16 April, 2015 Quando a vagina se fecha e não abre por nada
É como um cadeado sem chave: um problema de saúde bem sério e real.
A vagina tem um reconhecido poder sensual e sexual, mas este órgão feminino é também poderoso em termos de força física de facto. E quando ela se fecha literalmente, como um cadeado sem chave para abrir, é um caso sério de saúde. Conheça todos os detalhes do vaginismo, uma doença que afecta duas em cada mil mulheres.
O que é o vaginismo?
As paredes da vagina podem contrair-se de forma tão intensa, de modo que não deixam entrar nenhum pénis ou qualquer dildo ou uma caneta sequer! Até um tampão será impossível de colocar pela vagina adentro quando aparece um problema de Vaginismo.
A vagina é um tubo maleável repleto de músculos e as suas paredes, normalmente coladas, têm a capacidade de abrir-se para acolher algum membro erecto ou um qualquer brinquedo sexual.
Mas, quando o vaginismo se manifesta, os músculos em redor da vagina contraem-se de forma inconsciente, ficando extremamente tensos e apertando-se de forma que não deixam passar nada.
Assim, a penetração, que constitui um acto de prazer para muitas mulheres, constitui um sacrifício impossível para as que sofrem de Vaginismo. As doentes com este mal sentem uma dor muito forte sempre que se verifica a tentativa de introdução de um pénis ou de um qualquer outro objecto nas respectivas vaginas.
As mulheres afectadas por esta doença revelam uma sensação de que a pele está a rasgar ou de que o elemento que tenta penetrar está a bater numa parede, segundo diversos relatos científicos.
Nas situações mais graves, a vagina não deixa sequer a entrada de um centímetro que seja de nada! Casos estes em que se pode dizer, verdadeiramente, que a vagina se encontra fechada.
Para ter uma ideia mais concreta do que está em causa, pode fechar o seu punho esquerdo bem apertado e tentar enfiar por entre os seus dedos pressionados o indicador direito - vai perceber que não o conseguirá fazer, o que ilustra bem o que ocorre aquando do vaginismo, mas com muito mais dor envolvida.
A par das dificuldades de penetração, pode ainda verificar-se a ocorrência de espasmos localizados a acompanhar os casos de vaginismo.
As causas do vaginismo
O vaginismo pode ter muitas e diversas causas, a começar por factores de ordem física, tais como tumores pélvicos, quistos, infecções do trato urinário, infecções vaginais, doenças sexualmente transmissíveis.
Por aqui se percebe, mais uma vez, a importância de manter uma boa saúde vaginal, nomeadamente deixando a passarinha a saber bem e a cheirar melhor.
Mas as situações de vaginismo também podem resultar de situações menos complexas, como as mudanças hormonais que acontecem regularmente na vida das mulheres ou como uma reacção adversa a determinado tipo de medicamentos.
Os partos difíceis são outra causa possível de situações de vaginismo.
E é certo que o stress e a tensão excessivas também podem contribuir para o problema e, muitas vezes, agudizar os sintomas do mesmo.
Para alguns especialistas de sexologia, as causas psicológicas ajudam a explicar esta condição na maioria das mulheres. Algumas delas estarão sujeitas a grandes níveis de ansiedade, seja por razões íntrinsecas ou circunstanciais, seja ainda devido a traumas específicos, como abuso sexual e/ou abuso emocional e violação.
Há ainda casos de mulheres que sofrem de vaginismo depois de terem tido uma educação religiosa severa, na infância e adolescência - ensinaram-lhes que o sexo é pecado e, logo, as sensações sexuais são vistas como proibidas e vergonhosas, despoletando uma reacção física de repulsa e de recusa nos músculos vaginais.
Como se trata o vaginismo
O vaginismo é, felizmente, uma das disfunções sexuais femininas que maiores probabilidades de tratamento tem.
O primeiro passo para tratar este problema é fazer o diagnóstico adequado, de modo a perceber com clareza qual é a causa do problema.
O conhecimento exacto do que se passa em termos físicos e no domínio emocional e psicológico permitirá tratar um plano de tratamento que passará por uma actuação interdisciplinar, com medicação, técnicas médicas e psicologia.
Este tipo de situações costumam motivar o desenvolvimento de técnicas de inserção com recurso a muitos lubrificantes e ainda mais paciência. As mulheres são incentivadas a introduzirem objectos nas suas vaginas, começando com coisas muito pequenas.
Primeiramente, espera-se que a inserção seja mínima, no fundo, apenas para se habituarem à ideia de vir a acontecer plenamente. Depois devem, gradualmente, aumentar a penetração, bem como a dimensão dos objectos.
Só ao cabo de um bom tempo de "treino", é que se incentiva a prática de sexo. Se tudo correr bem, a paciente, em breve, poderá até estar a fazer cenas de "fisting"...
Gina Maria
Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.
"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]
+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas)