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05 outubro, 2019 Consultório do Doutor X: desejo passado, vontade do presente.

O seu consultório íntimo virtual acaba de abrir as portas.

Caros pacientes

É com bastante alegria de alma que abro novamente as portas do meu consultório nesta tarde de sábado. Lembro que estou sempre contactável através do endereço de email consultoriodoutorx@gmail.com para onde pode (e deve!) enviar as suas questões. Na consulta de hoje temos um paciente com um desejo oculto do passado.

Consultório do Doutor X: desejo passado, vontade do presente.

Olá Doutor

A minha questão é um pouco complicada, mas espero que me possa ajudar.

Tenho 25 anos, e nunca tive qualquer interesse amoroso por homens, sempre tive relações com mulheres. Mas quando tinha 11 anos, altura em que temos curiosidade e queremos descobrir o nosso corpo, tive a companhia do meu irmão que tinha 15 anos. Ele apanhou-me a masturbar, na altura com um canal de televisão descodificado, e ao meu lado também se masturbou. Noutra situação sugeriu que que fizéssemos mutuamente, coisa que se repetiu algumas vezes. Em algumas das vezes ele pedia-me que lhe fizesse oral, nunca me obrigou a nada e eu dizia que não queria experimentar. Mas com o passar do tempo surgiu a vontade de pelo menos experimentar, só que já não fazíamos nada disso juntos, ele começou a namorar e eu tinha medo de lhe fazer essa sugestão. Hoje continuo com a vontade de experimentar, acha que devo perder o meu medo, falar com ele e saber se ele quer, ou devo procurar outra pessoa com quem possa cumprir esta vontade? Obrigado pela sua atenção. (Bruno A - Felgueiras)

Boa tarde, Bruno

Não existem questões complicadas, as pessoas é que complicam, caro Bruno. A sua questão possui uma solução simples para algo que possui uma génese complicada. De facto, conforme menciona, as experiências que viveu em jovem são mais comuns do que se pensa dado ser uma fase de descoberta do corpo e da nossa própria sexualidade. Esta fase origina situações que aos olhos racionais de uma pessoa adulta desenvolvida poderão ser classificadas como erradas e inaceitáveis, contudo, é necessário contextualizar as mesmas na altura, tempo e espaço. Será de esperar que o facto de estar com o seu irmão lhe transmitisse uma sensação de segurança e bem-estar para poder explorar os seus próprios desejos e comportamentos e tal não pode ser visto como errado ou inaceitável se analisarmos a questão de forma totalmente natural. Contudo, poderá ter-se tratado de uma fase de descoberta também da outra pessoa e o Bruno desconhece se o mesmo poderá ou não ter esquecido (ou reprimido) o que se passou. Dado que ambos são hoje em dia pessoas adultas com uma maturidade e razão que uma criança e adolescente não possuem, a simples menção ou recordação de tal acto poderá despoletar vários sentimentos negativos no seu irmão e seria algo que recomendo a não arriscar. Se o Bruno sente de facto atracção por pessoas do mesmo sexo, existe todo um mundo de possibilidades que pode explorar para além da repetição de uma experiência que só faz sentido no contexto do tempo e espaço que a mesma aconteceu. Grande abraço, amigo Bruno.

Doutor X

Por hoje está fechado o consultório. Voltarei no próximo sábado para esclarecer mais leitores sobre este fantástico mundo da sexualidade humana.

 

Doutor X

Doutor X

O Doutor X está ao seu dispôr semanalmente para responder a todas as questões do foro íntímo, sentimental e sexual. Sem qualquer tipo de preconceito ou tabu ao longo da sua carreira profissional, o Doutor X já ajudou milhares de homens e mulheres no complexo mundo da natureza humana das relações e sexualidade. Tem alguma questão que gostaria de ver respondida no Consultório do Doutor X? Envie a sua dúvida para consultoriodoutorx@gmail.com.

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