27 April, 2024 Escrever pode ser terapêutico?
Mas qual é, mesmo, o efeito da escrita na nossa mente e nos nossos sentimentos?
A maior parte das pessoas gosta de escrever. O gosto da escrita é algo que começa na adolescência. Muitos de nós, começámos com os diários, que eram aqueles livrinhos pequenos com cadeado, onde escrevíamos os nossos acontecimentos do dia e onde partilhávamos os nossos segredos. Era como ter um amigo confidencial, onde só nós e aquele livro sabíamos de tudo o que se passava.
Aquele diário sabia das nossas zangas, das nossas amigas, de paixonetas, de tudo e mais alguma coisa.
Com o passar dos anos, acredito que muitas pessoas deixaram de escrever, mas outras continuaram a escrever e ainda escrevem na sua vida já adulta. Uns escrevem poemas, outros escrevem críticas, outros escrevem comédia, e outros usam a escrita de forma terapêutica.
Em centros de recuperação, seja do que for, utiliza-se muito a escrita como forma de partilha. Fazem-no porque sabem o quanto é terapêutico e tem até um maior impacto que o falar.
Quando falamos estamos condicionados, pois sabemos que alguém nos está a ouvir, e, por isso, tentamos, por vezes, florear a coisa. Na escrita, somos mais honestos e acabamos por ir buscar aquela relação de confiança que tínhamos na adolescência com o diário.
O cérebro relembra e quando se volta a escrever, tudo flui e, de forma honesta, como antes. O cérebro esquece-se que, desta vez, alguém vai ler, ou vai ter de se ler para alguém, e enquanto se lembra e não lembra, escreve-se de forma crua e pura!
Mas qual é o efeito, mesmo?
Libertação – Escreve-se apressadamente toda a negatividade que está envolvida naquele momento, ou naquele acontecimento. Os sentimentos fluem no papel. Todos os sentimentos negativos aparecem e são escritos. Parece pesado ao princípio, mas à medida que se escreve, começa-se a sentir alívio imediato e começamos de novo a conseguir respirar.
Colocar em perspetiva – À medida que se escreve, estamos a falar connosco próprios. Quantas vezes já aqui escrevi, não para vocês, mas sim para mim mesma, juntando assim o útil ao agradável! Por vezes, preciso de me ouvir através da escrita! Preciso de conseguir colocar as coisas em perspetiva à medida que me vou libertando dos sentimentos e mágoas. É como se fosse um grande projeto! Escrevo, vou aliviando, e depois, como tenho de escrever uma conclusão, acabo sempre a chegar à solução!
Um despertar espiritual – Para o fim, quando escrevemos, começamos a entender o que se está a passar e porque se está a passar. O que os outros nos fizeram, o que poderíamos ter feito, que evento causou a nossa frustração e como podemos lidar melhor com isso.
A quem lê o que escreve, eu nunca volto a ler o que escrevo, pois quando escrevo é de forma honesta e aquela é a minha realidade naquele momento. Libertei-me, porquê voltar a ler e a sentir o que senti no passado, mesmo que esse passado seja uma semana atrás? A mim não me faz sentido!
Quem gosta de escrever, ou por alguma razão tem de fazer algum trabalho escrito e está a adiar, deixo aqui a dica para não adiar mais, pois é libertador!
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