táxi e pedi ao motorista que me levasse a um cinema em particular, que à época passava sessões contínuas. Tinha a morada num recorte de jornal.
Cheguei lá e, uma vez apresentado o bilhete de identidade, tiveram que me deixar entrar. E aí vi o meu primeiro filme pornográfico. Foi uma revelação... Só conhecia o sexo em imagens estáticas, não sabia nada sobre os movimentos ou os procedimentos.
Ainda me lembro da história... Havia uma guerra qualquer, em Itália, salvo erro, e os homens tinham ido todos embora. O filme passava-se numa aldeia, onde tinham ficado só as mulheres, os velhos muito velhos e as crianças.
A cada dia que passava, as mulheres ficavam com mais tesão. Então, viraram as atenções para o que tinha sobrado, o "tontinho" da aldeia, um garoto aí com uns 20 anos, com cara de esfomeado, mas com um caralho de fazer inveja a qualquer homem.
Fizeram trinta por uma linha ao rapaz e, pela primeira vez, vi o sexo a mexer: broches, minetes, fodas, valentes esporradelas na cara, nos rabos e nas mamas das italianas..."
"E, sobretudo, sempre com grande surpresa, a maravilha do sexo anal! Fiquei apaixonada pela visão da grande verga a romper os cus das sopeiras, donas de casa e senhoras de bem, velhas e novas, que respondiam ao embate sem queixas e com uivos de tesão.
De tudo o que vi e aprendi nesse dia, o som das mulheres a ter prazer foi o que mais impacto teve em mim. O "tontinho" só se ria, mas elas gritavam, arfavam, gemiam e tinham orgasmos industriais, que temperavam com berros lancinantes.
Por via desta aprendizagem, iniciei uma prática que acrescentou uma nova e enriquecedora variante de prazer às minhas agonias. Nunca quis enfiar nada na vagina, não queria perder a virgindade com um objecto. Imaginava o que estava a perder, todos os prazeres associados à penetração, mas resisti sempre.
Contudo, depois do filme, não me privei de enfiar tudo o que podia pelo cu acima. Foi como conhecer um novo capítulo, até aí desconhecido, duma história fabulosa. O prazer era incrível e não apresentava questões morais. Ninguém ia querer saber se eu era virgem no cu, pelo contrário, as minhas explorações nesse canal só poderiam ajudar futuras experiências.
Fiquei para sempre adepta da modalidade e nunca deixei de a praticar ao longo dos anos. Estás a ver os meus olhos? São lindos, não são? Lá está, sempre ouvi dizer que a cenoura faz os olhos bonitos..."
"Se bem me lembro, a história do filme acabava mal, com mortes e vinganças, pois as mulheres brigavam umas com as outras por causa do rapaz, já que eram muitas e ele era só um...
Ora, no cinema, era exactamente ao contrário. Ao meu lado, na sala, só havia homens e eu era a única mulher. Mulher... uma miúda! Mas nunca tive medo. Pareciam todos muito concentrados no filme. Suponho que muitos se estivessem a masturbar, mas não dava para ver.
A dada altura, um deles aproximou-se de mim, sentou-se ao meu lado e pôs o braço à volta dos meus ombros. Começou a tocar-me nas mamas e pensei que ia explodir. Percebendo a minha excitação, ele abriu as calças e tirou um pénis enorme (ou assim me pareceu, na altura) com a cabeça toda molhada e brilhante, e perguntou-me se eu não o queria chupar.
Olhei-lhe para o caralho, o primeiro que via ao vivo e a cores, ali mesmo à mão de semear, e uma parte de mim só queria abocanhá-lo, espremê-lo, fazê-lo jorrar."
"Mas foi tudo tão rápido que não tive tempo de processar... A timidez venceu, os nervos também. Agradeci o convite, mas disse que não e ele não insistiu. Voltou ao seu lugar com a maior das naturalidades.
Muito me arrependi mais tarde, nas núpcias da minha aventura – quando cheguei a casa inebriada de tesão e, mil vezes, revi mentalmente as imagens do filme, que haveriam de ficar por muito tempo gravadas na minha memória –, de ter rejeitado aquele convite, de ter recusado sentir finalmente a carne viva dum pau a encher a minha boca, de saborear o sabor do esperma dum homem.
Os dias seguintes foram do pior. Toldada de arrependimento, masturbava-me ainda mais... Nem sei porque me dava ao trabalho de vestir cuecas, passava os dias com elas em baixo. A qualquer lado que ia, dava-me a urgência e tinha que encontrar uma casa de banho rapidamente.
Na escola, pensavam que eu tinha um distúrbio intestinal. Era um distúrbio, de facto, mas era mais do que isso. Nessa altura, era a minha razão de viver. Vivia para o sexo. Vivia para a punheta.
Já tinhas ouvido uma coisa assim...?"
A história de Andreia – Capítulo 2
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com