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06 fevereiro, 2017 "Este é o meu corpo"

No Dia Internacional de Luta contra a Mutilação Genital Feminina, um documentário denuncia e alerta para esta realidade.

A RTP África exibe nesta segunda-feira, 6 de Fevereiro, pelas 22 horas, o documentário "Este é o meu corpo" que, no Dia Internacional de Luta contra a Mutilação Genital Feminina, pretende alertar para esta realidade que também se pratica em Portugal.

"Portugal é um país de risco"

"Portugal é um país de risco". Esta é uma das mensagens que o documentário "Este é o meu corpo", da autoria de Inês Leitão, pretende deixar ao público, abordando a realidade de mulheres que foram vítimas de mutilação genital em Portugal.

Inês Leitão apresenta o testemunho de duas mulheres que foram sujeitas a mutilação genital, ilustrando através das suas memórias de dor a realidade terrível que consiste na remoção, total ou parcial, da parte externa dos genitais, nomeadamente do clitóris e dos pequenos lábios.

"Porque todos nós temos Direito ao nosso Corpo". Este é o grande lema do documentário que procura assim, sensibilizar a população para um problema que afecta para toda a vida as suas vítimas.

Dar voz às vítimas

Inês Leitão refere no documentário que as estimativas apontam para que 6.576 mulheres tenham sido alvo desta prática, em Portugal, nos últimos anos.

A maioria das vítimas são da comunidade de migrantes da Guiné-Bissau, mas é também, dentro desta comunidade que muitas mulheres e homens começam a levantar a voz contra a prática.

A realizadora do documentário explica, na Rádio Renascença, que o objectivo é denunciar e alertar para esta realidade que reflecte a desigualdade de géneros que ainda persiste na nossa sociedade.

"Muitas vezes pecamos por omissão. Vemos as coisas acontecer e não fazemos nada. Tenho obrigação de fazer alguma coisa pelas mulheres que vivem ao meu lado e são vítimas de violência, doméstica ou outra. Tenho obrigação de lhes dar voz e lutar por elas."

200 milhões de vítimas em todo o mundo

A UNICEF estima que cerca de 200 milhões de mulheres, por todo o mundo, são vítimas de Mutilação Genital. A prática, que é transversal a várias religiões, continua a ser praticada, mais ou menos abertamente, nas comunidades locais, em cerca de 30 países, 27 deles de África.

Mas um pouco por todo o mundo, nomeadamente em Portugal, há mulheres a serem excisadas, particularmente nas comunidades de imigrantes.

No Quénia, 21% das mulheres do país foram vítimas de mutilação genital em 2015, mas, numa nação que tem mais de 40 grupos étnicos, essa percentagem é muito variável. Entre os Masai, por exemplo, chega a atingir os 73%.

Os Masai acreditam que o corte do clitóris e dos lábios menores é a garantia da pureza das meninas e, mais do que isso, a certeza de que quando se tornarem mulheres, serão monogámicas. A poligamia é permitida entre os homens.

Gina Maria

Gina Maria

Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.

"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]

+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas) 

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