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19 abril, 2019 As travessias de trabalhadores do sexo migrantes na Europa

Documentário "Crossings" conta a vida de migrantes que fazem trabalho sexual no Velho Continente...

"Crossings" (ou travessias em Português) é um documentário produzido por trabalhadoras/es do sexo que aborda os efeitos da criminalização do trabalho sexual nas pessoas migrantes que se dedicam a esta actividade na Europa. Um retrato cru e poderoso sobre a forma como estas pessoas resistem a um ambiente adverso...

O documentário conta a história de cinco migrantes em cinco países europeus que vêm de realidades muito distintas e que têm em comum o facto de fazerem trabalho sexual.

Com a partilha das suas experiências como mulheres, homens, migrantes, pessoas LGBTI, mães solteiras, muçulmanas, católicas e trabalhadoras/es do sexo (TS), mudam o estereótipo de que quem se dedica à actividade é inevitavelmente uma vítima de tráfico.

Também ajudam a fazer uma reflexão sobre os desafios e os problemas que os TS enfrentam na actualidade na Europa, nomeadamente a hostilidade para com os migrantes e os refugiados, os cortes financeiros e a austeridade, as violações contra os direitos das mulheres e das pessoas LGTBI, o crescente populismo político.

As histórias dos TS migrantes retratados no documentário

Sabrina, Espanha

"Sou uma mulher trans. Nasci na cidade do México há 30 anos e picos. A minha razão para vir para Espanha é, basicamente, por razões de segurança.
O trabalho sexual sempre foi uma forma de sobrevivência. O facto de a nossa opção de sexualidade ou de género ser rejeitada, mas também desejada, faz com que tenhamos maior empoderamento para dizer: ok, eu tenho o que tu queres, por isso, vais pagar o que eu peço para tu pagares."

Aying, França

"O meu nome é Aying, eu venho da China. Sou uma trabalhadora do sexo. Pode não ser um trabalho glorioso aos olhos dos outros, mas ainda assim é um trabalho. Agora trabalho muito pouco na rua porque tenho medo da polícia. Não tenho documentos. Tenho medo de ser presa. Se for presa, posso ser expulsa."

Danny, Noruega

"A minha família não sabe nada sobre este trabalho. Os meus amigos também não sabem. Às vezes, respondo tipo "Eu fodo gajos. Sabes. Eles pagam-me." Mas digo-o de uma forma diferente, como se estivesse a brincar."

Albina, Ucrânia

"Quando fui para a Turquia, vi que era uma vida diferente. Também comecei a viver com o meu chulo. E o amor aconteceu. Devia haver amor. Ele não me tratava como uma trabalhadora do sexo. Ele tratava-me como uma criança e como uma mulher, como a senhora da casa. Eu tinha tudo. Depois de dois meses lá, deportaram-me para a Ucrânia."

Rada, Sérvia

"Não decidi ir porque queria, mas porque tinha que ir. Por lá se me apanharem sem uma autorização de trabalho, pago uma multa e deixam-me ir. Aqui põem-me na prisão. É isso que não percebo: como é que podem dizer: "elas estão a vender o seu corpo"? Como é que posso vender o meu corpo? Não posso certamente vender o meu braço, a minha perna, os meus dedos... Eu vendo os meus serviços e é por isso que luto pelos meus direitos e para que a minha vida seja respeitada como qualquer outra. "

Gina Maria

Gina Maria

Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.

"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]

+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas) 

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