12 janeiro, 2017 Sexo pago pelo Estado para quem mais precisa
Proposta de um partido para quem não pode pagar os serviços de uma acompanhante.
Sexo com trabalhadores e trabalhadoras do sexo pago pelo Estado para os mais necessitados. É a proposta do Partido Verde da Alemanha que está a dar que falar em todo o mundo.
O sexo com acompanhantes deve ser pago pelo Estado nos casos em que as pessoas são demasiado pobres ou apresentam incapacidades físicas ou mentais, é o que defende o Partido Verde da Alemanha.
A porta-voz do partido, Elisabeth Scharfenberg, defende que os médicos deveriam poder passar receitas médicas para que os seus pacientes recorram a trabalhadores ou trabalhadoras do sexo, com a devida comparticipação do Estado.
A prostituição é legal na Alemanha, onde há bordéis a funcionarem nas principais cidades. Recentemente, tem surgido uma crescente vaga de serviços de assistência sexual para pessoas com deficiência, física ou mental, e para idosos que vivem em lares.
"Ejaculação (medicamente) assistida"
No Japão, esta ideia da "assistência sexual" é levada muito a sério, como já falamos aqui no artigo "Ejaculação assistida: trabalhadora do sexo fala sobre este serviço".
No caso alemão, o cliente com incapacidades tem oportunidade de escolher esta versão da ejaculação assistida, em que ocorre apenas a masturbação, ou o também chamado "toque carinhoso", mas também pode optar pelo sexo completo, ou até por serviços de índole fetichista, como o bondage.
Mas esta "assistência sexual" é dada às custas do cliente, que suporta os gastos do seu prazer.
O Partido Verde alemão quer mudar isso para garantir que estes serviços sexuais são encarados como despesas médicas.
A agremiação política inspirou-se na Holanda e na Dinamarca, onde a Segurança Social paga a "assistentes sexuais" certificadas, com formação específica, que prestam estes serviços a pessoas com incapacidades que não os podem pagar do seu próprio bolso.
A porta-voz dos Verdes alemães defende que o mesmo princípio e a mesma lei se devem aplicar na Alemanha.
Financiar a assistência sexual é viável. As autoridades locais poderiam aconselhar quanto às possibilidades disponíveis e fornecer os subsídios de que precisassem.
Elisabeth Scharfenberg esclarece que o primeiro passo seria a obtenção de um certificado médico a confirmar que a pessoa é incapaz de obter prazer sexual de outra forma, a não ser pagando, bem como a atestar que não tem dinheiro suficiente para custear o serviço.
Prós e contras
A ideia é contudo, controversa, mesmo entre os activistas dos direitos das pessoas com incapacidades, como é o caso de Matthias Vernaldi, que tem uma deficiência física grave e que é contra a medida dos Verdes.
Sexo pago pela Segurança Social reforçaria a percepção pública de que as pessoas com deficiência são uma espécie de criaturas imperfeitas.
O Partido Social Democrata alemão já falou da proposta dos Verdes como um verdadeiro "absurdo" e alguns académicos vieram a terreiro sublinhar que o sexo não é uma necessidade médica.
Mas a escritora e terapeuta sexual Vanessa del Rae é defensora da ideia, notando que, no fundo, é uma questão de humanidade.
"Nos anos recentes, temos visto na Alemanha, o advento do companheiro sexual, especialmente em relação às necessidades sexuais dos homens e mulheres idosos.
Estes profissionais conhecem as dificuldades, a timidez e a vergonha das pessoas mais velhas."
Gina Maria
Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.
"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]
+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas)